Ações da Petrobras sobem 3,5% após anúncio do aumento da gasolina

Alta na Bolsa ainda não compensou tombo de 7% provocado por temor de intervenção

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São Paulo

Ações da Petrobras negociadas na Bolsa de valores brasileira subiram nesta quinta-feira (10) após a companhia ter anunciado reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias. Os aumentos entram em vigor na sexta-feira (11).

Pressionada pelo avanço das cotações do petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a empresa controlada pelo governo federal elevará a gasolina em 18,8% para as distribuidoras. Para o diesel, o aumento é ainda maior, de 24,9%. O valor subirá quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51. O gás de cozinha terá reajuste de 16,1%.

Os papéis preferenciais (que não dão direito a voto, mas têm preferência no recebimento de dividendos) subiram 3,50%. As ações ordinárias (com direito a voto) avançaram 2,80%.

Fachada da sede da Petrobras, na cidade do Rio de Janeiro
Fachada da sede da Petrobras, na cidade do Rio de Janeiro - Sergio Moraes/Reuters - 9.dez.2019

No início desta semana, a disparada do preço do petróleo no mercado internacional reforçou o temor de investidores sobre o debate político quanto à paridade internacional de preços da Petrobras.

Na última segunda-feira (7), as ações da companhia afundaram mais de 7% após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter criticado o sistema que equipara o valor dos combustíveis no Brasil à flutuação da cotação da matéria-prima e do dólar.

O tombo na Bolsa levou a Petrobras a perder R$ 34,7 bilhões em valor de mercado em um único dia.

Mesmo considerando a alta acumulada de 5,97% desde a queda na segunda, a companhia ainda não conseguiu recuperar totalmente as perdas do início da semana.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que o novo preço a ser praticado pela Petrobras ainda tem cerca de 10% de defasagem na gasolina e que isso não deverá ser corrigido no curto prazo.

Os ganhos da petroleira não foram suficientes para impedir a queda de 0,21% do Ibovespa, o que levou o índice de referência da Bolsa a fechar aos 113.663 pontos.

Com a baixa nesta quinta, o mercado acionário domestico perdeu parte do avanço de 2,5% obtido na véspera com uma onda global de otimismo gerada por aparentes avanços nos diálogos para o fim da guerra. Nesta quinta, porém, o primeiro encontro dos chanceleres Serguei Lavrov (Rússia) e Dmitro Kuleba (Ucrânia) terminou sem acordo.

Indicando certa aversão de investidores às aplicações mais arriscadas, o dólar fechou com ligeira alta de 0,11%, a R$ 5,0170.

Além da ausência de notícias de avanços concretos no diálogo entre Rússia e Ucrânia, dados do governo americano divulgados nesta quinta demonstraram que a inflação anual nos Estados Unidos renovou o recorde em 40 anos, subindo 7,9%.

Sem uma trégua na guerra, os próximos relatórios podem trazer avanços ainda maiores no custo de vida do consumidor americano.

No centro da pressão inflacionária está o petróleo, cujo preço do barril do tipo Brent recuava 1,85% no início da noite desta quinta, a US$ 109,08 (R$ 550,93), após ter avançado a US$ 118 pela manhã. Na véspera, a commodity caiu 13,16%, no maior tombo desde o início da pandemia de Covid-19.

Na quarta-feira (9), além da esperança sobre um desfecho diplomático para a guerra, expectativas sobre o aumento da oferta de petróleo ajudaram a derrubar o preço da commodity nesta quarta, quando os Emirados Árabes Unidos sinalizaram apoio a um aumento da produção.

O embaixador do país em Washington, Yousuf Al Otaiba, afirmou que é a favor de um aumento na produção. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, também disse que os Emirados Árabes estavam dando suporte ao acréscimo.

Horas depois, o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, disse no Twitter que o país acredita "no valor que a Opep+ traz para o mercado de petróleo", em referência ao cartel formado pelos países produtores do qual os Emirados Árabes Unidos fazem parte.

Desde o avanço das tropas russas em território ucraniano, em 24 de fevereiro, a cotação do petróleo já subiu 12,59%.

A pressão sobre o preço foi ampliada pela decisão do presidente Joe Biden de determinar o banimento das importações da matéria-prima produzida na Rússia, que é um dos maiores exportadores globais.

Na última terça-feira (8), quando ocorreu a confirmação do embargo americano, o barril do Brent fechou valendo US$ 127,98, aproximando-se do recorde de US$ 147,50 de julho de 2008.

Não é só a guerra que vem acelerando o preço do petróleo. Desde o final do ano passado, a Opep e seus aliados se recusam a atender os pedidos do Ocidente por um aumento mais rápido na oferta da matéria-prima.

A necessidade de crescimento da produção já se apresentava como algo urgente devido ao crescimento da demanda após a reabertura econômica possibilitada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19. Somente neste ano, a alta acumulada é de 40,25%, mais da metade desse avanço (24,51%) já tinha acontecido antes do início da guerra.

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