Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Veja como bancos internacionais são afetados por sanções à Rússia

Medidas buscam restringir acesso de Moscou a dinheiro para sua economia

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Valentina Za
Milão | Reuters

A mais recente onda de sanções contra a Rússia por sua invasão à Ucrânia trouxe nova restrições ao setor bancário mundial.

Alguns bancos russos serão excluídos do sistema Swift de pagamentos internacionais, e outras sanções importantes foram impostas ao banco central da Rússia a fim de impedi-lo de usar suas reservas cambiais.

A medida busca solapar a capacidade russa de sobreviver às sanções econômicas mais amplas impostas ao país, mas também afeta bancos ocidentais que apresentam exposição à economia russa.

Logo do Citibank na Bolsa de Valores de Nova York - Andrew Kelly - 3.ago.2021/Reuters

A divisão europeia do Sberbank, o maior banco russo, está em perigo de falência, anunciou o Banco Central Europeu (BCE) depois de uma corrida de depositantes causada pela crise.

Na Europa, bancos franceses e italianos têm a maior exposição à Rússia, em valor de pouco mais de US$ 25 bilhões (R$ 128,5 bilhões) para cada pais no final de setembro; logo abaixo vêm os bancos da Áustria, com US$ 17,5 bilhões (R$ 89,9 bilhões), de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS).

A exposição dos bancos americanos é da ordem de US$ 14,7 bilhões (R$ 75,5 bilhões).

Abaixo, uma lista dos bancos com exposição significativa à Rússia.

Citi

O banco americano anunciou na segunda-feira (28) que sua exposição total à Rússia era de quase US$ 10 bilhões (R$ 51,4 bilhões).

O Citigroup disse que entre os 25 países diante dos quais a instituição apresenta maior exposição, a Rússia ocupava o 21º lugar, no final de 2021, com US$ 5,4 bilhões (R$ 27,7 bilhões) em empréstimos, títulos e compromissos de financiamento —0,3% da exposição total do banco, com base em documentos encaminhados por ele às autoridades regulatórias.

Na segunda, o Citigroup ofereceu novos detalhes, o que elevou sua "exposição total a terceiros" a US$ 8,2 bilhões (R$ 42,1 bilhões) no caso da Rússia. Isso inclui US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões) em depósitos no Banco da Rússia e outras instituições financeiras e US$ 1,8 bilhões (R$ 9,2 bilhões) em contratos de recompra reversa.

O Citigroup também informou que tinha US$ 1,6 bilhão (R$ 8,2 bilhões) em exposição adicional a contrapartes russas fora de sua subsidiária no país, e esse valor não está incluído no total de US$ 8,2 bilhões (R$ 42,1 bilhões).

Raiffeisen Bank International (RBI)

A Rússia ocupa o nono lugar entre os destinos de empréstimos do RBI. Com ativos totais de US$ 15,8 bilhões de euros (R$ 82 bilhões), o banco emprega 8,7 mil pessoas e atende a mais de 4,5 milhões de clientes

Seu capital acionário de 2,4 bilhões de euros (R$ 13,8 bilhões) representa 18% de seus ativos consolidados.

O RBI opera na Rússia desde o colapso da União Soviética, e seus negócios no país contribuíram com quase um terço do lucro líquido de 1,5 bilhão de euros (R$ 8,6 bilhões) que o grupo registrou no ano passado.

A exposição total do RBI à Rússia é de 22,85 bilhões de euros (R$ 132 bilhões), e mais de metade do total se relaciona ao setor empresarial privado, o banco informou em sua apresentação dos resultados de 2021.

O banco central russo responde por 8% da exposição do RBI ao pais, entidades soberanas por 4% e bancos russos por 2%, de acordo com a apresentação.

O número total abarca 11,6 bilhões de euros (R$ 67 bilhões) em empréstimos ao consumidor (ou 11,5% do total do grupo), mais de 80% dos quais denominados em rublos.

A exposição transnacional à Rússia é de apenas 1,6 bilhão de euros (R$ 9,2 bilhões), e não há envolvimento direto da matriz em Viena. O Raiffeisen também detém 2,2 bilhões de euros (R$ 12,7 bilhões) em empréstimos a clientes ucranianos.

As reservas contra prejuízos cobrem 64,3% da exposição do RBI à Rússia.

Johann Strobl, o presidente-executivo do banco, disse à Reuters esta semana que a subsidiária russa do grupo "tinha uma posição de liquidez muito forte e estava registrando influxo de dinheiro".

Société Générale

O Société Générale começou a operar na Rússia em 1872, deixou o país em 1917 por conta da revolução bolchevique, e retornou em 1973. O banco tem 1,5 milhão de clientes no país.

O Société Générale, que controla o banco russo Rosbank, tinha 18 bilhões de euros (R$ 104 bilhões) de exposição geral à Rússia no final do ano passado, ou 17% do total do grupo.

Isso inclui tanto itens incluídos no balanço quanto itens não incluídos (por exemplo uma linha de crédito que não tenha sido utilizada).

Da exposição do Société Générale à Rússia, 39% é ao setor empresarial e 36% ao varejo. Entidades soberanas respondem por 21% e instituições financeiras por 4%.

O volume total de empréstimos cresceu em 13,3% no ano passado, para 10,5 bilhões de euros (R$ 60,6 bilhões).

Os negócios de varejo do banco na Rússia —aos quais 10,5 bilhões de euros de capital foram alocados, em média, no ano passado— produziram 115 milhões de euros (R$ 664,4 milhões) em lucro líquido em 2021, ante 37 milhões de euros (R$ 213,8 milhões) em 2020.

O banco anunciou ter implementado medidas para se adaptar às novas sanções, e que o Rosbank continuava a operar "de maneira segura".

UniCredit

A subsidiária russa do banco italiano é o 14º maior banco do país. Os 2,3 bilhões de euros (R$ 13,3 bilhões) em capital do UniCredit Russia representam 3,7% do total do grupo.

A exposição do UniCredit em caso de calote total russo era de 14,2 bilhões de euros (R$ 82 bilhões), na metade de 2021.

Desse valor, cerca de oito bilhões de euros eram empréstimos concedidos pela subsidiária russa do banco e capitalizados localmente.

O restante inclui itens que estão excluídos do balanço e empréstimos transnacionais, principalmente concedidos pelo UniCredit italiano a grandes empresas fora da Rússia.

O UniCredit anunciou na semana passada que suas operações russas respondiam por apenas cerca de 3% da receita do grupo, e que havia reservas em valor equivalente a 84% de sua exposição.

Intesa Sanpaolo

O maior banco italiano financiou grandes projetos de investimento na Rússia, como o gasoduto Blue Stream e a venda de uma participação na petroleira estatal Rosneft.

A exposição do Intesa em empréstimos à Rússia era de 5,57 bilhões de euros (R$ 32,2 bilhões) no final de 2021, ou 1,1% do total do banco.

As subsidiárias do Intesa na Rússia e Ucrânia têm ativos de, respectivamente, 1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) e 300 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão), o que equivale a apenas 0,1% dos ativos totais do grupo.

O Intesa, o maior banco italiano, lida com mais da metade das transações comerciais entre Itália e Rússia.

ING

O banco holandês tem cerca de 4,5 bilhões de euros (R$ 26 bilhões) em empréstimos abertos a clientes russos, e cerca de 600 milhões de euros (R$ 3,4 bilhões) em empréstimos a clientes na Ucrânia, de uma carteira total de empréstimos de mais de 600 bilhões de euros (R$ 3,4 trilhões).

O ING informou que existiam muitas sanções em vigor contra a Rússia desde 2014.

Tradução de Paulo Migliacci

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