Descrição de chapéu inflação juros

Custos com carro sobem até 38% em 12 meses; veja lista

Combustíveis, manutenção e compra de veículo não escapam da inflação

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Rio de Janeiro

Abastecer o carro, fazer a manutenção do veículo ou trocar de automóvel. Tudo isso passou a custar mais para o motorista brasileiro, mostra o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

No acumulado de 12 meses até fevereiro, o que mais chama atenção é a disparada dos combustíveis. Até o mês passado, o gás veicular teve inflação de 38,41%. É a maior alta de uma lista com 16 subitens, entre produtos e serviços, que integram o IPCA e pesam no bolso de quem tem carro.

Motoristas fazem fila para abastecer em Santo André (SP) - Rivaldo Gomes - 11 mar.2022/Folhapress

Logo em seguida vem o etanol, cujos preços subiram 36,17% no mesmo período. A gasolina, por sua vez, avançou 32,62%, a terceira maior alta da lista.

Na pandemia, os preços de combustíveis subiram no Brasil diante do avanço do petróleo no mercado internacional e da alta do dólar. Os dois fatores são levados em consideração pela Petrobras na hora de definir os preços nas refinarias.

Essa situação ajuda a explicar a inflação de produtos como a gasolina e o gás veicular, aponta João Luiz Zuñeda, sócio-fundador da consultoria MaxiQuim.

Já no caso do etanol, lembra o analista, houve impactos nos preços com as perdas na safra de cana-de-açúcar no ano passado, já que o insumo é utilizado na produção do combustível.

Além disso, a alta da gasolina tende a levar mais motoristas a cogitarem o uso de etanol, afirma Zuñeda. Com uma demanda mais aquecida, os preços desse combustível pegam carona na carestia e também costumam ser pressionados.

"Quando a gasolina sobe muito, o etanol também costuma subir muito", diz Zuñeda.

Como os dados do IPCA vão até fevereiro, ainda não captam o impacto do mega-aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras em 10 de março. O reajuste passou a valer nas refinarias da estatal no dia seguinte.

Na ocasião, a gasolina subiu 18,8%, o óleo diesel avançou 24,9%, e o gás de cozinha teve alta de 16,1%. A elevação já impactou preços nos postos de combustíveis e nas revendas de gás.

O mega-aumento veio na esteira dos efeitos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou as cotações do petróleo no mercado internacional.

Na visão de analistas, o conflito no Leste Europeu deve seguir como fator determinante para os preços dos combustíveis nos próximos meses.

"A gente não sabe ao certo onde o preço do barril de petróleo vai parar", aponta o economista André Braz, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

A escalada da inflação para o motorista vai além das bombas dos postos de combustíveis. Conforme o IPCA, os preços dos pneus subiram 28,20% nos 12 meses até fevereiro. No óleo lubrificante, a alta acumulada chegou a 20,61%.

Trocar de carro também virou uma tarefa mais custosa. A inflação do automóvel novo atingiu 18,49% até fevereiro. Já o automóvel usado subiu 16,97% no acumulado até o mês passado.

De acordo com analistas, a alta nos preços dos carros reflete a desarticulação das cadeias produtivas do setor automotivo na pandemia.

É que a crise sanitária interrompeu a operação de fábricas, gerando escassez de insumos. Assim, houve impactos sobre os valores finais dos automóveis.

O seguro de veículos, por sua vez, acumulou alta de 14,96% nos 12 meses até fevereiro. Acessórios e peças avançaram 10,12%. Já a pintura dos veículos teve alta de 9,41%.

"Como o preço do carro subiu, outros itens, como seguro e manutenção, também sobem", avalia Braz. "Se o automóvel está mais caro, o seguro também vai ter de aumentar, porque a indenização vai ficar mais cara."

Dor de cabeça para Bolsonaro

Reportagem da Folha mostrou neste mês que a disparada dos combustíveis, intensificada pelos efeitos da guerra na Ucrânia, está fazendo o brasileiro repensar o uso do carro.

Com o orçamento apertado, parte da população decidiu deixar o automóvel parado na garagem por mais tempo.

O avanço de itens como a gasolina provoca dor de cabeça para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve tentar a reeleição neste ano e teme os impactos da perda do poder de compra do eleitorado —pesquisa Datafolha mostra que 68% dos brasileiros atribuem ao governo responsabilidade pela alta de combustíveis.

O óleo diesel, mais associado ao transporte de cargas, tampouco escapou da carestia, gerando descontentamento de caminhoneiros. Até fevereiro, o combustível acumulou inflação de 40,54%, maior do que a da gasolina.

Bolsonaro vem empilhando críticas à Petrobras e já defendeu mudanças na política de preços. O presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna, recebeu nesta segunda-feira (28) a comunicação de que deixará o comando da estatal.

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