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Dólar cai a R$ 5,13, menor valor em quase sete meses

Brasil atrai investidor estrangeiro enquanto EUA avaliam resposta à inflação

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São Paulo

O mercado financeiro brasileiro fechou nesta quarta-feira (16) ampliando os ganhos da Bolsa de Valores e aprofundando da queda do dólar. Taxa de juros elevada e ativos domésticos baratos explicam esse movimento. O Brasil está atraente para investidores estrangeiros, que buscam lucros em economias emergentes enquanto aguardam sinais mais claros sobre como países desenvolvidos lidarão com a inflação.

Como pano de fundo, as tensões envolvendo Rússia e Ucrânia ampliam as preocupações sobre a escalada global de preços. Uma guerra na Europa ou mesmo um impasse diplomático pode prejudicar o fornecimento de petróleo e gás natural russo, justamente em um momento em que a baixa oferta desses insumos é uma das principais fontes de pressão inflacionária.

Funcionário do banco Korea Exchange conta cédulas de cem dólares na sede da instituição, em Seul
Funcionário do banco Korea Exchange conta cédulas de cem dólares na sede da instituição, em Seul - Jo Yong-Hak - 28.abr.2010/Reuters

O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,98%, a R$ 5,13 na venda. Esta é a menor cotação desde 29 de julho de 2021 –há quase sete meses–, quando fechou valendo R$ 5,079.

O Ibovespa subiu 0,31%, a 115.180 pontos. É a sétima alta diária consecutiva do índice de referência do mercado acionário brasileiro. O indicador também está caminhando para a sexta semana no azul e, além disso, atingiu neste pregão um ganho anual acumulado 9,88%.

"Esse apetite pelos ativos locais deve seguir comprimindo os prêmios de risco, o que deve reduzir a cotação do dólar", comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

No mercado financeiro, prêmio de risco é o termo utilizado para descrever o retorno que investidores exigem para aplicar em renda variável em relação aos rendimentos de referência de renda fixa, que são considerados seguros por oferecer certa previsibilidade.

No contexto global, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos são as aplicações mais seguras. Mas eles oferecem atualmente um retorno ruim. As taxas de juros por lá estão zeradas e a inflação é a maior em 40 anos. Isso significa que o rendimento é negativo.

Os investimentos em ações do mercado acionário americano também passam por um momento pouco favorável. Bolsas estão em queda após anos de valorização.

Grandes investidores estão reduzindo aplicações em ativos que estão muito valorizados enquanto aguardam sinais mais claros sobre o desenrolar da crise entre Rússia e Ucrânia e, principalmente, sobre as medidas que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá adotar para combater a maior inflação nos Estados Unidos em quatro décadas. Esses investidores querem saber o quanto o Fed irá subir a sua taxa de juros.

Se os juros americanos saírem do zero para uma taxa anual relativamente alta em um intervalo de poucos meses, há o risco de que investidores deixem de aportar recursos no Brasil e em outros emergentes para faturar com a alta dos títulos do Tesouro dos EUA.

Nesta quarta, as ações americanas fecharam perto da estabilidade, depois de terem operado em baixa durante boa parte do dia. Os mercados iniciaram uma tímida reação no final da tarde, após a divulgação da ata da última reunião do Fed, realizada nos dias 25 e 26 de janeiro.

Referência da Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 subiu 0,09%. Os índices Dow Jones e Nasdaq, porém, recuaram 0,16% e 0,11%, respectivamente.

Leon Abdalla, analista da Rio Bravo, comentou que o detalhamento da reunião do Fed resultou em certa calmaria no mercado porque não trouxe notícias inesperadas. "A ata indicou um aperto monetário agressivo, mas já esperado pelo mercado, por isso não houve grande movimentação", disse.

No registro do encontro das autoridades do Fomc (comitê de política monetária do Fed), os participantes concordaram que, com a inflação ampliando seu impacto na economia e um mercado de trabalho aquecido, era hora de aumentar juros e diminuir compras de ativos no mercado financeiro.

Eles também disseram que a taxa de juros alvo provavelmente teria que subir em um "ritmo mais rápido" do que quando o Fed elevou os juros pela última vez, em 2015, diz o registro.

O documento mostra, porém, que os formuladores da política monetária dos EUA querem que as decisões sejam tomadas conforme o cenário na ocasião de cada encontro do grupo. A reunião de janeiro foi primeira de oito previstas para este ano.

No mercado de petróleo, o barril do Brent encerrou o dia em queda de 1,49%, a US$ 91,89 (R$ 474,39). A commodity, porém, segue há algumas semanas rondando as maiores cotações registradas desde 2014.

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