Uma ex-funcionária do Google processou a empresa na sexta-feira (18), alegando que ela discriminava sistematicamente os trabalhadores negros, colocando-os em cargos de nível inferior, com remuneração baixa, e negando-lhes oportunidades de avanço profissional.
O processo, aberto no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia, em San Jose, busca tornar-se uma ação coletiva. A demandante é April Curley, que trabalhou no Google de 2014 até ser demitida, em 2020.
Enquanto trabalhou na empresa, Curley ajudou a trazer funcionários negros para o Google, criando programas de recrutamento em faculdades e universidades tradicionalmente negras.
"O Google está engajado num padrão ou prática nacional de discriminação racial intencional e retaliação, e mantém políticas e práticas de emprego que têm um impacto díspar contra funcionários negros nos Estados Unidos", dizia a queixa.
Um porta-voz do Google não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o processo.
A ação reflete muitas queixas apresentadas por funcionários negros ao longo dos anos sobre trabalhar no Google. Mesmo tendo crescido e se tornado um dos maiores empregadores privados dos Estados Unidos, a empresa teve dificuldade para aumentar a diversidade racial e de gênero entre sua força de trabalho, especialmente em sua bem remunerada equipe de engenheiros.
De acordo com seu relatório de diversidade de 2021, 4,4% dos funcionários do Google nos EUA eram "negros+", o que inclui trabalhadores que se identificam como mais de uma raça.
Isso está muito abaixo da média nacional de 9,1% para empresas de publicação e pesquisa digital, de acordo com a Agência de Estatísticas do Trabalho.
O processo diz que o Google contrata sistematicamente funcionários negros em uma posição profissional inferior à adequada à sua experiência. Como o pagamento está vinculado aos níveis de cargo, isso permitiu que a empresa pagasse menos aos funcionários negros em relação a seus pares.
Candidatos negros qualificados muitas vezes não eram considerados suficientemente "googly" –designação arbitrária que seria uma espécie de sinalização para discriminação racial, segundo a queixa.
Ela também afirma que a empresa muitas vezes confundiu candidatos a emprego negros com perguntas intencionalmente difíceis para que eles se saíssem mal nas entrevistas, e acusou o Google de contratar trabalhadores negros para cargos com salários menores e de nível inferior, com menor potencial de progresso.
Curley também disse que foi submetida a um ambiente de trabalho hostil. Durante seus seis anos na empresa, disse, os gerentes muitas vezes a confundiram com outras duas colegas negras.
Ela disse que ela e essas colegas não tinham permissão para falar ou se apresentar durante reuniões importantes, e que ela se sentiu humilhada e sexualizada quando um gerente perguntou com quais colegas ela queria dormir.
O processo disse que o salário de Curley tinha sido reduzido e que ela foi repreendida por se manifestar em reuniões de equipe e desafiar as práticas internas em 2019. Um ano depois, a empresa colocou Curley em um plano de melhora de desempenho e rescindiu seu contrato em setembro de 2020.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.