Entenda o que acontece agora com a oferta de Musk pelo Twitter

Manobra da empresa torna mais difícil e caro para executivo adquirir ações sem aprovação do conselho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lauren Hirsch
Nova York | The New York Times

No fim de semana da Páscoa, o conselho de administração do Twitter implementou uma provisão de "pílulas venenosas", numa tentativa de bloquear Elon Musk, que quer comprar a plataforma de rede social.

A manobra, que tornaria mais difícil e caro para Musk adquirir ações sem a aprovação do conselho, dará tempo à direção do Twitter para avaliar a oferta e possivelmente convidar outros compradores por meio de um processo de venda.


Pelo menos uma empresa de private equity, a Thoma Bravo, está interessada, embora não esteja claro se isso resultará em uma oferta formal. Há também outras medidas que Musk poderá tomar para contornar o conselho relutante do Twitter. As ações da empresa subiram mais de 2% no pré-mercado antes do primeiro pregão desde que a pílula venenosa foi anunciada.

Enquanto isso, o boletim DealBook do The New York Times discutiu algumas das principais questões que permanecem sobre a caça de Musk pelo Twitter:

Musk se tornará hostil?


Ele parece estar ameaçando; pelo menos é o que parece implicar seu tuíte citando a música "Love Me Tender", de Elvis Presley. Em uma oferta pública de aquisição, também conhecida como oferta hostil, Musk iria diretamente aos acionistas, pedindo-lhes que "ofertassem" suas ações a um determinado preço (sua oferta é de US$ 54,20, ou R$ 253,33, por ação, por enquanto). Isso exigiria que ele preenchesse um formulário na Comissão de Valores Mobiliários que, entre outras coisas, desse detalhes sobre o financiamento por trás de sua oferta. Isso é importante porque restam dúvidas sobre como Musk conseguiria o dinheiro para pagar por um acordo no Twitter.

É preciso lembrar que Musk ainda está lidando com as consequências jurídicas das alegações que fez sobre o financiamento de sua tentativa fracassada de tornar a Tesla privada em 2018.

Elon Musk em convenção em Washington, DC - Brendan Smialowski - 9.mar.2020/AFP

Uma oferta hostil poderia anular a 'pílula venenosa' do Twitter?


Não, mas pode pressionar o conselho do Twitter a remover a defesa, se acionistas suficientes apoiarem a oferta de Musk. Em 2012, por exemplo, a CVR Energy removeu uma pílula venenosa que havia adotado para frustrar o investidor ativista Carl Icahn depois que sua oferta pública ganhou amplo apoio.

Quanto vale o Twitter?


Vários analistas disseram achar a oferta de Musk muito baixa e que o conselho provavelmente só aceitaria uma proposta de US$ 60 (R$ 280,44) por ação ou mais. Mas isso se baseia parcialmente na capacidade do Twitter de atingir grandes metas financeiras em 2023: 315 milhões de usuários e US$ 7,5 bilhões (R$ 35,1 bilhões) em receita, contra 217 milhões de usuários e US$ 5,1 bilhões (R$ 23,8 bilhões) em receita em 2021.

As ações do Twitter subiram acima de US$ 70 (R$ 327,18) por ação quando anunciou essas metas no ano passado, mas desde então caíram para cerca de US$ 45 (R$ 210,33), com os investidores questionando a capacidade da empresa de atingir suas metas e afastar a concorrência de outros sites de rede social. A administração continua confiante: "Nossa estratégia e nossas metas para 2023 que divulgamos há cerca de um ano não mudaram", disse Parag Agrawal, diretor executivo do Twitter, em fevereiro.

Quanto vale um Twitter "sem censura"?


Isso é ainda mais difícil de dizer. Musk sugeriu que ele promoveria mais "liberdade de expressão" na plataforma, mas os membros do Twitter apontam como aviso a estagnação do crescimento de usuários em 2016, antes que a empresa reforçasse a moderação de conteúdo.

"Eles fizeram os usuários aumentarem significativamente nos últimos anos", disse Rich Greenfield, analista do setor de mídia na LightShed Partners. "Tornar a plataforma um caos vai fazer os usuários irem na direção errada, eu acho."

Outros compradores vão intervir?


Talvez. As preocupações antitruste provavelmente dificultariam a vida de muitos compradores corporativos, especialmente no setor de tecnologia. É um cheque considerável para private equity, superando em muito os US$ 30 bilhões (R$ 140,2 bilhões) da Medline no ano passado, a maior aquisição alavancada em mais de uma década. O fluxo de caixa livre limitado do Twitter também torna menos atraente o financiamento com muitas dívidas.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.