Descrição de chapéu Financial Times Guerra na Ucrânia Rússia

Frota de cinco iates de US$ 1 bilhão de Roman Abramovich é revelada

A descoberta do último barco salienta o véu de sigilo sobre os ativos do oligarca atingido por sanções

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Robert Smith, Cynthia O'Murchu e Arash Massoudi
Financial Times

O oligarca russo Roman Abramovich possui ou está ligado a uma coleção de cinco iates estimados em quase US$ 1 bilhão, incluindo vários barcos cuja propriedade permanecia em segredo até esta semana.

Uma investigação do Financial Times sobre os ativos do bilionário levantou o véu de sigilo que ele mantém sobre sua riqueza, mesmo depois que o Reino Unido e a União Europeia impuseram sanções a ele após a invasão da Ucrânia pela Rússia por sua suposta amizade com o presidente Vladimir Putin.

As autoridades do Reino Unido e da UE estão tentando identificar todos os ativos de propriedade de oligarcas sancionados. Abramovich já foi amplamente considerado o dono dos iates Solaris e Eclipse –no valor de US$ 474 milhões e US$ 437 milhões, respectivamente, de acordo com o serviço de dados de iates VesselsValue. Mas o FT revelou esta semana que ele também é dono de Halo e Garçon, ambos ancorados em Antígua, no Caribe.

Homem grisalho, de barba e olhos claros, aplaude
O bilionário russo Roman Abramovich, durante um jogo do Chelsea, em agosto de 2016. - Justin TALLIS / AFP

O governo de Antígua não sabia da propriedade dos barcos ancorados na ilha antes das investigações do FT, destacando a escala do desafio que as autoridades do Reino Unido e da UE enfrentam para aplicar as sanções.

Tom Keatinge, diretor do Centro de Estudos de Crimes Financeiros e Segurança do instituto de estudos britânico Royal United Services Institute, disse que governos, bancos e outras instituições que tentam impor sanções precisam navegar em um mundo onde "as trilhas de propriedade se esfriam e se transformam numa névoa de empresas de fachada, procuradores e fantoches".

Halo e Garçon estão avaliados em US$ 38 milhões e US$ 20 milhões, respectivamente, e agora correm o risco de ser apreendidos.

Em uma carta ao alto comissário britânico em Barbados sobre os iates, o ministro das Relações Exteriores de Antígua, Paul Chet Greene, disse que a ilha "dará total assistência ao governo do Reino Unido" se receber um pedido sob o Tratado de Assistência Jurídica das duas nações.

A carta observou que Antígua havia solicitado informações sobre a empresa proprietária dos dois barcos –a Wenham Overseas Limited, registrada nas Ilhas Virgens Britânicas– após "alegações persistentes do Financial Times de que os navios poderiam pertencer a Roman Abramovich".

Em resposta, o alto comissariado britânico forneceu às autoridades de Antígua uma carta, vista pelo FT, "da Agência de Investigação Financeira das Ilhas Virgens Britânicas, que afirma que o beneficiário efetivo da Wenham Overseas Ltd é Roman Abramovich".

A carta também mostra que o endereço do bilionário na Suíça está listado simplesmente como "Immeuble, Gatzby Le Magnifique" (Edifício Gatsby o Magnífico).

Keatinge descreveu a capacidade do Reino Unido de exigir informações completas sobre a propriedade de empresas registradas em territórios ultramarinos ou dependências da coroa como sua "arma global mais poderosa" no combate ao sigilo financeiro.

No entanto, ele perguntou: "Quanto essa arma está sendo usada?"

Uma pessoa informada sobre a coleção de barcos de Abramovich e documentos vistos pelo FT indicam que o oligarca também pode ser o proprietário do Sussurro, o primeiro iate que ele comprou, em 1998, apesar de relatos de que o havia dado a uma ex-mulher em divórcio.

A pessoa que identificou corretamente os dois iates em Antígua como pertencentes a Abramovich disse ao FT que o oligarca ainda possui Sussurro.

proprietário do navio está listado nos registros marítimos como Vesuvius International Limited, nas Ilhas Virgens Britânicas. Documentos das Ilhas Virgens Britânicas mostram que essa empresa foi fechada em 2017. Outra Vesuvius International foi registrada em Jersey no mesmo ano.

O proprietário da Vesuvius International, com sede em Jersey, está listado como Wotton Overseas Holdings Limited. Essa entidade –que mudou das Ilhas Virgens Britânicas para Jersey em 2017– também é proprietária, por meio de uma subsidiária, de um helicóptero que foi fotografado várias vezes pousando no iate Solaris de Abramovich.

Os serviços de rastreamento marítimo mostram que o Sussurro, avaliado em US$ 11 milhões, está ancorado em La Ciotat, no sul da França –mesmo porto onde o governo francês apreendeu no mês passado um superiate de US$ 116 milhões pertencente a uma empresa vinculada a Igor Sechin, chefe do grupo petrolífero russo Rosneft.

A empresa que administra Sussurro é a Blue Ocean Management, sediada em Chipre, que também administra o Le Grand Bleu, superiate de 113 metros que Abramovich teria dado a seu sócio Eugene Shvidler.

O Reino Unido colocou Shvidler sob sanções na semana passada. ​

A carta da agência de investigação financeira das Ilhas Virgens Britânicas a seus homólogos britânicos também revela que o proprietário do Le Grand Bleu –Ashchurch Holdings Limited– é de propriedade de "Zarui Shvidler". A mulher de Shvidler é comumente conhecida como Zara Shvidler.

A VesselsValue fixou o valor de mercado do Le Grand Bleu em uma faixa de US$ 110 milhões a US$ 130 milhões, observando que o barco havia sido rastreado pela última vez esta semana no Mar do Caribe, na costa de Porto Rico.

Representantes de Abramovich e Shvidler não responderam a pedidos de comentários.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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