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Petróleo volta a disparar com novas sanções contra a Rússia no radar do mercado

EUA, UE e Japão discutem proibição de importações de petróleo russo

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AFP e Reuters

As cotações do petróleo voltaram a disparar no mercado internacional neste domingo (6), após o governo americano confirmar que discute com países da Europa a proibição da importação de petróleo da Rússia, em resposta à invasão na Ucrânia. A discussão sobre possível veto também conta com a participação do Japão.

Dados da Bloomberg apontam que o barril do petróleo tipo Brent chegou a bater a máxima de US$ 139,13 (R$ 706,11) na noite deste domingo no Brasil, com a reabertura dos mercados na Ásia. A alta reflete o temor de investidores pelos potenciais impactos econômicos da guerra.

Às 5h45, a commodity oscilava em alta de 8,79%, cotada a US$ 128,49 (R$ 650,63).

Em uma semana que promete seguir sob intensa volatilidade nos mercados por conta dos conflitos na Europa, as principais Bolsas asiáticas operavam em forte queda no primeiro pregão da semana.

A Bolsa de Tóquio fechou com baixa de 2,94%, enquanto as ações em Hong Hong tinham desvalorização média de 4,18% por volta das 23h05 (horário de Brasília). Os contratos futuros dos índices acionários na Europa apontavam para perdas de 3,4%.

Operações de extração de petróleo nos Estados Unidos
Operações de extração de petróleo nos Estados Unidos - Nick Oxford - 11.mai.2021/Reuters

O euro atingiu seu patamar mais baixo em relação ao dólar em 22 meses e abaixo da paridade para com o franco suíço, com o medo de que uma stagflação possa atingir a Europa. A moeda caiu mais de 4% desde que a Rússia iniciou o que chama de "operação militar especial" na Ucrânia e se aproxima do valor que atingiu no começo da pandemia. Já o Rublo, a moeda russa, caiu mais de 8%, puxando para baixo também as moedas de outros países do leste europeu, como a da Hungria.

Outras commodities da região do conflito, como trigo e metais, também subiram fortemente, com o ouro ultrapassando a marca de US$ 2.000 a onça.

Na tarde deste domingo (6), o secretário de Estado americano, Anthony Blinken afirmou que os Estados Unidos estão "seriamente engajados" em uma discussão com a União Europeia sobre a possibilidade de proibir importações de petróleo russo.

O governo Biden está sob pressão dos legisladores americanos para dar mais esse passo, em resposta aos ataques da Rússia contra as cidades e a população ucraniana.

"Estamos em discussões muito ativas com nossos parceiros europeus sobre a proibição da importação de petróleo russo para nossos países, enquanto, é claro, mantemos um fornecimento global estável de petróleo", disse Blinken em entrevista à NBC.

O preço do petróleo já teve uma disparada de mais de 20% somente durante a semana passada, por causa dos conflitos no Leste Europeu, que reduziram a oferta proveniente da Rússia, uma das principais produtoras globais da matéria-prima.

Em entrevista à CNN também neste domingo, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen foi mais reticente sobre a proposta de corte de importações.

Antes de impossibilitar que Putin financie suas guerras, disse, a União Europeia deveria "se desfazer de sua dependência de combustíveis fósseis russos".

Já os ministros das Relações Exteriores e das Finanças da Alemanha se manifestaram neste domingo contra a proibição de importação de gás, petróleo e carvão da Rússia.

"Você tem que ser capaz de manter (as sanções) ao longo do tempo", explicou a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, à rede ARD. "As sanções serão inúteis se em três semanas descobrirmos que temos apenas alguns dias de eletricidade na Alemanha e que as sanções devem ser revertidas".

"Estamos dispostos a pagar um preço econômico muito, muito alto", mas "se amanhã na Alemanha ou na Europa as luzes se apagarem, isso não vai parar os tanques", acrescentou Baerbock em entrevista à rede ZDF.

Autoridades e moradores da Ucrânia pedem aos países do Ocidente sanções às exportações russas de hidrocarbonetos como resposta à invasão de seu país.

Mas o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, também se mostrou cético.

"Não devemos limitar nossa capacidade de resistir a longo prazo" e um embargo aos hidrocarbonetos russos "teria um impacto negativo nessa capacidade", declarou Lindner ao jornal Bild.

A Alemanha importa 55% de seu gás e 42% de seu petróleo e carvão da Rússia, dependência pela qual o governo fez uma autocrítica após a invasão da Ucrânia, mas que levará anos para diminuir.

As novas sanções do G7 das grandes economias contra a Rússia devem "tocar especialmente os oligarcas" que se enriqueceram com o presidente russo, Vladimir Putin, disse o ministro das Finanças alemão à rede ARD.

Os países do G7 anunciaram em um comunicado na sexta-feira sua intenção de impor "novas e severas sanções" contra Moscou "em resposta à agressão russa" contra a Ucrânia.

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