A 'era Musk' no Twitter, lockdown na China e inflação e o que importa no mercado

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A 'Era Musk' chega ao Twitter

Após uma série de idas e vindas, Elon Musk comprou o Twitter. E no preço que ele queria: US$ 54,20 (R$ 264,5) por ação em dinheiro, ou US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões).

O conselho de administração da companhia aprovou por unanimidade a oferta, que está sujeita ao aval dos acionistas, reguladores e a outros trâmites. As ações do Twitter dispararam 5,66% no dia, a US$ 51,69.

O que definiu o negócio: o conselho da rede foi pressionado por acionistas a negociar com Musk depois que ele esclareceu uma das maiores dúvidas relativas ao processo: de onde viria o dinheiro.

  • Do total, US$ 25,5 bilhões virão de empréstimos com um grupo de bancos, enquanto a outra parte sairá de sua fortuna pessoal.
  • O preço de compra de Musk representa uma alta de 38% em relação ao último dia de negociação antes de o dono da Tesla revelar que havia comprado uma fatia de 9% na companhia.

A obstinação de Musk pelo Twitter: a rede do passarinho é a sua favorita. É lá que ele conduz campanhas de revanche pessoal e promove sua agenda.

  • Em 2018, ele tuitou que estava pensando em fechar o capital da Tesla, o que fez as ações da companhia dispararem e rendeu uma multa de US$ 20 milhões para ele e para a montadora.
  • Musk diz que seu propósito de fechar o capital do Twitter não é financeiro, mas afirma que esse é o único jeito de a plataforma garantir a livre circulação de ideias.

O que deve mudar?

Descrito tanto como visionário como louco, Musk costuma ser confuso em suas declarações e faz estimativas pouco sérias. Mas recentemente ele deu algumas pistas no próprio Twitter e em uma conferência sobre o que pretende fazer na plataforma.

  • Ele quer tornar o algoritmo da empresa um modelo de código aberto, defendendo que as regras usadas para promover ou rebaixar um conteúdo sejam públicas.

Análise: sem a mesma força de redes como Facebook, Instagram e YouTube, a compra de Musk é para tirar o Twitter do buraco, não só jornalístico, mas empresarial, comenta Nelson de Sá, colunista da Folha.

A favor do bilionário está seu histórico como gestor: de fundador do PayPal, empresa que vendeu em 2002 por US$ 1,5 bilhão (R$ 7,3 bi), ao empresário que tornou a Tesla a montadora mais valiosa do mundo e criou a SpaceX, uma startup que hoje vale mais de US$ 100 bi.

Mais sobre o negócio:


O que sustenta a alta do dólar

Com os investidores de olho nos casos de Covid na China e na alta de juros nos EUA, o dólar manteve sua sequência de alta no Brasil nesta segunda e saltou 1,49%, a R$ 4,88.

A moeda chegou a ficar perto dos R$ 4,95 na máxima do dia e já havia disparado 4,04% na véspera, na maior alta desde março de 2020. Pressionado por Vale e Petrobras, o Ibovespa recuou 0,35%, a 110.684 pontos.

O que explica a retomada de fôlego do dólar:

- Menor diferencial nos juros

  • Juros mais altos nos EUA reduzem a atratividade da Selic brasileira de dois dígitos e contribuem para fechar a torneira de recursos estrangeiros que havia sido aberta no país desde o começo do ano.

- Recuo das commodities

  • Outro motivo para a fuga de dólares do Brasil é a queda nas cotações dos materiais básicos. A disparada dos preços desde o início da guerra na Ucrânia vinha beneficiando as empresas exportadoras brasileiras e ajudou na valorização da Bolsa e do real.

Novos lockdowns podem pressionar inflação

O confinamento total ou parcial imposto pelo governo chinês em dezenas de cidades do país já começa a gerar filas de espera no principal porto do país.

Isso significa que novas crises de oferta a nível global estão batendo na porta e devem gerar uma pressão adicional à inflação.

O que explica: a política de "Covid zero" das autoridades chinesas forçou um lockdown duradouro na cidade de Xangai, centro financeiro do país com 25 milhões de habitantes.

  • Além de afetar a economia local, as medidas respingam em outros países porque é lá que fica o principal porto do mundo em movimentação de cargas.
  • As medidas de confinamento dificultam o acesso de caminhões para retirar as mercadorias do porto e ainda limitam o número de trabalhadores, o que atrapalha a logística no local.
  • Com milhares de contêineres acumulados e uma fila de navios esperando sua vez de atracar, os altos custos do frete devem ficar ainda mais pressionados, enquanto companhias de transporte, como a Maersk, tentam evitar ao máximo passar pelo local.

Por que importa: a soma de confinamentos no início da pandemia com a alta demanda por bens de consumo gerou uma crise de oferta que atrapalha a indústria até hoje e que tem seu percentual de culpa sobre a inflação global.

  • Caso as políticas restritivas chinesas continuem, ou pior, sejam aplicadas em outras cidades, como teme o mercado, os nós da cadeia logística global voltarão a ser apertados.
  • Segundo o Bank of America, por mais que as autoridades tenham começado a tomar medidas nos últimos dias, as interrupções devem chegar ao resto do mundo de três a seis semanas e durar ao menos até o final do segundo trimestre.

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