Os preços do petróleo atingiram máximas de sete anos, nesta sexta-feira (4), com tensões geopolíticas e uma tempestade de inverno nos Estados Unidos alimentando preocupações sobre interrupções no fornecimento. Especialistas dizem que preços ainda devem subir mais, passando de US$ 100 (R$ 532) por barril.
O petróleo Brent subia mais de 1,5%, a US$ 92,70 (R$ 493) por barril, por volta das 9h (horário de Brasília), perto dos maiores níveis desde 2014.
O petróleo West Texas Intermediate, negociado nos EUA, tinha alta semelhante, para US$ 91,90 (R$ 488) por barril, depois de também atingir um pico de sete anos.
Ambos os indicadores estavam a caminho de um sétimo ganho semanal consecutivo.
"A última alta foi desencadeada por uma onda de frio no Texas, que está alimentando preocupações sobre interrupções de produção na Bacia do Permian, o maior produtor de 'shale' [gás de xisto] dos EUA", disse Carsten Fritsch, analista de commodities do Commerzbank.
Uma enorme tempestade de inverno varreu as regiões central e nordeste dos Estados Unidos na quinta-feira (3), derrubando a energia de milhares de pessoas.
Forte demanda e crise entre Rússia e Ucrânia pesam no aumento
Estrategistas de mercado disseram, nesta semana, que os preços do petróleo devem passar de US$ 100 por causa de uma potencial guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Esta é uma de suas principais preocupações para os mercados em 2022.
"O principal risco geopolítico é a Ucrânia", disse John Vail, estrategista-chefe global da Nikko Asset Management, de Tóquio. "A tendência parece boa em geral para commodities."
Os preços do petróleo ganhariam se a oferta global fosse interrompida e à medida que a demanda do gás natural aumentasse na Europa e na Ásia.
O fim de restrições por Covid-19 também impulsiona o consumo de combustíveis de aviação e outros, disseram três estrategistas ao GMF (Reuters Global Markets Forum).
Bjarne Schieldrop, analista-chefe de commodities do SEB em Oslo, disse que o petróleo em termos equivalentes já parece "barato" em comparação com o gás natural.
O estrategista de mercado global da Invesco, baseado em Hong Kong, David Chao, previu que os preços do petróleo podem subir de 10% a 15%.
"Isso colocaria uma tremenda pressão ascendente sobre a inflação nos países ocidentais, o que forçaria muitos dos principais bancos centrais a aumentar preventivamente as taxas de juros", disse Chao.
Vail, da Nikko, acredita que os bancos centrais terão dificuldade em controlar a inflação crescente e espera que o Federal Reserve dos EUA aumente as taxas de juros sete vezes este ano.
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