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1 kg de ouro vale hoje R$ 300 mil; entenda como investir

Comprar o metal precioso funciona como um tipo de seguro para a carteira, afirmam especialistas

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São Paulo

Muito procurado por investidores em momentos de insegurança, como durante esta guerra na Ucrânia, o ouro também ganhou manchetes no Brasil depois que o prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, afirmou ter recebido o pedido de 1 kg do metal precioso, de um dos pastores que negociam transferências de recursos federais do MEC para prefeituras.

Nesta semana, a PF também apreendeu um carregamento de 78 quilos de ouro que era escoltado por policiais militares em São Paulo, num caso ainda em investigação.

Como investimento, o ouro é considerado uma forma segura de se resguardar nos dias de maior volatilidade, e, em decorrência do aumento da procura, seus preços costumam sofrer forte alta nesses momentos.

barras de ouro
Barras de ouro em exibição em uma loja de jóias na cidade de Chandigarh, na Índia - Ajay Verma - 8.mai.2012/Reuters

Um cidadão que tivesse recebido 1 kg de ouro no primeiro dia de abril de 2021 (quando, segundo o prefeito, teria sido o pedido), teria em mãos o equivalente a R$ 266 mil (considerando o dólar valendo R$ 4,85).

De lá para cá, o metal já valorizou 13,22% em dólar: o portador desse quilo de ouro teria em mãos mais de R$ 300 mil (em corretoras brasileiras, o preço médio do grama de ouro em maio de 2022 era cotado a R$ 300).

O metal precioso atingiu as máximas históricas em meados de agosto de 2020, em meio à pandemia, quando superou o equivalente a R$ 320 mil por quilo.

Entenda como, quando e se vale a pena investir no metal.

Como é calculado o preço do ouro?

O ouro é uma commodity, ou seja, uma mercadoria transacionada internacionalmente, com preços uniformes nesse mercado global.

Corretoras brasileiras já fazem as contas para informar a cotação do ouro em reais por grama, tanto para venda quanto para compra.

No mercado internacional, as cotações do ouro são tradicionalmente dadas em US$ por onça-troy, unidade de massa usada para metais precisos. Uma onça-troy equivale a 31,10349 gramas, e um quilograma tem 32,15 onças-troy.

Por exemplo, se a cotação do ouro em determinado dia for US$ 1.938,22 por onça-troy e o dólar estiver valendo R$ 4,85, isso significa que a onça-troy está valendo R$ 9.389,90.

Como cada onça-troy tem 31,10349 gramas, o grama de ouro custa hoje R$ 301,88. Um quilo tem 1.000 gramas, portanto o preço de 1 kg de ouro é quase R$ 302 mil.

Onde comprar ouro?

Há várias formas de investir no metal. Um deles é a compra de ouro em si, em grandes bancos ou na B3, ou pela compra de papéis que estão atrelados à cotação do ouro ou replicam índices globais do metal.

Na B3, existem duas formas principais de investir em ouro:

  1. Através dos contratos que acompanham a cotação do ouro (OZ1D, OZ2D e OZ3D). O OZ1D é um contrato negociado na Bolsa que corresponde a uma quantia de 250 gramas de ouro, diz Louis Gourbin, superintendente de commodities da Bolsa. No caso do OZ2D, são 10 gramas, e no OZ3D, 0,225 gramas;
  2. Via o ETF GOLD11 e o BDR de ETF BIAU39, instrumentos financeiros que representam uma espécie de fundo de gestão passiva que replica a performance do índice global LBMA (London Bullion Market Association Gold Price).

O que é preciso para negociar ouro?

No Banco do Brasil e no Santander, é preciso ser correntista para investir em ouro por meio das corretoras dos bancos.

Já no Itaú, não é necessário ser correntista. O investidor pode se utilizar da modalidade Conta Corretora, que consiste no envio de TED de outro banco para uma conta da Itaú Corretora.

No caso do Bradesco, as operações em Bolsa destinadas às pessoas físicas se dão por meio da corretora Ágora. Não é preciso ser correntista do banco.

As compras de ouro via bancos podem ser feitas por aplicativo, telefone ou diretamente nas agências.

Para acesso ao ambiente de negociação para operações com ouro na B3, o cliente precisa ser cadastrado em uma corretora.

Não é preciso nenhuma condição especial para negociar o ativo. O cliente necessita apenas ter o formulário de perfil do investidor válido e dispor dos recursos em conta na corretora para comprar a quantidade em contratos de ouro em Bolsa desejada.

Se eu compro ouro, tenho que levar o metal para casa?

Em geral o investidor não carrega o ouro para casa, mas o deixa guardado na B3 (independentemente de ter comprado por meio de um banco ou na própria Bolsa). A custódia do ouro fica na B3, vinculada à corretora por meio da qual o cliente negociou o ativo.

A Bolsa cobra uma taxa de custódia de 0,121% ao mês sobre o valor diário custodiado, calculado com base no total de gramas de ouro mantidos em depósito, considerado o preço médio da cotação do ouro 250g (OZ1).

Para o caso do ouro comprado na B3, se o investidor insistir em levar o metal para casa, isso só é possível quando ele compra os OZ1, de 250 gramas.

Há outros custos, como impostos e tarifas?

Quando a compra é feita diretamente no banco, a taxa de corretagem fica ao redor de 0,4% sobre o valor total da operação.

Nos contratos da B3 que acompanham a cotação do ouro, as tarifas são cobradas de acordo com o volume negociado. Assim como nas ações, a tributação é de 15% sobre os ganhos obtidos na venda do ouro, para negócios acima de R$ 20 mil no mês.

Já no caso do ETF GOLD11, a taxa de administração é de 0,55% ao ano, enquanto para o BDR de ETF BIAU39 a taxa é de 0,25% ao ano. Ambos também são tributados em 15% sobre o ganho de capital, sem isenção independentemente do valor negociado.​

O que se deve levar em conta na hora de comprar?

"Por ser um ativo de renda variável, a decisão de investimento deve considerar as condições de mercado, o prazo pretendido de investimento e, sobretudo, a adequação ao perfil de cada investidor", diz o BB (Banco do Brasil), que oferece aos correntistas a modalidade "Ouro Escritural", em que é possível investir em ouro em quantidades múltiplas de 25 gramas.

O investimento em ouro pode ser "uma excelente opção para quem espera um retorno de médio a longo prazo e deseja diversificar investimentos, proteger seu patrimônio ou reduzir perdas com volatilidades de mercado", aponta o Bradesco.

Para Paula Sauer, professora de Economia da ESPM e planejadora financeira CFP, pode ser interessante ter uma parte de suas economias investidas no metal precioso como forma de diversificar as aplicações e de se proteger contra perdas em momentos de crise.

"Ter uma exposição ao ouro é importante para efeito de diversificação, mas entendo que comprar ouro é um tipo de seguro. Sendo assim, você compra antes de acontecer o sinistro, na comparação com o seguro de um carro", diz Bruno Mori, planejador financeiro CFP.

Neste sentido, continua Mori, incluir aplicações vinculadas ao ouro na carteira é mais eficiente antes de acontecer algum problema no mercado, como no caso de uma guerra. Depois que o problema aconteceu, o ativo já está valorizado, afirma o planejador.

"Claro que tudo o que está ruim pode piorar, mas existe o risco de se comprar o ativo na máxima e ficar com ele na carteira amargando prejuízo quando o mercado melhorar", diz Mori.

E quando eu quiser vender o ouro, será fácil achar comprador?

Para fazer a venda do ouro, o investidor deve acessar os canais da corretora, consultar os preços de negociação que estão sendo praticados no mercado e registrar sua ordem de venda no preço desejado, como faz com qualquer ativo negociado em Bolsa.

No pregão de sexta-feira (18), foram negociados cerca de R$ 2 milhões em contratos de ouro na B3.

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