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Itaú Unibanco diz que elevará a cautela nas operações deste ano

Presidente do banco, cujos lucros subiram 45% em 2021, prevê desaceleração no crédito e mais inadimplência

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São Paulo

Prevendo uma queda de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2022, em um cenário com alta da taxa de juros e do desemprego, o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, antevê um ano de menor expansão para as operações da instituição, com aumento nos níveis de inadimplência.

"O cenário macro é diferente em 2022 daquele que observamos em 2021. E a gente vem de um crescimento de carteira importante nos últimos anos. Estamos sempre comparando o crescimento do ano contra o ano anterior. E como tivemos um ano muito forte em 2021, é natural que haja um arrefecimento em 2022, seja pela base de comparação, seja pelo que estamos vendo de perspectiva macro olhando para frente", afirmou o executivo nesta sexta-feira (11), ao comentar os resultados do Itaú no quarto trimestre e no ano consolidado de 2021.

"Vamos operar 2022 com um pouco mais de cautela", disse Maluhy Filho. Após registrar um crescimento de 18,1% da carteira de crédito em 2021, para $ 1,027 trilhão, a expectativa do banco para este ano é de um crescimento entre 9% e 12%.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco
Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco - Flora Pimentel/Divulgação

Terceiro dos grandes bancos privados a reportar seus resultados trimestrais, a visão transmitida pelo Itaú está em linha com a dos pares Bradesco e Santander, que também preveem um ano de 2022 com um menor ritmo de crescimento em comparação ao observado no ano passado.

O presidente do Itaú disse prever um arrefecimento generalizado nos próximos meses entre as principais linhas de crédito às pessoas físicas e jurídicas.

No universo das pessoas físicas, o avanço da carteira de crédito do Itaú foi de 30,1% no ano passado, para R$ 332,6 bilhões.

​No caso das grandes empresas, o aumento foi de 16,6%, para R$ 313,7 bilhões.

Maluhy Filho disse também que um aumento nos níveis de inadimplência começa a ser identificado neste início de ano.

"Já percebemos sinais de uma inadimplência subindo. Conseguimos ver isso principalmente no indicador de pessoa física", disse o executivo.

A taxa de atrasos acima de 90 dias do Itaú passou de 2,3% no final de 2020 para 2,5% em dezembro. Ante setembro de 2021, o índice recuou 0,1 ponto percentual.

Entre as pessoas físicas, a taxa foi de 3,8% em dezembro, contra 4,2% em igual período do ano anterior e 3,6% em setembro de 2021.

Segundo Maluhy Filho, a retomada das atividades permitida pela vacinação gerou um aumento no consumo, o que traz um consequente impacto nos níveis de endividamento das famílias.

O banco trabalha com uma taxa de juros de 12,50% ao final do ciclo de alta nos juros, com uma taxa de desemprego de 13,1%. ​

O mercado recebeu de maneira bastante positiva os números do banco. As ações do Itaú operavam em forte alta na manhã desta sexta na Bolsa de Valores brasileira, a B3.

Por volta das 11h, os papéis tinham alta de 5,71%, negociados a R$ 26,48. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,5%, aos 113.924 pontos.

"O Itaú apresentou a melhor qualidade de resultados entre os pares privados. Embora as provisões tenham aumentado, impulsionadas pela expansão da carteira de crédito em produtos de crédito ao consumo, vemos a qualidade como positiva, uma vez que o índice de cobertura aumentou 7 pontos percentuais no trimestre, enquanto o Bradesco e o Santander consumiram cobertura", dizem os analistas Renan Manda e Matheus Odaguil da XP, em relatório.

Eles destacam ainda que o ritmo de alta da inadimplência do Itaú foi menor em comparação aos pares privados.

"A expansão de clientes da plataforma Iti em quase 5 milhões, alcançando cerca de 15 milhões de clientes, mostra a resiliência do banco em um mercado permeado por fintechs, como Nubank. O resultado publicado pelo banco no quarto trimestre foi além do nosso esperado", aponta Rodrigo Crespi, analista de mercado da Guide Investimentos.

Maluhy Filho disse também que o banco avalia iniciar a oferta de crédito por meio do Pix, dentro da estratégia de aumentar a digitalização dos serviços aos clientes.

"Estamos estudando uma modalidade Pix Crédito, que é natural que tenha uma complementaridade aos arranjos atuais que o banco tem, seja do emissor, seja do adquirente", afirmou o presidente do Itaú.

Ele acrescentou que o projeto ainda se encontra em fase embrionária, tendo sido selecionado pelo BC no final do ano passado, no âmbito de projeto de "sandbox" regulatório que busca iniciativas de inovação para o sistema financeiro.

"Devemos ter até o final do ano mais novidades. Por enquanto ainda está no campo das ideias e dos desenhos."

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