Demissões nos unicórnios, superapp de viagens da Uber e o que importa no mercado

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Demissões 'unicornianas'

Os ventos que traziam muita grana de fora para as startups brasileiras parecem ter virado. Loft, QuintoAndar e Facily, todos unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bi ou mais), fizeram demissões em massa nas últimas semanas.

O que explica: as rescisões envolvem fatores conjunturais e internos.

  • No cenário macro, a torneira de dinheiro do capital de risco, antes em vazão máxima com a política monetária americana frouxa, parece estar se fechando.
  • Quando o Fed aumenta (ou indica que vai subir) os juros, os títulos do Tesouro americano ficam mais atrativos. Como eles são mais seguros, o mercado muda seu rumo e passa a ser mais seletivo onde coloca o dinheiro. O cenário penaliza também as Bolsas, mas acerta em cheio o capital de risco das startups.
  • Prevendo que as próximas rodadas de captação não serão tão volumosas como vinham sendo, muitas startups, também pressionadas pelos investidores, resolvem cortar custos, mesmo que ainda tenham caixa de sobra para ficar de pé.

Em números:

  • Foram 159 pessoas desligadas na Loft, de compra e venda de apartamentos. As saídas foram fruto da compra da CrediHome, empresa de crédito imobiliário adquirida no ano passado.
  • No QuintoAndar, de aluguel e compra e venda de imóveis, a demissão atingiu cerca de 170 profissionais.
  • A plataforma de compras coletivas Facily demitiu mais de 100 trabalhadores, segundo relatos de ex-funcionários.

O que dizem os unicórnios:

  • A Loft disse que vai apoiar os ex-funcionários por meio do fornecimento do serviço premium do Linkedin e da extensão do plano de saúde por dois meses.
  • O QuintoAndar afirmou que os contratos de aluguel cresceram 23% no primeiro trimestre de 2022 em relação aos últimos três meses do ano passado e cortou a equipe em 4%.
  • A Facily não se pronunciou.

O gigante voltou?

As ações da Meta, dona do Facebook, subiram 17% nas negociações pós-mercado nesta quarta (27) nos EUA após a divulgação dos resultados da companhia no primeiro trimestre.

O que explica: o mercado reagiu bem ao crescimento de usuários diários ativos da rede social, que chegaram a 1,96 bilhão no trimestre, acima das projeções e do resultados nos três meses anteriores (1,93 bilhão).

A métrica é relevante para os anunciantes por medir quantos usuários acessam a plataforma com frequência.

Relembre: a empresa de Mark Zuckerberg afundou 26% em um só dia em fevereiro após apresentar queda no número de usuários ativos e na receita com anúncios. Desde então até o fechamento desta quarta (27), as ações da empresa acumulavam perdas de mais de 40%.

Logo da Meta em uma tela de celular com algumas marcas do grupo ao fundo
Logo da Meta em uma tela de celular com algumas marcas do grupo ao fundo - Dado Ruvic/Reuters

Outros resultados das big techs:

  • Na terça (26), a Alphabet, dona do Google, divulgou resultados abaixo das estimativas do mercado pela primeira vez desde o início da pandemia. O que mais azedou foi a decepção com a receita gerada por anúncios. As ações caíram 3,75% nesta quarta.
  • No mesmo dia, a Microsoft teve números bem diferentes. Ela superou as expectativas para lucro e receita, com destaque para o segmento de serviços de computação em nuvem. Os papéis subiram 4,81% nesta quarta.

No Brasil:

  • A Vale registrou lucro de R$ 23 bilhões no primeiro trimestre de 2022, queda de 27,4% ante o mesmo período de 2021, e atribuiu o resultado ao excesso de chuvas em Minas Gerais e a atrasos em licenciamentos ambientais. A empresa também comunicou um programa de recompra de até 500 milhões de ações.
  • Nesta quarta, o Ibovespa subiu pela primeira vez após sete pregões de queda e fechou em alta de 1,05%, a 109.349 pontos. O dólar perdeu um pouco do fôlego dos últimos dias e recuou 0,46%, a R$ 4,967.

Montando o superapp

A Uber anunciou no fim do mês passado que deve oferecer aos usuários opções para comprar passagens de avião, trem, ônibus e até para reservar hotel pelo aplicativo.

A maioria dessas novidades deve chegar até o fim de 2022 e o projeto piloto será feito no Reino Unido.

Entenda: a princípio, a empresa não pretende oferecer esses serviços por conta própria, mas sim ter companhias parceiras integradas à sua plataforma.

O objetivo é que o usuário use o mesmo app durante toda a viagem, e que a própria Uber use seu serviço tradicional para levar o passageiro do hotel ao aeroporto, por exemplo.

App da Uber na tela de um celular
App da Uber na tela de um celular - Hannah McKay - 14.set.2018/Reuters

A estratégia: o foco da empresa é tornar seu app como um "one-stop shop" (uma só parada, na tradução literal), conceito que vem ganhando adeptos em diferentes setores do mercado.

  • A ideia é que o usuário possa acessar diversos serviços em único lugar, no qual ele também poderá organizar suas compras e resolver problemas.

E aqui? A Uber também tem investido em outras frentes no Brasil. Em São Paulo, a plataforma lançou em 2020 a Uber Táxi, oferecendo uma alternativa de transporte ao usuário. O app também mostra opções de trajeto de ônibus.


Nubank prevê R$ 808 mi para diretoria

O Nubank prevê pagar R$ 808 milhões em remuneração aos oito membros de sua diretoria, segundo informou a fintech em um documento regulatório.

Os números atraíram a atenção do mercado e das redes sociais.

Entenda: a imensa maioria (96%) desses mais de R$ 800 mi previstos será paga com opções de ações da companhia. Esse é um instrumento usado pelas empresas para segurar e incentivar os funcionários, que têm sua remuneração atrelada ao desempenho dos papéis.

  • O valor total pago aos executivos e membros do conselho de administração é de R$ 816 milhões. No ano passado, o Nubank pagou R$ 185,3 milhões para esses cargos.
  • O banco digital diz no formulário que a política de remuneração tem como objetivo atrair, reter e motivar executivos essenciais ao sucesso da empresa e garantir que eles sejam recompensados de maneira semelhante a companhias com o mesmo perfil.
  • O Nubank afirmou nesta quinta (28) que só deverá pagar a remuneração aos seus diretores este ano se metas ambiciosas de preço de suas ações forem atingidas.

Para comparar: o Itaú, que reassumiu do Nubank o posto de maior banco da América Latina, pagou no ano passado R$ 444 milhões a 45 membros dos conselhos administrativo e fiscal e da diretoria.

Os membros dos mesmos cargos do Bradesco receberam R$ 880 milhões em remuneração em 2021.

Filantropia: David Vélez, CEO do Nubank, e a mulher, a economista peruana Mariel Reyes, da Cyrela, assumiram o compromisso de doar a maior parte da fortuna em vida.

Conforme registrado pela Folha em março, o colombiano disse em entrevista que, por mais criativo que fosse, não conseguiria gastar todo seu dinheiro.


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