Descrição de chapéu petrobras

Estoques de combustíveis no Brasil serão acompanhados diariamente

Medida visa prevenir risco de desabastecimento com guerra na Ucrânia e disparada de preços

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) declarou nesta terça-feira (22) sobreaviso no abastecimento de combustíveis no país, determinando que refinarias e distribuidoras informem diariamente seus estoques para acompanhamento da oferta.

A decisão ocorre em um cenário de crescimento da demanda brasileira por derivados de petróleo e de incertezas sobre a evolução dos preços internacionais dos combustíveis.

Em nota, a agência diz que, "no momento, o abastecimento está regular em todo o território nacional" e que o sobreaviso "visa tão somente permitir que esse acompanhamento dos estoques e das importações de produtores e distribuidores seja intensificado".

Posto de combustível em Santo André, São Paulo - Rivaldo Gomes - 23.fev.2021/Folhapress

A medida segue iniciativa do MME (Ministério de Minas e Energia), que criou no último dia 11 um grupo de trabalho para estudar medidas para evitar problemas no abastecimento de combustíveis no país diante das incertezas geradas pela guerra na Ucrânia.

Distribuidores e revendedores vinham reclamando de dificuldades pontuais para encontrar combustíveis diante da redução de importações privadas quando os preços da Petrobras tinham grandes defasagens em relação às cotações internacionais.

A própria estatal usou o risco de desabastecimento como uma das justificativas para o mega-aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha implementado no último dia 11.

A ANP cita como justificativa "a geopolítica mundial atual". O mecanismo do sobreaviso, diz a agência, "permite o monitoramento dinâmico do abastecimento, subsidiando possíveis ações preventivas", sendo utilizada também em situações como paradas de refinaria ou interrupção em dutos.

Com a implantação desse mecanismo, refinarias e distribuidoras têm que informar até as 12h de cada dia quanto têm de combustíveis em seus estoques.

Executivos do setor de combustíveis consultados pela Folha dizem que ainda não há sinais de problemas graves de abastecimento, mas o risco permanece, já que o prazo entre a decisão de importar e a chegada dos navios leva entre 45 e 60 dias.

As vendas de óleo diesel no país cresceram 5% no primeiro bimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Já as vendas de gasolina cresceram 8,4%, com a maior vantagem do produto sobre o etanol no início do ano.

No período, 23,4% de todo o diesel consumido no país foi importado, o que representa uma importação líquida de quase dois bilhões de litros. Na gasolina, a importação líquida somou 445 mil litros, ou 9,3% do consumo interno.

Os reajustes promovidos pela Petrobras reduziram as defasagens em relação às cotações internacionais, mas a pressão por alterações na política de preços da estatal gera ainda grande incerteza sobre as operações de importação de combustíveis para o país.

Há uma semana, quando as cotações internacionais do petróleo despencaram por temor de nova onda de Covid-19 na China, o preço do diesel no mercado interno chegou a ficar mais caro do que no exterior, detonando uma onda de cobranças sobre a Petrobras, mas a situação logo se inverteu.

Segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), nesta terça a defasagem no preço interno do diesel é de 14%, ou R$ 0,72 por litro. Na gasolina, a diferença é de R$ 0,49 por litro, uma defasagem de 11%.

Erramos: o texto foi alterado

Por erro da ANP, os dados referentes à dependência externa do Brasil em combustíveis no primeiro bimestre estavam incorretos. Em diesel, a dependência foi de 23,8%, não de 44,1%. Na gasolina, foi de 9,3%, não de 16,5%. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.