Quem fica com os clientes da Oi, comida salga inflação e o que importa no mercado

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Aprovação apertada

Em uma disputa resolvida pelo voto de minerva, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou nesta quarta-feira (9) a compra das redes móveis da Oi pelas rivais TIM, Vivo e Claro por R$ 16,5 bilhões.

Os "remédios": para mitigar a concentração de mercado, o Cade ordenou a oferta para terceiros de infraestrutura sem qualquer tipo de discriminação, especialmente no preço.

As compradoras também terão que oferecer ao mercado, em caráter secundário, frequências da Oi que não estiverem sendo utilizadas. Veja como fica a divisão dos recursos e dos clientes da Oi:

  • TIM: desembolsará R$ 7,3 bilhões e ficará com 14,5 milhões de clientes (40% do total). Assumirá os DDDs 11, 16, 19, 21, 22, 24, 32, 51, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 75, 89, 93, 94, 95, 96, 97 e 99;
  • Vivo: gastará R$ 5,5 bilhões e receberá 10,5 milhões de clientes (cerca de 29%). Ficará com os DDDs 12, 41, 42, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88 e 98;
  • Claro: com desembolso de R$ 3,7 bilhões, ficará com os 15 milhões (31%) restantes, com os DDDs 13, 14, 15, 17, 18, 27, 28, 31, 33, 34, 35, 37, 38, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 71, 74, 77, 79, 87, 91 e 92.

Transferência dos clientes: empresas terão de enviar um aviso. Caso não aceitem, as teles terão de migrá-los para a operadora desejada pelo cliente. Até lá, ele continuará a ser atendido pela Oi.

  • Claro, TIM e Vivo, hoje com 80% do mercado, irão para 97% com a compra da Oi Móvel.

Repercussão: em recuperação judicial desde 2016, a Oi viu seus papéis apresentarem forte volatilidade durante a votação, e fecharam o dia em queda de 2,88%. Tim (5%) e Vivo (2,7%) encerraram em forte alta.

Vaivém: os últimos dias foram recheados de disputas acerca da compra da Oi Móvel pelas três rivais.

Primeiro, o procurador do MPF junto ao Cade pediu que o órgão vetasse a operação. Na segunda (7), a Anatel afirmou que vai reavaliar a sua autorização para a operação após um pedido de anulação protocolado pela Copel.


ANS barra transferência de clientes da Amil

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) impediu na terça (8) a transferência do controle da APS, que administra os planos de saúde individuais e familiares da Amil, para o fundo Fiord Capital.

A reguladora alegou ausência de informações sobre a mudança de controle societário. A Folha ouviu clientes da Amil que temem a quebra do plano após a transferência.

Entenda: no fim do ano passado, a Amil acertou com o fundo pagar a quantia de R$ 3 bilhões para que ele assumisse a carteira de 330 mil usuários dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Esses clientes pertencem aos planos individuais e familiares, que são deficitários.

Lucrativo: os usuários da modalidade coletiva representam a maioria dos clientes da Amil, a terceira maior operadora do país. Uma eventual venda da empresa pela americana UnitedHealth, que a controla, poderia movimentar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, segundo o Bank of America.

Como fica: a APS, que desde o começo do ano estava sob comando da Fiord, agora volta a ser uma operadora do Grupo Amil. A operadora afirmou em nota que está revisando o processo de compra e venda da APS em resposta às questões levantadas pela agência reguladora.

Opinião:


Alimentos salgam inflação

A inflação brasileira começou o ano com alta de 0,54% em janeiro, informou nesta quarta-feira (9) o IBGE. É o maior resultado para o mês desde 2016.

Em números: o resultado foi uma desaceleração em relação a dezembro (0,73%), mas o índice ainda acumula avanço de dois dígitos nos 12 meses, com 10,38%. A alta para o mês veio em linha com as estimativas do mercado.

O que explica: a inflação de janeiro foi puxada pelo grupo alimentos e bebidas, que subiu 1,11% e teve o maior impacto individual (0,23 ponto percentual).

Vilões: os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo. Outros destaques foram cenoura (27,64%), cebola (12,43%), batata-inglesa (9,65%) e tomate (6,21%).

Por que importa: a alta dos alimentos pesa sobretudo sobre o bolso dos mais pobres. A Folha mostrou que mais de um terço (36%) do consumo das classes C e D se concentra em gastos com supermercado, e outros 11% vão para restaurantes.

Mas a escalada dos preços também força mudanças em outras camadas da população, que passaram a rever rotina e planos.


Comércio cresce em 2021, mas cai no final do ano

As vendas no varejo brasileiro recuaram 0,1% em dezembro, mas fecharam o acumulado de 2021 com crescimento de 1,4%, informou o IBGE nesta quarta. A queda de dezembro veio abaixo das expectativas de mercado, que esperava baixa de 0,5%.

Em números: em dezembro, o comércio ficou 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia. Após um avanço de 6,7% nos seis primeiros meses de 2021, o segundo semestre encerrou com queda de 3%.

O que explica: a inflação aliada à queda de renda dos brasileiros e ao impacto da escalada das taxas de juros afetaram o consumo e tiraram força das vendas do varejo em 2021. O alerta continua para este ano, já que esses fatores devem continuar no cenário.

O que caiu e o que subiu em 2021: as maiores baixas ficaram para livros, jornais, revistas e papelaria (-16,9%) e móveis e eletrodomésticos (-7,0%). Na ponta positiva, destaque para tecidos, vestuário e calçados (13,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (12,7%).

Mais sobre comércio de alimentos:

O ano começou ruim para o varejo de alimentos. O setor afirma que o mês de janeiro foi uma enorme decepção, com redução no fluxo de clientes e uma queda maior que a esperada no valor do tíquete médio.


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