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Economistas de presidenciáveis divergem sobre atuação do Estado na economia

Assessores de pré-candidatos defendem retomada de investimento público, mas discordam sobre foco

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São Paulo

Economistas ligados a campanhas presidenciais defenderam nesta terça-feira (15) a retomada de investimentos públicos no país, mas divergiram sobre prioridades e a amplitude do papel que o Estado deveria exercer na economia.

Assessores de partidos de esquerda defenderam a recuperação da capacidade de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da atuação de empresas estatais, como a Petrobras e a Eletrobrás.

Mas todos enfatizaram a necessidade de buscar parcerias com o setor privado e organismos internacionais, além de cautelas para evitar estimular projetos inviáveis economicamente, ou cujos custos superem os potenciais benefícios.

O debate foi organizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento, que representa bancos públicos e agências de fomento regionais e apresentou aos pré-candidatos à Presidência da República um plano de ação para o próximo governo.

A proposta da entidade sugere prioridade para áreas que promovam desenvolvimento sustentável, como inclusão digital, novos negócios na Amazônia, energia limpa, saneamento básico e saúde pública.

O economista Guilherme Mello, coordenador do grupo de economistas que assessora a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o Estado precisa ter papel central no financiamento de investimentos.

"Não podemos cair em maniqueísmos", disse Mello, que é professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "O tamanho do desafio que temos à frente exigirá contribuições do setor público e do setor privado, complementares."

Nelson Marconi, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que assessora a campanha de Ciro Gomes (PDT), afirmou que o BNDES precisará "recuperar o papel de financiador de grandes iniciativas de investimento".

O banco oficial, que inchou durante os governos do PT com aportes do Tesouro Nacional, encolheu nos últimos anos, quando devolveu ao governo boa parte dos recursos recebidos e reduziu sua participação nos investimentos.

Zeina Latif, integrante da equipe que assessora o governador João Doria (PSDB), defendeu estudos cuidadosos para escolha de projetos merecedores de apoio do governo. "É preciso definir onde realmente vale a pena entrar", disse.

Mello sugeriu a reorientação da estratégia da Petrobras para o desenvolvimento de fontes de energia limpas para substituir os combustíveis de origem fóssil. "Se temos um instrumento capaz de induzir e coordenar investimentos, é isso que ele precisa fazer", afirmou.

Mulher branca de cabelos pretos listos e compridos, falando ao microfone sentada no palco de um evento, segurando o microfone com a mão direita.
A economista Zeina Latif, da equipe que assessora o governador João Doria (PSDB). - Reinaldo Canato/Folhapress

O ex-governador Germano Rigotto (RS), que representou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) no debate, defendeu o desenvolvimento de parcerias com o setor privado para atrair financiamento de organizações multilaterais.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputará a reeleição, não enviou representantes ao debate. Mas o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, abriu o evento e defendeu os ajustes promovidos na instituição nos últimos anos e criticou o "subsídio exacerbado que tivemos no passado".

O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, que assessora a campanha presidencial do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), cancelou na última hora sua participação no debate.

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