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Bolsa cai puxada pela Vale em dia de preocupação com a China

Principal comprador do minério brasileiro, país pode reduzir produção de aço

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São Paulo

Preocupações com a possibilidade de queda na produção de aço na China derrubaram ações do setor de materiais básicos nesta terça-feira (19), um dos mais importantes da Bolsa de Valores brasileira.

O Ibovespa caiu 0,55%, a 115.056 pontos. Pesou sobre o índice de referência do mercado de ações o tombo de 3,19% da Vale. O resultado da Bolsa também foi influenciado pelo desempenho negativo dos principais bancos do país.

Um porta-voz do governo chinês disse que o país continuará reduzindo a produção de aço neste ano, o que resultou em desvalorização dos contratos de minério de ferro. Além da incerteza sobre a demanda na China, cuja economia passa por uma desaceleração, o centro de produção de aço de Tangshan implementou outra rodada de lockdowns contra a Covid-19.

O dólar subiu 0,43%, cotado a R$ 4,6680. A moeda americana ganhou força contra as principais divisas mundiais diante da crescente expectativa dos mercados de que o aperto nas taxas de crédito em curso nos Estados Unidos será ainda mais duro do que o esperado pela maior parte dos analistas.

James Bullard, membro do comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), disse na véspera que não descartaria uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do conselho no início de maio. A previsão mais comum entre analistas é para um aumento de 0,50 ponto percentual.

Notas de dólares sobre gráfico de ações
Notas de dólares sobre gráfico de ações - Dado Ruvic - 7.nov.2016/Reuters

Ajustes agressivos do Fed também podem ser esperados para segundo semestre em um cenário em que o mercado ainda não consegue prever qual será a taxa de juros necessária para frear a inflação, comentou Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group.

Juros altos nos Estados Unidos reduzem o apetite de investidores para aplicar em mercados de ações e em moedas de países emergentes. Em vez disso, eles preferem os títulos soberanos americanos.

O Tesouro dos EUA entrega um retorno menor em comparação às economias em desenvolvimento, mas é mais seguro e, com juros um pouco mais altos, fica atraente para investimentos de longo prazo. Isso cria a expectativa de resfriamento econômico global.

Esse temor era um dos fatores que derrubava a cotação de referência do petróleo bruto nesta terça, após quatro dias em elevação, disse Rob Haworth, estrategista de investimentos do US Bank, para a Bloomberg.

No início da noite desta terça, o barril do petróleo Brent perdia 4,75%, cotado a US$ 107,21 (R$ 501,71).

Apesar da baixa, a matéria-prima segue com um preço elevado para os padrões históricos, permanecendo quase continuamente acima da barreira dos US$ 100 desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.

Perspectivas de contração da demanda por petróleo também foram fortalecidas após o FMI (Fundo Monetário Internacional) ter rebaixado a previsão de crescimento da economia global de 4,4% para 3,6% na comparação com o relatório de janeiro. Além disso, a China, principal importador da commodity, mantém restrições a atividades econômicas com a finalidade de zerar os casos de Covid no país.

Incertezas sobre a economia global também passam a cobrar um preço mais alto de algumas das principais ações do mercado brasileiro, como é o caso do setor bancário, segundo Rodrigo Simões, professor de finanças da Faculdade do Comércio de São Paulo.

As ações dos bancos BB, Itaú e Bradesco caíram 3,53%, 1,77% e 1,30%, respectivamente, nesta terça.

No mercado de juros brasileiro, a taxa DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 recuou ligeiramente pelo segundo dia seguido. Contratos com vencimentos mais distantes, porém, voltaram a subir. A taxa DI é negociada entre bancos, mas reflete a expectativa do setor de crédito quanto à política monetária do país.

Em Nova York, o índice de referência S&P 500 subiu 1,61%, com o mercado avaliando balanços empresariais do primeiro trimestre. O Dow Jones avançou 1,45%, enquanto mercado focado em tecnologia acompanhado pelo indicador Nasdaq ganhou 2,15%.

As ações da Netflix afundaram mais de 20% nas negociações pós-mercado após a empresa ter reportado a perda de 200 mil clientes no primeiro trimestre deste ano, conforme balanço financeiro apresentado na tarde desta terça. É a primeira vez em uma década que a provedora global de conteúdo em vídeo perde assinantes.

A queda global de usuários foi fortemente afetada pela saída de 700 mil clientes devido à suspensão do serviço na Rússia, decisão tomada pela empresa após o país ter invadido a Ucrânia.

Sem essa perda, a empresa teria um crescimento de 500 mil assinantes. Ainda assim, esse resultado seria frustrante quando comparado com a expectativa da Netflix em agregar mais 2,5 milhões de clientes, comentou Thiago Lobão, da Catarina Capital.

Bolsas europeias fecharam no vermelho após o feriado de Páscoa. Londres, Paris e Frankfurt cederam 0,20%, 0,83%, 0,07%, nessa ordem.

"O retorno das negociações pós-feriado é penalizado pela elevação das tensões na Ucrânia, após a Rússia iniciar a segunda fase de sua ofensiva", comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Na Ásia, o principal indicador da Bolsa de Hong Kong caiu 2,28%, enquanto o índice que acompanha as maiores empresas das cidades chinesas de Xangai e Shenzhen cedeu 0,76%.

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