Descrição de chapéu Financial Times Ásia Evergrande

Gigante imobiliário da China tem ações suspensas em Hong Kong

Investidores se prepararam para anúncio da empresa que poderá explicar reestruturação

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Thomas Hale
Hong Kong | Financial Times

Hong Kong suspendeu a negociação de ações da incorporadora imobiliária mais endividada do mundo, a Evergrande, na segunda-feira (21), enquanto aguarda a divulgação de "informações privilegiadas" da empresa chinesa que poderão esclarecer sua reestruturação e o destino dos investidores internacionais.

A incorporadora imobiliária, que deixou de pagar suas dívidas internacionais no ano passado, juntamente com muitos de seus pares, está no centro de uma crise de liquidez nacional em todo o setor imobiliário da China, que promove o crescimento econômico e sustenta o emprego.

A reestruturação da Evergrande, que deverá ser a maior já realizada na China, é um momento decisivo na história do mercado de títulos em dólar da Ásia. A empresa tomou emprestados mais de US$ 20 bilhões (R$ 101 bilhões) em títulos denominados em dólares, de seus mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em passivos. Mas deu poucas informações detalhadas, enquanto as autoridades chinesas trabalham para limitar o impacto do colapso da empresa.

Prédio da Evergrande em Xangai - Hector Retamal/AFP

Uma pessoa próxima à situação disse que a Evergrande deveria ter uma teleconferência com investidores internacionais ainda nesta segunda. Em comunicado à bolsa de Hong Kong, a empresa disse que a suspensão das negociações estava pendente da divulgação de informações, mas não deu mais detalhes.

A Evergrande enfrentou graves problemas de liquidez no último verão e começou a furar pagamentos de títulos internacionais em setembro, quando o trabalho em muitas de suas centenas de projetos foi interrompido e a construtora lutou para levantar dinheiro para pagar trabalhadores e credores.

No domingo (20), o canal de mídia estatal O Jornal informou que o grupo estava vendendo uma participação de 30% numa empresa com sede em Nanjing, importante cidade da província oriental de Jiangsu.

Hui Ka Yan, presidente bilionário da Evergrande que já foi o homem mais rico da China, tentou restaurar a confiança na empresa e no mês passado descartou a venda de ativos, dizendo que ela concluiria a metade de seus projetos restantes ao longo de 2022.

As construtoras chinesas, que sustentaram a rápida urbanização no país, muitas vezes vendem apartamentos a indivíduos antes do término da construção. A ameaça de uma reação dos compradores transformou a crise do setor imobiliário em um desafio político e econômico para o governo do presidente Xi Jinping.

Os investidores internacionais da Evergrande, que opera principalmente na China continental, com frequência foram deixados no escuro sobre sua situação e, em janeiro, alertaram sobre possíveis ações legais por falta de envolvimento.

O destino da Evergrande e de suas vastas dívidas se tornou um teste para o modelo econômico da China em geral, que há anos é ancorado no crescimento imobiliário, mas está perdendo força. Em 2022, o governo divulgou uma meta de crescimento de 5,5%, a menor em três décadas.

Reportagem adicional de Wang Xueqiao. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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