Descrição de chapéu Financial Times Guerra na Ucrânia Rússia

Putin busca confiscar ativos de empresas que saíram da Rússia

Presidente russo diz que governo agirá para evitar danos a fornecedores locais

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Polina Ivanova
Londres | Financial Times

Vladimir Putin declarou que a Rússia encontraria "soluções legais" para confiscar ativos detidos no país por grupos internacionais que tenham decidido suspender suas operações na Rússia por conta da decisão de Moscou de invadir a Ucrânia.

Uma longa lista de marcas ocidentais, entre as quais McDonald’s e Ikea, suspenderam ou pararam suas operações na Rússia depois que os Estados Unidos e diversos países europeus impuseram sanções econômicas a Moscou.

O presidente russo Vladimir Putin - Kremlin via REUTERS

Falando por vídeo ao seu governo na segunda-feira, o presidente russo declarou que "com relação àqueles que estão planejando fechar suas instalações de produção, precisamos agir decisivamente... Não devemos permitir de maneira alguma que eles prejudiquem os fornecedores locais russos".

"É necessário... introduzir administradores externos e em seguida transferir as empresas em questão àqueles que realmente desejem trabalhar", disse Putin. "Existem instrumentos legais e de mercado suficientes para isso. Não há necessidade de quaisquer ações arbitrárias; encontraremos soluções legais para essas questões".

Putin instruiu o governo a proteger o direito dos investidores estrangeiros que decidam ficar e trabalhar na Rússia, em lugar de sair do país.

Diversas figuras conhecidas russas vêm pressionando por nacionalizações desde que as sanções ocidentais começaram.

"Existe algum motivo para que todos esses Pizza Huts e Ikeas e coisas assim ainda não tenham sido nacionalizados?", escreveu Margarita Simonyan, editora do jornal Russia Today, em uma mensagem no Telegram, terça-feira. "As lojas, armazéns e cafés de serviço rápido deles estão em nossa terra e nosso povo trabalha neles –onde está o problema, então?"

O jornal Izvestia noticiou nesta quinta-feira (10) que uma agência havia enviado ao governo uma lista de cerca de 60 empresas estrangeiras que poderiam ser estatizadas, por terem "suspendido seu trabalho sem apresentar garantias aos clientes". O jornal disse que contas e ativos poderiam ser confiscados.

Diversas empresas ocidentais que suspenderam operações na verdade não produzem bens na Rússia. Isso significa que, se seus ativos localizados na Rússia forem confiscados, as empresas não poderiam continuar a operar como antes.

Poucas empresas estrangeiras que têm operações industriais em território russo anunciaram a suspensão dessas operações ou que sairiam do país.

Diversas empresas que anunciaram a suspensão de suas atividades anunciaram que continuariam a pagar seus empregados, por enquanto. Se elas saírem completamente do mercado russo, isso pode causar desemprego considerável.

"Continuamos a esperar que o número de pessoas que percam seus empregos não chegue aos milhões, e fique abaixo disso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na quarta-feira. "Há empresas saindo, de fato. E o governo está lidando com isso".

De acordo com a agência de notícias RIA, o Ministério da Economia russo anunciou na quarta-feira que empresas nas quais a participação estrangeira seja de pelo menos 25% e que suspendam suas operações na Rússia poderiam ter uma nova equipe de gestão imposta pelo Estado.

A medida, acrescentou o ministério, tomaria por alvo quaisquer empresas que tenham saído da Rússia desde 24 de fevereiro, quando Putin ordenou que seus tanques atravessassem a fronteira da Ucrânia.

Administradores externos manteriam as empresas em operação, preparariam um registro de obrigações para com credores e conduziriam um inventário de ativos, de acordo com a RIA. O proprietário original teria prazo de seis meses para ou vender sua participação na empresa ou retomar os negócios e solicitar na Justiça que os administradores externos sejam removidos.

Putin admitiu que as sanções tiveram impacto na Rússia, mas disse que com o tempo a economia se adaptaria. Sanções teriam sido introduzidas de qualquer maneira, ele disse, independentemente da guerra na Ucrânia.

Ele acrescentou que a Rússia continuava a cumprir suas obrigações contratuais em termos de entregas de energia. No começo da semana, Alexander Novak, primeiro-ministro assistente russo, alertou que seu país tinha a opção de cortar as entregas de gás natural à Europa.

Tradução de Paulo Migliacci

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