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Tensão entre Rússia e Ucrânia coloca bancos em alerta para ataque hacker

Banco Central Europeu está preparando instituições do continente para possível ofensiva cibernética russa

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John O'Donnell Huw Jones
Frankfurt e Londres | Reuters

O Banco Central Europeu está preparando os bancos do continente para um possível ataque cibernético patrocinado pela Rússia, à medida que as tensões com a Ucrânia aumentam, disseram duas pessoas informadas sobre o assunto à agência Reuters, enquanto a região se prepara para as consequências financeiras caso haja um conflito.

O impasse entre a Rússia e a Ucrânia abalou os líderes políticos e empresariais da Europa, que temem uma invasão que poderá causar danos a toda a região.

No início desta semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, viajou de Moscou para Kiev em uma tentativa de atuar como mediador depois que a Rússia concentrou tropas perto da Ucrânia.

Agora o Banco Central Europeu, liderado pela ex-ministra francesa Christine Lagarde e que supervisiona os maiores credores da Europa, está em alerta para ataques cibernéticos lançados da Rússia contra bancos, disse uma dessas pessoas.

Enquanto o órgão regulador estava focado em golpes comuns que aumentaram muito durante a pandemia, a crise da Ucrânia desviou sua atenção para ataques cibernéticos lançados da Rússia, segundo uma das fontes. Ela acrescentou que o BCE questionou os bancos sobre suas defesas.

Ilustração de pessoas usando computadores em frente de bandeiras da Ucrânia e da Rússia - Dado Ruvic - 1°.fev.2022/Reuters

Os bancos estavam realizando jogos de guerra cibernética para testar sua capacidade de se defenderem de ataques, disse a pessoa. O BCE, que destacou a vulnerabilidade de segurança cibernética como uma de suas ações prioritárias, se recusou a comentar.

Suas preocupações se repetem em todo o mundo.

O Departamento de Serviços Financeiros de Nova York emitiu um alerta às instituições financeiras no final de janeiro, advertindo sobre ataques cibernéticos de retaliação caso a Rússia invada a Ucrânia e provoque sanções dos EUA, de acordo com o Regulatory Intelligence da Thomson Reuters.

ALERTA MÁXIMO

Os Estados Unidos, a União Europeia e a Grã-Bretanha avisaram repetidamente Putin para que não ataque a Ucrânia, depois que a Rússia enviou cerca de 100 mil soldados para perto da fronteira com seu vizinho que fez parte da União Soviética.

No início deste ano, vários websites ucranianos foram atingidos por um ataque cibernético que deixou um aviso para "ter medo e esperar o pior", depois que a Rússia reuniu tropas perto das fronteiras da Ucrânia.
O serviço de segurança estatal da Ucrânia, SBU, disse que viu sinais de que o ataque estava ligado a grupos de hackers associados aos serviços de inteligência russos.

Autoridades russas dizem que o Ocidente está dominado pela russofobia e não tem o direito de dar lições a Moscou sobre como agir, depois da expansão da aliança militar ocidental, Otan, para o leste desde a queda da União Soviética, em 1991.

O Kremlin também negou repetidamente que o estado russo tenha algo a ver com a ação de hackers em todo o mundo e disse que está pronto para cooperar com os Estados Unidos e outros países na repressão ao crime cibernético.

De qualquer modo, os reguladores na Europa estão em alerta máximo. O Centro Nacional de Segurança Cibernética da Grã-Bretanha alertou grandes organizações para reforçarem sua segurança cibernética em meio às crescentes tensões sobre a Ucrânia.

Na terça-feira (8), Mark Branson, chefe do órgão supervisor alemão BaFin, disse em conferência online que a guerra cibernética está interconectada com geopolítica e segurança.

A Casa Branca também culpou a Rússia pelo devastador ataque cibernético "NotPetya" em 2017, quando um vírus paralisou partes da infraestrutura da Ucrânia, derrubando milhares de computadores em dezenas de países.

A vulnerabilidade foi ressaltada novamente no ano passado, quando uma das maiores campanhas de hackers já feitas usou uma empresa de tecnologia americana como trampolim para comprometer uma série de agências governamentais, ataque que a Casa Branca atribuiu aos serviços de espionagem da Rússia.

O ataque violou um software feito pela SolarWinds Corp, dando aos hackers acesso a milhares de empresas que usam seus produtos, com repercussões em toda a Europa. O banco central da Dinamarca disse que a "infraestrutura financeira" do país foi atingida.

Alguns, no entanto, acreditam que a crise na Ucrânia foi desproporcional. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, acusou Washington e a mídia de alimentar o pânico.

(Colaboraram Pete Schroedes em Washington, Tom Sims em Frankfurt e Stine Jacobsen em Copenhague)

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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