Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Guerra pode impulsionar inflação e reduzir investimento nos EUA, diz Powell

Presidente do BC americano alertou para alta de preços de commodities

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Howard Schneider Ann Saphir
Washington | Reuters

A guerra da Rússia na Ucrânia pode atingir a economia dos Estados Unidos por uma variedade de canais, desde preços mais altos até redução de gastos e investimento, disse nesta quinta-feira (3) o presidente do Federal Reserve (o banco central americano), Jerome Powell, embora não esteja claro qual será o impacto final.

"O que sabemos até agora é que os preços das commodities subiram significativamente, os preços da energia em particular. Isso vai afetar nossa economia dos EUA" na forma de inflação mais alta pelo menos no curto prazo, disse Powell ao Comitê Bancário do Senado.

"Além disso, podemos ver um declínio no sentimento pró-risco, então você pode ver menos investimento. Você pode ver as pessoas retendo os gastos. É difícil ver qual será o efeito tanto na oferta quanto na demanda."

Homem idoso de terno, sentado
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, em Washington, D.C. - Brendan Smialowski/AFP

Powell repetiu seus comentários de quarta-feira para um comitê da Câmara cujos membros também se concentraram em perguntas sobre a invasão russa. O conflito desencadeou amplas sanções contra Moscou.

Powell disse que o Fed está observando a situação com cuidado e começou a fazer simulações, por exemplo, sobre o efeito que os aumentos persistentes nos preços do petróleo podem ter na economia.

De acordo com Powell, o salto no petróleo ante cerca de US$ 75 o barril no final de dezembro para cerca de US$ 110 nesta quinta-feira, se durar, poderia adicionar quase 0,9 ponto percentual à inflação e cortar quase 0,5 ponto percentual do crescimento econômico, uma dinâmica ruim, conforme o banco central tenta reduzir a inflação sem prejudicar o emprego.

Mas Powell disse que, até agora, a guerra não mudou os planos do banco central de aumentar os juros a partir de sua reunião de março para tentar reduzir o ritmo dos aumentos de preços, com a taxa de inflação atualmente em três vezes a meta anual de 2% do Fed.

"É apropriado que continuemos na linha que tínhamos em mente antes da invasão da Ucrânia", disse Powell.

O presidente do Fed repetiu que apoiaria um aumento inicial de 0,25 ponto percentual na taxa de juros de referência do Fed na reunião de 15 e 16 de março.

Mas, se a inflação não arrefecer, disse Powell, "estamos preparados para aumentar mais do que essa magnitude numa reunião ou reuniões".

Mas os parlamentares se concentraram na nova situação que o Fed encara agora e na possibilidade de o banco central estar enfrentando um cenário mais difícil no qual a inflação é impulsionada pela guerra enquanto o crescimento desacelera.

"Estou um pouco preocupado que esta guerra tenha mudado o perfil de risco", disse o senador Pat Toomey, republicano da Pensilvânia.

"Tanto do lado da oferta quanto da demanda, há muita incerteza", disse Powell, também observando que a "forte situação financeira" de famílias e empresas pode ajudar a sustentar os gastos.

Mester, do Fed, diz que guerra não muda necessidade de elevar juros

A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, afirmou nesta quinta-feira que a invasão da Ucrânia pela Rússia "não muda a necessidade" de o banco central norte-americano começar a elevar os juros.

De fato, segundo ela, isso aumenta os riscos de alta para uma "inflação já extremamente elevada".

"Começando com (uma alta de) 25 (pontos básicos), seguida de mais aumentos nos próximos meses, isso nos deixa em uma boa posição", disse Mester em entrevista à CNBC.

Ela acrescentou esperar que a inflação caia para 3,5% a 4% até o fim do ano.

Se a inflação não recuar como o esperado até meados do ano, depois de várias altas de juros e o início da redução do balanço do Fed, "isso será um sinal para mim de que temos que remover o estímulo a um ritmo mais forte, a um ritmo mais rápido".

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