Descrição de chapéu Folhajus

Promotoria apura acusação de racismo em vitrine de loja da Reserva

Manequim preto atravessa vidro para "entrar" em unidade da grife, em Salvador

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Salvador

O Ministério Público da Bahia notificou a grife Reserva a prestar esclarecimentos de acusação de racismo sobre uma ação de marketing, após a marca colocar um manequim preto como se quebrasse a vitrine para entrar na loja do Shopping Barra, em Salvador.

A grife retirou a peça em exposição nesta quarta (16), quando internautas passaram a acusar a marca de racismo, dois dias após a imagem registrada por um funcionário do shopping, sob anonimato, viralizar nas redes sociais.

manequim preto simula quebra de vidro de loja
Loja expõe manequim preto quebrando vidraça em Salvador; Promotoria apura acusação de racismo - Reprodução

Não é a primeira vez que a marca se vê acusada por internautas por prática de racismo. Em 2016, uma foto com manequins pretos pendurados no teto, de cabeça para baixo, na loja do Riosul Shopping, no Rio de Janeiro, foi associada à tortura durante a escravidão.

A discussão racial ocorre uma semana depois de uma loja do Hangar das Artes, no Aeroporto Internacional de Salvador, ter se envolvido em meio à polêmica venda de suvenires de cerâmica com representações de pessoas negras anunciadas como escravos.

Em nota, a Reserva afirma que a vitrine com o boneco entrando pela parte de fora "(o mesmo sempre usado normalmente do lado de dentro da vitrine) jamais teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas e sim de somente divulgar a liquidação da marca". A Reserva comunicou que repudia "o racismo em todas as suas formas de expressão". "A diversidade e inclusão são valores essenciais de nossa marca", afirma.

Segundo a assessoria, o manequim só foi retirado nesta quarta (16) por ter sido o dia em que a marca tomou conhecimento da repercussão e que a campanha não havia sido bem recebida. A Reserva frisou que todos os manequins da marca são pretos.

Pelo Instagram, a grife respondeu a internautas de várias partes do Brasil que a ação promocional "Loucuras da Reserva" visava divulgar a liquidação da marca, mas que não teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas.

Após a exposição da ação de marketing da loja em Salvador, internautas inundaram o post mais recente da marca, feito na última terça, com críticas que passaram a questionar a grife sobre o que consideravam um ato de racismo.

Inicialmente, a Reserva passou a responder aos questionamentos por meio de directs –mensagens privadas–, mas a cobrança passou a ser para que a grife tornasse públicas as respostas no perfil da marca, o que aconteceu.

"E aí, Reserva, não vai se posicionar sobre sua nova vitrine com um manequim negro entrando pelo vidro da loja, como se fosse roubar? Racismo! Absurdo!", questionou o perfil de Mila Chaves Quaresma.

manequim negro simula quebrar vidro em loja
A grife retirou a peça em exposição na quarta-feira (16), após críticas nas redes sociais - Reprodução

O perfil de Nicole Rust questionou a demora da grife em responder às críticas, passadas horas após a repercussão negativa da ação, enquanto, ao mesmo tempo, a marca retornava aos clientes que elogiavam os produtos.

"Vocês passaram o dia recolhendo os elogios e ignorando quem buscou posicionamento. Desmontar a vitrine que nunca deveria ter sido montada em pleno 2022, sim era o óbvio, mas mantenham o respeito ao cliente e não os deixem no vácuo."

Para Jan Belmiro, a grife respondeu que a liquidação com um manequim entrando pelo vidro da loja, prestes a "fazer loucuras pela Reserva", ocorre desde 2016, e disse que repudia todas as formas de preconceito e o racismo em todas as suas expressões.

Sem se posicionar nesta quarta (16), quando o caso ganhou repercussão, o Shopping Barra anunciou nesta quinta (17) a criação de um Comitê da Diversidade, que deve iniciar as atividades ainda em 2022.

Entre as ações previstas, estão contratação de uma consultoria, uma cartilha de conscientização, treinamentos com orientações, debates, insights para campanhas, além de um cronograma que englobe o calendário da diversidade.

A Promotoria informou que, como procedimento está em fase inicial, a promotora de Justiça responsável pelo caso, Lívia Vaz, que atua na área de Combate ao Racismo, por enquanto, não concederá entrevistas.

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