Descrição de chapéu Financial Times Guerra na Ucrânia Rússia

União Europeia congela ativos de grandes oligarcas russos e aliados de Putin

Mikhail Fridman, do Alpha Group, Igor Sechin, da Rosneft, e o financista Alisher Usmanov estão na lista

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Valentina Pop Sam Fleming Max Seddon
Bruxelas e Moscou | Financial Times

A União Europeia congelou ativos e impôs restrições de viagens a mais de meia dúzia dos mais proeminentes oligarcas da Rússia, muitos dos quais estreitamente ligados ao presidente Vladimir Putin, como parte das sanções impostas a algumas das pessoas mais poderosas do país depois da invasão da Ucrânia.

Os indivíduos afetados pelas medidas incluem Mikhail Fridman, fundador do Alfa Group, e seu sócio Petr Aven; Igor Sechin e Nikolai Tokarev, presidentes-executivos das petroleiras Rosneft e Transneft, respectivamente; e o financista Alisher Usmanov.

O presidente da Rússia Vladimir Putin discursa em cerimônia militar
O Presidente da Rússia Vladimir Putin iniciou a invasão à Ucrânia em 24 de fevereiro - Sitdikov Sputnik/AFP

As restrições, que entraram em vigor imediatamente, são as mais recentes em uma rodada de sanções cada vez mais punitivas que a União Europeia começou a implementar na semana passada para danificar a economia da Rússia e prejudicar o esforço de guerra de Putin. Medidas impostas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais contra o banco central russo levaram a uma queda acentuada do rublo e uma corrida frenética de saques em bancos pelos cidadãos russos.

Entre os atingidos pelas medidas restritivas, decididas pelos países membros da União Europeia na segunda-feira, está Fridman, descrito no comunicado europeu que anuncia as sanções como "um importante financista russo e um integrante do círculo de amigos próximos do presidente Putin". O texto acrescenta que Fridman "apoiou de maneira ativa, financeira ou materialmente, as autoridades russas responsáveis pela anexação da Crimeia e pela desestabilização da Ucrânia, e se beneficiou disso".

O banco dele, o Alfa-Bank, já estava sob sanções da União Europeia quanto à emissão de títulos e ações, e captação de empréstimos no território da união para fins de refinanciamento, e os Estados Unidos impuseram restrições semelhantes a transações financeiras e vendas de ações. Aven, enquanto isso, foi descrito como "um dos oligarcas mais próximos ao presidente".

Gennady Timchenko, velho amigo de Putin, fundador e acionista do Volga Group, também consta da lista da União Europeia. Ele é acionista do Bank Rossiya, que já está sob sanções da União Europeia e do Reino Unido.

Sechin, o presidente da Rosneft, é descrito como "um dos conselheiros mais próximos e de maior confiança de Putin, bem como um de seus melhores amigos", tem contato com o presidente todos os dias e vem recebendo ganhos financeiros "e importantes missões em retribuição por sua subordinação e lealdade".

Sechin já está sujeito a restrições de viagem e a um congelamento de ativos pelas autoridades dos Estados Unidos, e as medidas se estendem ao seu filho.

Tokarev, presidente-executivo da Transneft, empresa petroleira e operadora de oleodutos na Rússia, serviu com Putin no KGB e a União Europeia afirma que ele é um "dos oligarcas do Estado que assumiram o controle de grandes ativos estatais na década de 2000 quando Putin consolidou seu poder, e que opera em estreita parceria com o Estado russo".

Outros nomes que constam da lista incluem Usmanov, um dos "oligarcas favoritos" de Putin, e Sergei Roldugin, apelidado de "carteira de Putin", que mantém seus ativos no Bank Rossiya.

A União Europeia menciona uma investigação por um consórcio internacional de mídia segundo a qual Roldugin é responsável por "movimentar" pelo menos US$ 2 bilhões por bancos e empresas offshore, como parte da rede financeira oculta de Putin.

Outro acionista do Rossiya e empresário que consta da lista europeia é Alexei Mordashov, presidente da siderúrgica Severstal e do Severgroup, que segundo a União Europeia controla estações de televisão que apoiam ativamente as políticas de desestabilização da Ucrânia por Moscou. Ele também é dono de 34% do grupo Tui, uma companhia de viagens com ações cotadas na Alemanha.

A Severstal na segunda-feira divulgou um comunicado em nome de Mordashov, em resposta às sanções. "Jamais estive próximo da política e sempre me concentrei em criar valor econômico nas companhias para as quais trabalhei, tanto na Rússia quanto no exterior".

O comunicado acrescenta que "não consigo compreender de que maneira essas sanções contribuirão para a resolução do pavoroso conflito na Ucrânia".

Fridman e Aven estão "profundamente chocados com as acusações demonstravelmente falsas... que supostamente embasam as sanções contra eles", afirmou a LetterOne, empresa de capital privado que os dois dirigem em Londres.

"Eles combaterão essa injustiça com todas as forças – por eles e pelas dezenas de milhares de empregados que dependem deles no Reino Unido e na Europa", afirmou a LetterOne. Os dois "sempre foram totalmente transparentes sobre seus negócios e fonte de riqueza. Sancioná-los com base em fofocas malévolas e não comprovadas não terá impacto sobre as atividades da Rússia na Ucrânia".

Usmanov se recusou a comentar.

Alexander Ponomarenko, presidente do aeroporto internacional de Moscou, é outro oligarca da lista estreitamente ligado ao círculo íntimo de Putin e à liderança da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Como diversos outros oligarcas, Ponomarenko financiou um complexo de palácios que acredita-se seja usado pessoalmente por Putin, afirmou a União Europeia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também faz parte da lista.

A lista negra foi expandida a fim de incluir outros funcionários do governo e líderes das forças armadas. A Sogaz, uma seguradora que opera no mercado de gás natural e segurou a construção da ponte ferroviária que conecta a Crimeia à Rússia, foi acrescentada à lista de empresas de serviços financeiros incluídas nas sanções.

Seis dos indivíduos atingidos pelas medidas da União Europeia:

Igor Sechin é presidente-executivo da Rosneft, maior produtora de petróleo da Rússia. Antigo membro dos "siloviki", o termo usado para descrever figuras com antecedentes nas forças armadas e serviços de segurança, ele trabalhou com Vladimir Putin quando este era prefeito de São Petersburgo na década de 1990. Putin o levou para Moscou quando foi convidado a integrar o governo nacional. Sechin foi um dos assistentes de Putin no Kremlin e mais tarde primeiro-ministro assistente da Rússia, antes de ser apontado para o comando da Rosneft em 2012.

Alisher Usmanov é um bilionário russo que foi o homem mais rico do país, por algum tempo. Magnata dos metais e tecnologia, Usmanov nasceu no Uzbequistão e controla a segunda maior operadora de telefonia russa, a MegaFon, e a gigante dos metais Metalloinvest, bem como outras empresas, por intermédio de sua USM Holdings. Usmanov esteve entre os maiores investidores no Facebook, por algum tempo, e detinha uma participação na maior empresa russa de internet, a Mail.ru, antes de vendê-la em 2021.

Mikhail Fridman é um dos fundadores do Alfa Group, que controla o maior banco privado do país, o Alfa-Bank, a maior cadeia russa de supermercados, X5, e a operadora de telefonia móvel Veon. Ele dirige o grupo de capital privado LetterOne, que estabeleceu em Londres com alguns sócios, em 2013, usando US$ 14 bilhões que levantou com venda de uma participação no grupo petroleiro TNK-BP à Rosneft, para investir em energia, telecomunicações e tecnologia. Fridman divide seu tempo entre Moscou, onde a edição russa da revista Forbes estima sua fortuna em US$ 15,5 bilhões, e Londres, onde o jornal Sunday Times o classificou como 11º homem mais rico do Reino Unido. Ele cresceu em Lviv, no oeste da Ucrânia

Petr Aven, sócio de Fridman, começou no Alfa depois de ser ministro do Comércio Exterior da Rússia no início da década de 1990, e é presidente do conselho do banco do grupo. Ele também divide seu tempo entre Londres e Moscou. Aven publicou diversos livros baseados em entrevistas com outros figurões da turbulenta década de 1990 na Rússia, entre os quais Boris Berezovsky, oligarca morto em 2013.

Nikolai Tokarev comanda a petroleira e operadora de oleodutos estatal Transneft. Foi agente do KGB e serviu com Putin em Dresden, na Alemanha Oriental, na década de 1980. Tokarev antes comandava a Zarubezhneft, uma das maiores produtoras de petróleo da Rússia. A Transneft construiu oleodutos importantes durante sua gestão

Alexei Mordashov, o homem mais rico da Rússia, é dono da Severstal, uma das maiores siderúrgicas do país. Ele começou como economista em uma das unidades da Severstal em Cherepovets, no oeste da Rússia, e veio a se tornar um dos maiores acionistas da empresa. Seus outros interesses de negócios incluem uma participação de 34% na companhia de viagens alemã Tui, e 50% da Tele2, uma das maiores operadoras de telecomunicações da Rússia.

Tradução de Paulo Migliacci

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