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Brasil precisa discutir por que cresce menos após reformas, diz Campos Neto

Há uma década, mercado previa que país podia crescer entre 2% e 2,5%; feitas várias mudanças sugeridas, projeções caíram à metade

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Brasília

Na avaliação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o Brasil precisa discutir de forma mais profunda a questão do crescimento. "A pergunta de US$ 1 milhão é o que o Brasil precisa fazer para ter um crescimento estrutural de longo prazo", afirmou durante participação no programa Canal Livre, da BandNews.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; instituição mantém projeção de crescimento de 1% para 2022 - 12.09.21 - Adriano Machado/Reuters

Campos Neto lembrou que, há cerca de uma década, pesquisas do Banco Central, com base em análises de economistas do mercado financeiro, apontavam que o crescimento do Brasil a longo prazo oscilavam entre uma média de 2% e 2,5% ao ano, uma taxa baixa para um país emergente com o Brasil.

Agora, essa projeção de crescimento é mais baixa ainda. Fica entre 1% e 1,5%.

"Quando enumeravam as razões apontadas para o baixo crescimento, lá em 2014, vinha que precisávamos de reforma da Previdência, tributária, trabalhista, uma lei de eficiência econômica, outra para o mercado de gás, precisávamos de infraestrutura." afirmou Campos Neto.

"Se eu fizer uma lista de 20 de itens de que precisávamos e for ver o que foi feito, temos que boa parte da lista foi endereçada. A projeção tinha que melhorar, subir, mas caiu."

Na avaliação dele, alguns fatores contribuem para isso. O fato de o Brasil crescer pouco por muito tempo pode contaminar expectativas futuras. Não ter muito claro o ganho institucional que se quer com as reformas seria outo problema. "Eu não tenho uma resposta, mas essa é uma área que a gente precisa trabalhar bastante", afirmou.

Para este ano, a média das expectativas do mercado é de um crescimento de 0,5% para o PIB (Produto Interno Bruto). Campos Neto lembra que os bancos começaram a avaliar uma revisão, para elevar a projeção, quando veio o choque da guerra da Ucrânia, trazendo novas incertezas.

"A gente ainda tem a expectativa de um crescimento de 1%", afirmou.

"Alguns elementos apontam que o crescimento pode ser um pouco mais alto neste ano."

Nessa projeção, explica ele, entram as políticas públicas, que preveem auxílios à população, inclusive os programas de estados e municípios que têm caixa para dar benefícios sociais, bem como as concessões de crédito do mercado financeiro, que se mantêm em alta.

"Ainda temos crescimento de dois dígitos [do crédito], lembrando que a gente vem de dois anos de pandemia com o crédito crescendo a 16%, um dos maiores crescimento de crédito do mundo emergente."

Campos Neto também destacou que a política monetária tem dado a sua contribuição para o crescimento. "A melhor forma de o Banco Central contribuir para o crescimento sustentável é manter a estabilidade de preço, lembrando que a inflação é o maior gerador de desigualdade", afirmou. "Quando a inflação é muito alta, quem tem mais recursos se protege mais do que quem não tem."

Disse ainda que, apesar de os juros serem altos a curto prazo, o que é fator inibidor do crescimento econômico, há um efeito positivo a longo prazo. "O Banco Central só controla juros do curto prazo, mas, quando subo o de curto prazo, gerando credibilidade na política, isso reduz os juros longo prazo, que é o que interessa para investimentos em infraestrutura e construção de fábricas."

Na reunião mais recente, em 16 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.

O presidente do Banco Central voltou a afirmar, pelas projeções da instituição, a inflação perderá força ainda no primeiro semestre, registrando pico por volta de abril.

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