Efeitos do acordo Musk-Twitter, Câmara derruba taxa de bagagem e o que importa no mercado

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Primeiros efeitos do acordo Musk-Twitter

A compra do Twitter por Elon Musk respingou nas ações da Tesla, que caíram mais de 12% nesta terça, tirando da empresa US$ 100 bilhões (ou "três Twitters") em valor de mercado.

O que explica: apesar de ter sido um dia negativo para as empresas de tecnologia em geral, a Tesla caiu muito mais. Boa parte do tombo pode ser justificado pelo modelo alinhado por Musk para financiar a transação de US$ 44 bilhões (R$ 218,5 bilhões).

  • Do total, US$ 21 bi (cerca de 10% da sua fortuna) devem sair do seu bolso. Ele não detalhou de onde vai tirar o dinheiro, o que abre a possibilidade de ter que vender parte de suas ações da montadora. Isso poderia gerar uma instabilidade nas negociações dos papéis da empresa.
  • Musk também conseguiu US$ 25,5 bi em empréstimos financeiros. Quase a metade disso será vinculada à participação acionária que possui na Tesla, estimada em torno de US$ 170 bi. A outra parte será de emissões de dívidas de suas empresas no mercado.
  • O bilionário e o Morgan Stanley, que o assessorou no processo, também estão sondando outros investidores para ajudar a rachar a conta que o sul-africano terá de pagar.

Em números: as ações do Twitter caíram 3,9%, para US$ 49,68, valor abaixo da oferta de US$ 54,20, o que indica um pé atrás dos acionistas com o sucesso da operação. Enquanto a Tesla, agora valendo US$ 920 bi, volta a deixar o seleto grupo das empresas que valem US$ 1 trilhão.

Consequências: em meio às críticas do bilionário às políticas de moderação da rede social, a União Europeia alertou Musk de que a plataforma terá de seguir as novas regras digitais do bloco. Se não andar na linha, poderá ser multada ou até banida.

  • O discurso "antimoderação" do novo dono do Twitter também tem gerado preocupação em parte dos funcionários da rede. Além de transformar o trabalho feito até aqui em pó, eles também temem que a parte de sua remuneração em ações seja prejudicada.
  • Outra angústia dos trabalhadores é se Musk irá repetir o que fez com a Tesla e transferir a sede da empresa da Califórnia para o Texas.

Câmara derruba taxa de bagagem

A Câmara aprovou nesta terça o fim da cobrança de taxa para despachar uma bagagem de até 23 quilos em voos nacionais e de uma mala até até 30 quilos em voos internacionais.

O dispositivo estava em um dos destaques de uma MP (medida provisória) aprovada que flexibiliza regras do setor aéreo. Agora, o texto precisa ser aprovado pelo Senado antes de ir à sanção. A validade da MP vai até dia 1º de junho.

Relembre: a cobrança da mala passou a ser permitida em 2016, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) editou uma resolução sobre o tema.

Em 2019, o Congresso chegou a derrubar a taxa adicional, mas a medida foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro e os parlamentares mantiveram a decisão do Executivo.

A MP: o texto-base aprovado nesta terça acaba com a necessidade de contratos de concessão das empresas aéreas e libera a construção de aeródromos sem autorização prévia.

Ele ainda permite que empresas barrem por até um ano os passageiros indisciplinados.


Regulação de operações com criptos avança

O Senado aprovou nesta terça (26) projeto de lei que vem sendo chamado de "marco regulatório das criptomoedas", por estabelecer diretrizes sobre operações feitas com esses tipos de ativos.

O projeto reúne propostas distintas que tramitavam nas duas Casas do Congresso e precisa do aval da Câmara antes de ir à sanção presidencial.

O que muda:

  • A proposta aprovada prevê que um órgão do governo terá que autorizar o funcionamento, supervisionar e aplicar punições às corretoras de ativos virtuais (exchanges).
  • Há também uma medida chamada de "mineração verde". Ela zera alíquotas de importação e comercialização de equipamentos usados em atividades ligadas às criptos, desde que só usem energia limpa. O alto consumo de energia fóssil na mineração de ativos é um problema global.
  • Os casos de fraude com criptos terão uma tipificação penal específica com penas previstas de quatro a oito anos, mais multa. Em crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, as penas serão de três a dez anos de reclusão.

Não é bem assim... Na época em que o Senado aprovou o projeto que deu origem ao atual, especialistas ouvidos pela Folha afirmaram que obrigar uma autorização do governo às corretoras que atuam no país teria pouco efeito sobre crimes de lavagem de dinheiro.

Eles afirmaram que a medida dificilmente atingirá o objetivo de evitar que pessoas continuem operando em plataformas de fora do país.


Mercado vê inflação mais salgada

As projeções do mercado para a inflação deste ano e do próximo subiram bastante desde a última pesquisa Focus divulgada pelo BC, em 28 de março.

Desde então, os servidores do órgão entraram em greve, que foi agora suspensa por duas semanas.

Em números:

  • IPCA: para 2022, a mediana passou de 6,86% no fim de março para 7,65%. Na projeção do ano que vem, o avanço foi de 3,80% para 4%. A meta da inflação pro ano atual é de 3,50% e para 2023 de 3,25%, com margem de 1 ponto percentual para cima ou para baixo.
  • Selic: a estimativa é que termine em 13,25% neste ano, ante 13% na pesquisa de março. Para 2023, se manteve em 9%.
  • PIB: as expectativas são de alta de 0,65% neste ano e de 1% no próximo. No último levantamento divulgado, eram de 0,5% e 1,30%, respectivamente.

Por que importa: com a reunião do Copom batendo na porta (3 e 4 de maio), o mercado espera por novas sinalizações do BC diante do avanço nas expectativas de inflação para 2023.

  • A partir deste encontro, a autoridade passa a focar apenas na meta do ano que vem, considerando o efeito tardio da política monetária.
  • Uma alta da Selic de 1 p.p. na semana que vem, para 12,75% ao ano, já está dada. O mercado espera agora por uma indicação do colegiado se o ciclo deve parar por aí ou ir além –como projeta a maioria dos analistas.

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