Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Prédio giratório nunca habitado vai a leilão pela 3ª vez; veja vídeo

Empreendimento foi lançado em Curitiba em 2004; apartamentos terão lance inicial de R$ 1,4 mi

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Raisa Toledo
Curitiba

Quase 20 anos de imbróglios judiciais e dois leilões depois, 10 dos 11 apartamentos do edifício Suíte Vollard, em Curitiba, serão leiloados individualmente nesta sexta-feira (18), de forma exclusivamente online, com lance inicial de R$ 1,415 milhão.

O empreendimento, que se autointitula como o primeiro prédio giratório do mundo, foi inaugurado em 2004, mas nunca foi habitado. Ele foi penhorado em decorrência dos problemas judiciais da Construtora Moro, responsável pela obra.

O prédio Suite Vollard, em Curitiba - Washington Takeuchi

Em 2010, foi a leilão pelo valor de R$ 23,76 milhões, mas nenhum interessado apareceu. No ano de 2018, a arrematação chegou a ocorrer, mas foi suspensa quando a construtora renegociou a dívida.

Desta vez, trata-se de um leilão de execução, que só pode ser evitado com o pagamento do débito. Quem comandará o certame é o leiloeiro público Helcio Kronberg, nomeado pelo juízo da 21ª Vara Cível de Curitiba.

Segundo Kronberg, o valor arrecadado será destinado ao pagamento de dívidas de decisões judiciais na esfera trabalhista, execução fiscal federal, IPTU e condomínio acumulados.

As expectativas são positivas. "Acredita-se que a venda sanará grande parte das dívidas da Construtora Moro, que deve retomar suas atividades", disse.

Para os apartamentos que não forem arrematados no dia 18, outro leilão será realizado no dia 24, com lance inicial de R$ 849 mil.

Quando anunciada, a construção cilíndrica, que fica em uma região valorizada da capital curitibana (o bairro Mossunguê), ganhou destaque nos cenários imobiliário e arquitetônico.

Projetada como um edifício-conceito pelo arquiteto Bruno de Franco, admirador de Picasso, e batizada por ele em referência à célebre série de gravuras do artista, ganhou dos curitibanos a alcunha de "o prédio que gira".

O mecanismo que possibilita a sua rotação é simples: o centro da estrutura, onde fica o encanamento para a cozinha e os banheiros, é fixo.

Com mínimo atrito, um motor de 40 cavalos movimenta o anel externo desse miolo e, assim, cada andar pode se mover de forma independente para avistar diferentes partes da cidade no mesmo dia.

Para Bruno de Franco, ainda que a perspectiva de que o prédio finalmente tenha moradores seja animadora, a compra dos apartamentos teria que ser acompanhada de um consenso entre os novos proprietários para a atualização do imóvel.

"Tem muita coisa que está abandonada, que desgastou, quebrou. Para viabilizar um prédio como esse, todos os proprietários precisam concordar em fazer as modificações necessárias", pontua.

Entre as modificações citadas pelo arquiteto, estão reparos nas instalações elétrica e hidráulica e a troca dos elevadores.

Mesmo antes do Suíte Vollard ser penhorado, o que impossibilitou a venda dos apartamentos, o alto valor das unidades também dificultou a sua ocupação: quando inaugurado, cada apartamento custava em torno de R$ 2,3 milhões. O preço equivale a R$ 2.700 por metro quadrado —o dobro da média para a região na época.

Em 2008, após uma reforma de R$ 13 milhões, um relançamento foi anunciado pela empresa gestora do prédio, mas nunca chegou a acontecer. Vazio, ele passou a ser alvo de vandalismo, o que fez com que a administradora contratasse um serviço de segurança 24h.

De ícone arquitetônico, o Suíte Vollard passou a ser conhecido pelo abandono e suscitou a criação de lendas urbanas, como o de que milionários estrangeiros compraram apartamentos em que passavam as férias e até que Xuxa seria a proprietária de um dos lofts.

Também virou ponto de referência; afinal, é difícil ter quem não saiba onde fica o prédio que gira.

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