Preços da Petrobras afetam importação de combustíveis, indústria recua e o que importa no mercado

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Há risco de desabastecimento no Brasil?

A defasagem dos preços praticados pela Petrobras em relação às cotações do barril de petróleo lá fora começa a causar problemas no mercado brasileiro.

Distribuidoras e postos de combustíveis estão com dificuldades para comprar produtos por causa da suspensão de importações por empresas privadas.

Entenda: a importação fica inviabilizada porque não vale a pena trazer para cá combustíveis mais caros que aqueles vendidos pela Petrobras no Brasil.

  • O último reajuste da estatal foi há mais de 50 dias, e o setor calcula que a defasagem era de 40% no diesel e 30% na gasolina antes da queda do petróleo nesta quarta.

Por que importa: o Brasil não é autossuficiente no fornecimento de combustíveis para o mercado interno. A dependência das importações chega a 25% para o diesel, enquanto que para a gasolina gira em torno de 10%.

Resultado: há relatos de problemas no Paraná e em estados do Norte e Nordeste, que são mais dependentes dos produtos que vêm de fora. A Ipiranga comunicou aos revendedores que pedidos de volumes adicionais serão submetidos a análise antes da aprovação.

Na Bahia, estado abastecido por uma refinaria privatizada, os preços da gasolina já chegam a quase R$ 8.

Como resolver? Enquanto não acha uma solução de como compensar no mercado interno a disparada nas cotações do petróleo, o governo coloca suas fichas nos projetos em tramitação no Senado que promovem um corte nos tributos.

Para acabar com a defasagem dos preços internos e não mexer na política de preços da Petrobras, uma ala do governo defende subsidiar o preço dos combustíveis, proposta que enfrenta resistência da equipe econômica. Com a defasagem atual, o custo seria de R$ 27 bilhões por três meses.

Mais sobre disparada do petróleo:


Criptos avançam com regulação 'suave' de Biden

O mercado de criptomoedas reagiu de maneira positiva à ordem executiva assinada nesta quarta (9) pelo presidente americano Joe Biden que traz parâmetros para regulação de criptomoedas.

O bitcoin, a maior e mais conhecida cripto, avançava 8%, a US$42 mil (R$ 210 mil), no fim da noite.

Entenda: o documento assinado por Biden estabelece uma política nacional para os ativos digitais levando em consideração riscos ao consumidor e ao investidor, a estabilidade financeira, o financiamento ilícito etc.

O setor reagiu bem porque temia por medidas que poderiam apertar o cerco contra o mercado cripto, o que não aconteceu. Também agradou a inclusão de temas como inclusão financeira e inovação entre as prioridades do governo para os ativos digitais.

Representação da moeda virtual bitcoin e notas de dólares dos Estados Unidos
Representação da moeda virtual bitcoin e notas de dólares dos Estados Unidos - Dado Ruvic - 8.jan.2021/Reuters

Em números: segundo dados do governo americano, o mercado de ativos digitais é avaliado em mais de US$ 3 trilhões (R$ 15,3 trilhões), e cerca de 16% dos americanos adultos já investiram e negociaram criptomoedas.

Essa popularidade das criptos nos EUA é apontada por especialistas ouvidos pelo Wall Street Journal como motivo para uma regulação mais branda do governo Biden, que luta para manter a maioria democrata no Congresso nas eleições legislativas no final do ano.

E aqui? O Banco Central e o Congresso avançaram recentemente na discussão para regulamentar as operações financeiras com criptomoedas no Brasil.

O Senado aprovou uma proposta que inclui as fraudes com essas moedas digitais no âmbito do código penal e obriga que as corretoras de ativos virtuais (exchanges) funcionem no país mediante autorização de órgão do governo federal.

Moeda digital: a ordem de Biden ainda prevê estudos para a criação de uma moeda digital oficial dos Estados Unidos. No Brasil, o BC também avalia a implementação do Real Digital.


Petróleo e outras commodities recuam

Após um começo de semana com os mercados muito apreensivos com os efeitos econômicos da guerra da Ucrânia, entre eles a sanção ao petróleo russo, a quarta-feira (9) foi de alta nas Bolsas, queda no dólar e tombo nas cotações das commodities.

O que explica: o dia foi marcado por expectativas de uma diminuição do tom do conflito no Leste Europeu. Moscou disse querer resolver a guerra com negociações e afirmou que a derrubada do governo ucraniano não está nos seus planos. A Ucrânia também demonstrou disposição para um desfecho diplomático.

Uma natural realização de lucros diante da forte alta recente nos preços de materiais básicos também teve influência nos preços.

Em números:

  • O dólar perdeu valor diante de 17 divisas emergentes, um sinal de queda na aversão ao risco. No Brasil, a moeda americana chegou a ficar abaixo de R$ 5 na mínima do dia, e fechou em R$ 5,01, com queda de 0,77%.
  • O barril do tipo Brent desacelerou do patamar de preço mais alto desde 2008 e caiu 12%, para US$ 112 (R$ 562). Foi a maior queda diária em quase dois anos. A sinalização de aumento da oferta no mercado com o uso de reservas emergenciais também contribuiu.
  • O trigo, um dos itens que mais se valorizaram desde o início do conflito, caiu 7% na Bolsa de Chicago. O Brasil é um grande importador do cereal.

Na Bolsa: apesar da queda brusca do petróleo, as ações da Petrobras fecharam quase no zero a zero. Cabe lembrar que quando as cotações da commodity dispararam, os papéis da estatal caíram em reação à intenção do governo de interferir na política de preços da companhia.

O Ibovespa acompanhou o bom humor externo e fechou em alta de 2,43%, aos 113.900 pontos.


Janeiro negativo para a indústria

A produção industrial brasileira recuou 2,4% em janeiro, na maior baixa para o mês desde 2018, segundo o IBGE.

O desempenho veio abaixo das estimativas do mercado, que esperava queda de 1,9%.

Em números: a indústria brasileira encerrou janeiro 3,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, antes da pandemia. Das 26 atividades pesquisadas, 20 recuaram no último mês.

O que explica: o setor ainda não se livrou dos nós das cadeias produtivas que surgiram com a pandemia e que encareceram os insumos.

O ciclo de alta de juros, a inflação persistente e a queda na renda da população também são apontados como obstáculos para o crescimento da indústria, e devem continuar sendo um fantasma neste ano.

Indústria automotiva: uma das atividades mais impactadas pela falta de peças fechou o primeiro bimestre com queda de 21,7% na produção automotiva em relação ao ano anterior.

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