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EUA colocam bancos e corretoras de criptomoedas na mira por ajuda a oligarcas russos

Departamento de Justiça americano criou força-tarefa para investigar desvios às sanções

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Stefania Palma
Washington | Financial Times

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse que bancos, corretoras de criptomoedas e outras instituições financeiras que atendem aos oligarcas russos sancionados pelo governo americano estarão em sua "mira", ao detalhar a agenda de uma força-tarefa especial criada para aplicar sanções em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Uma autoridade graduada da Justiça disse na sexta-feira (11) que a força-tarefa "KleptoCapture", lançada na semana passada, terá uma visão ampla, olhando não apenas para as partes conhecidas por ajudar as pessoas sancionadas.

Rublo russo cercado por representações do Bitcoin
Investidores russos usam criptomoedas para driblar sanções impostas pelo Ocidente - Dado Ruvic/Reuters

"Instituições financeiras, bancos, serviços de transferência de dinheiro, corretoras de criptomoedas que deliberadamente falham em manter políticas e procedimentos adequados de combate à lavagem de dinheiro e permitem que esses oligarcas movimentem dinheiro [...] estarão na mira desta investigação", disse a autoridade.

A força-tarefa também terá como alvo contadores e advogados que ajudaram indivíduos sancionados.

"Nós absolutamente estaremos investigando, visando e, quando apropriado, processando indivíduos que não são propriamente o oligarca [...] mas que estão felizes em ajudar a ocultar, facilitar ou incitar a evasão de sanções [...] ou ajudam indivíduos sancionados a cometer qualquer crime que descobrirmos na investigação", disse o funcionário do governo.

O Departamento de Justiça está lançando uma ampla rede em sua investigação, enquanto busca intensificar a aplicação das sanções dos EUA com a força-tarefa, que inclui um conjunto de órgãos judiciais, como o FBI e o Serviço Secreto dos EUA.

"Atores que enfiam a cabeça na areia ou se cegam para movimentar dinheiro sujo podem enfrentar acusações de lavagem de dinheiro por seu papel em ocultar esses rendimentos", disse a autoridade da Justiça, acrescentando que indivíduos e entidades que ajudam "ativamente" uma pessoa sancionada a movimentar ativos também serão visados.

Desde o início da invasão da Ucrânia, os EUA impuseram sanções a grandes bancos, a pessoas importantes e ao banco central da Rússia, uma lista que ainda pode crescer. Washington também mirou autoridades russas críticas, como o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o presidente Vladimir Putin.

Os EUA também aplicaram sanções a alguns oligarcas, incluindo o financista bilionário Alisher Usmanov, bem como a alguns familiares da elite russa.

Na tarde de sexta, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou novas sanções a três familiares imediatos de Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, bem como a membros do conselho administrativo do VTB, o banco russo sancionado no mês passado, e 12 legisladores russos.

O Tesouro americano também identificou como "propriedade bloqueada" um jato particular e um iate de propriedade de Viktor Vekselberg, um rico empresário russo anteriormente sancionado.

O funcionário da Justiça se recusou a especificar ou quantificar os ativos visados pela força-tarefa KleptoCapture, mas disse que incluiriam participações que oferecem "maneiras atraentes, muitas vezes líquidas ou opacas" de esconder ou movimentar capital rapidamente entre fronteiras, como imóveis, participações corporativas, aviões, joias e obras de arte.

As corretoras de criptomoedas estão sob pressão para bloquear transações com a Rússia, pois as autoridades ocidentais temem que os tokens digitais estejam sendo usados para transferir dinheiro para outros países, enquanto tentam isolar a Rússia do sistema financeiro global.

A negociação entre o rublo russo e ativos de criptomoedas, incluindo tether e bitcoin, aumentou desde o início da invasão da Ucrânia, duplicando no início de março, de acordo com dados do grupo de pesquisa de criptomoedas Chainalysis.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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