Guedes coloca em dúvida participação em eventual 2º mandato de Bolsonaro

Ministro afirma que haveria entusiasmo com continuidade do apoio à agenda liberal, mas deixou cenário em aberto caso governo vire apenas conservador

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Brasília

O ministro Paulo Guedes (Economia) colocou em dúvida nesta segunda-feira (21) sua participação em um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele afirmou que haveria entusiasmo caso continue a existir o que chama de aliança entre conservadores e liberais, mas deixou em aberto o cenário caso o governo se transforme apenas em conservador.

"É o que eu digo do entusiasmo. Se você tem a crença dentro [bate no peito], se ver que essa aliança de conservadores e liberais está seguindo, você está entusiasmado. Agora, se for um governo só conservador e não tiver...", afirmou, sem completar a frase.

"Eu acredito no presidente Bolsonaro, acho que ele quer o caminho da prosperidade. Agora, há atrativos, há entornos, tem gente que quer desviá-lo, tem gente que acha que as estatais são boas, que Correios, Casa da Moeda, Petrobras têm que ficar com governo mesmo. Aí se trocar de dirigismo de esquerda para dirigismo de direita, a gente conhece as experiências históricas e o que vai acontecer", disse.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes em evento no Palácio do Planalto - Evaristo Sá - 9.dez.21/AFP

As declarações foram dadas após uma sequência de perguntas sobre o tema durante entrevista ao programa Direto ao Ponto, da TV Jovem Pan News.

Esta é a primeira vez que o ministro coloca em dúvida publicamente sua continuidade no governo caso Bolsonaro seja reeleito. Como mostrou a Folha, o ministro já dava sinais de que demandava apoio a sua agenda para continuar.

Aliados afirmavam que o ministro poderia continuar ao lado de Bolsonaro na campanha, mas ressaltavam que as dificuldades acumuladas ao longo do governo demandariam agora uma garantia de apoio do presidente ao programa liberal.

Apesar disso, Guedes afirmou nesta segunda que não se arrepende de ter entrado no governo e que, hoje, responderia "sim" sobre sua eventual permanência em um segundo mandato. "Enquanto eu tiver a confiança dele [Bolsonaro] e entusiasmo, nós vamos estar juntos. Eu confio nele", disse.

O ministro disse que estará ao lado "da centro-direita" nas eleições. "Mil vezes haja esse confronto entre centro-direita e esquerda, mil vezes eu estou com a centro-direita. A esquerda tem o coração macio, mas o miolo mole", afirmou.

O ministro, que já se disse frustrado em outras ocasiões com a falta de avanço da agenda liberal e já lamentou a falta de apoio a suas pautas, disse na entrevista que subestimou a resistência do "establishment". Mesmo assim, disse ainda acreditar na privatização da Eletrobras –embora não que o processo será concluído ainda no primeiro semestre.

"Acreditamos na sequência do nosso programa de privatizações. [O governo] já fez que tinha que fazer, os estudos estão avançando e agora é só a mecânica girar", afirmou. "Gostaríamos que aconteça o mais rápido possível [mas] não acreditamos que seja tão rápido, ainda no primeiro semestre", disse.

A Eletrobras já está aprovada na Câmara e no Senado e, recentemente, recebeu sinal verde do TCU (Tribunal de Contas da União).

O ministro criticou a ideia de reajustes para servidores de estados e municípios, dizendo que a melhora recente nas contas deles não pode ser transformada em farra eleitoral. Também lembrou que o governo federal está dividido entre dar aumentos de forma concentrada apenas para algumas categorias ou algo mais dissipado para todas.

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