País cria 328,5 mil vagas de emprego formal em fevereiro, em ritmo ainda inferior a 2021

Resultado do Caged é 17% menor do que um ano antes e salários voltam a cair; ministério vê desaceleração como natural

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Brasília

O país registrou a criação líquida de 328,5 mil empregos com carteira assinada em fevereiro, o que representa uma queda de 17% em relação ao mesmo mês do ano passado. Além disso, os salários iniciais dos trabalhadores voltaram a cair.

O saldo neste mês é resultado de 2 milhões de contratações e 1,6 milhão de desligamentos e foi divulgado por meio do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), apresentado nesta terça-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

Em janeiro, o resultado já havia sido 38% menor do que um ano antes. Para o ministério, a desaceleração é natural após um 2021 de melhora na economia, o fim de medidas emergenciais e a normalização dos dados.

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Carteira de Trabalho e Previdência Social (Gabriel Cabral/Folhapress).

Bruno Dalcolmo, secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, afirma que os dados neste ano tendem a seguir o desempenho da atividade (o mercado espera que o país cresça 0,5% neste ano).

"As empresas não vão continuar contratando naquele ritmo do ano passado para sempre, aí [passar a ser] uma questão de crescimento natural da economia", afirmou.

Segundo ele, no entanto, há uma retomada forte das contratações enquanto os desligamentos permanecem relativamente estáveis —por isso, disse, os números merecem comemoração. "É um processo consistente com a retomada da economia brasileira", afirmou.

Após um crescimento em janeiro (que sucedeu um aumento marginal em dezembro), os salários de admissão voltaram a cair —retomando a trajetória de quedas consecutivas registradas de junho a novembro de 2021.

A remuneração média para quem foi contratado em fevereiro foi de R$ 1.878,66, 3% menos do que em janeiro e 2,4% inferior a um ano antes (já considerando dados corrigidos pela inflação). Segundo os técnicos, a menor remuneração é tradicionalmente observada em momentos de expansão.

"Quando aumenta o número de admissões, aumenta a base de trabalhadores contratados e normalmente aumenta o número de contratados com menor renda. Esse é um movimento que acaba sendo comum", afirmou Luis Felipe de Oliveira, secretário de Trabalho.

Justificativa semelhante é dada para o aumento nos pedidos de seguro-desemprego, que chegaram a 550,2 mil em fevereiro (4% mais do que em janeiro e 13% mais do que um ano antes). Segundo os técnicos, uma economia mais aquecida provoca mais movimentação e mais fluxo de entradas e saídas do mercado de trabalho.

Todos os setores sustentaram a criação de postos de trabalho no mês. O destaque foi o setor de serviços (215,4 mil novas vagas), liderado pela seção de educação (66,5 mil vagas abertas).

Os técnicos do ministério afirmam que o arrefecimento da pandemia e a flexibilização das medidas sanitárias, com a intensificação das atividades escolares presenciais, estimulou a contratação de profissionais da educação.

Em seguida, ficaram indústria (43 mil), construção (39,4 mil), agropecuária (17,4 mil) e comércio (13,2 mil).

Por divisão geográfica, também houve resultado positivo em todas as regiões. O Sudeste liderou (com abertura de 162,4 mil postos) e foi seguido por Sul (82,8 mil), Centro-Oeste (40,9 mil), Nordeste (28 mil) e Norte (12,7 mil).

Os dados neste ano tendem a ser limitados pelo fim gradual dos efeitos do programa emergencial de manutenção de emprego e renda. Criada na pandemia, a medida foi considerada fundamental por especialistas para sustentar o mercado de trabalho durante o auge da crise da Covid-19.

O ministério avalia que o término do programa e o fim da proteção dos vínculos empregatícios farão os dados dependerem mais do desempenho da atividade econômica.

Os analistas esperam criação de vagas em 2022, embora em nível inferior ao do ano passado (em 2021, o Brasil criou 2,7 milhões de empregos formais, segundo os dados divulgados).

Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, afirmou nesta terça que o país deve criar até 2 milhões de vagas formais em 2022 —embora a área técnica tenha afirmado que essa é apenas uma expectativa e que a pasta não divulga previsões.

Analistas calculam um número mais modesto. Os economistas da LCA Consultores, por exemplo, projetaram no mês passado a criação de 895 mil vagas em 2022.

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