'Gasto mais tempo com clientes do que com livros de negócios', diz bilionário brasileiro de 26 anos

Henrique Dubugras defende vantagens do trabalho remoto e diz que pretende ajudar startups brasileiras

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Boston

O empresário Henrique Dubugras, 26, disse ter um arrependimento em relação ao seu início de carreira: ter passado muito tempo lendo livros de negócios em vez de conversar mais com clientes, especialmente os mais jovens.

"Conforme você lê os livros de negócios, vê estruturas estratégicas, e elas são lindas, incríveis. Mas o problema quando você está muito focado na estratégia é que você esquece o cliente, a pessoa para quem você está na verdade vendendo", comentou, durante um debate no evento Brazil Conference, em Boston, neste sábado (9).

Dubugras, que faz parte da lista dos bilionários, também comentou a questão de, aos 26 anos, já não ser a pessoa mais jovem nos ambientes de trabalho que frequenta, e que também busca entender melhor o que esse público mais novo pensa.

Henrique Dubugras, durante o evento Brazil Conference, em Boston
Henrique Dubugras, durante o evento Brazil Conference, em Boston - Rafael Balago/Folhapress

"Quem tem 18 anos hoje nasceu em 2004. Eles nunca viveram em um mundo onde o Facebook não exista. Há toda uma nova geração, são adultos, tomando decisões e criando cultura e movendo o mundo. Que tipo de negócios eles estão criando? Em que tipo de negócios estão interessados? Este é o tipo de coisa que tento gastar tempo hoje: muito mais tempo com consumidores e menos tempo com livros", prosseguiu.

Dubugras entrou para a lista de bilionários da revista Forbes neste mês. Vindo de São Paulo, ele é um dos fundadores da Brex, empresa de cartões corporativos para startups, ao lado de Pedro Franchesci, 25. A fortuna de cada um deles foi estimada pela revista em US$ 1,5 bilhão.

O empreendedor dividiu o debate com o também bilionário Jorge Paulo Lemann, atualmente o homem mais rico do Brasil, segundo a Forbes, e com Justin Mateen, co-fundador do aplicativo Tinder.

O trio tratou sobre a inovação nos modelos de trabalho depois da pandemia. Eles apontaram que o expediente remoto traz vantagens por facilitar a contratação de pessoas de várias partes do mundo, mas que o sistema dificulta a incorporação de jovens profissionais às empresas.

"Em 2019, se alguém me perguntasse sobre trabalho remoto, eu diria que não iríamos para este modelo de modo algum. Alguns anos depois, somos uma das primeiras empresas que anunciaram que serão 'remote first' para sempre. Hoje temos 40% dos nossos funcionários de fora da Bay Area [região de San Francisco]. A maior vantagem é a maior facilidade para contratar", contou.

Já Lemann respondeu que "eu gosto para mim. Acho que isso funciona para vários tipos de empresas, mas para outras não. Com o tempo, as pessoas vão perceber para quais funcionam", ponderou.

As pessoas mais ricas do mundo

Fonte: Lista da Forbes 2022

  1. ELON MUSK (EUA)

    Patrimônio líquido: $ 219 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão)

  2. JEFF BEZOS (EUA)

    Patrimônio líquido: $ 171 bilhões (cerca de R$ 789,4 bilhões)

  3. BERNARD ARNAULT E FAMÍLIA (FRANÇA)

    Patrimônio líquido: US$ 158 bilhões (cerca R$ 729,4 bilhões)

  4. BILL GATES (EUA)

    Patrimônio líquido: US$ 129 bilhões (cerca de R$ 595 bilhões)

  5. WARREN BUFFET

    US$ 118 bilhões (cerca de R$ 544,7 bilhões)

Dubugras também deu outros conselhos, como buscar investir em áreas que estão crescendo. Ele contou que quando começou a trabalhar com pagamentos, havia apenas duas grandes empresas no setor, o que deixava espaço para o surgimento de novas soluções. "Se você puder encontrar uma ideia pela qual você é apaixonado em lugar que está em um mercado em crescimento, há um bom impulso. Ajuda muito."

"Eu amo pensar sobre o segundo ou terceiro efeito das coisas. iPhones vieram. Eles têm GPS, então você pode ter aplicativos de entrega ou Uber. E aí há todos esses ubers e a gig economy, que agora são uma grande parte da economia. Que serviços podemos prover para eles? O que vai mudar no mundo se 10% da população do país entrar para a gig economy?", ponderou

Como ser um empreendedor?

O empresário ressaltou que a melhor forma de se treinar para ser um empreendedor é sendo um e tentando criar uma empresa. E que falhou algumas vezes antes de conseguir estabelecer a Brex.

Perguntado sobre as diferenças entre empreender no Brasil e nos EUA, disse avaliar que falta capital disponível em seu país natal. "Se você olhar para as companhias de maior sucesso no Brasil, elas foram capazes de vir aos EUA, levantar dinheiro aqui e implantar ele lá", apontou.

Por conta desta dificuldade, Dubugras disse que prefere ajudar mais empreendedores do Brasil a avançar. "Eu escolheria dez vezes mais gastar tempo e dinheiro ajudando o Brasil do que ajudar fundos de doação de Stanford ir de 30 para 31 milhões."

Questionado sobre lidar com o sucesso, ele disse considerar a autopercepção como um ponto importante. "Você pensa que é imune a alguns dos clichês que acontecem quando você tem muito sucesso, mas não é. Para mim, isso é superimportante porque desde que tinha 15 anos, eu tinha jornalistas e pessoas dizendo 'ele é um gênio. É tão inteligente'. Tão bom", diz.

"Pessoas o suficiente para fazerem você acreditar nisso. Você precisa de sistemas na sua vida para voltar e dizer 'ei, você não é tão bom'. Ter pessoas, ou mesmo palavras-chave que vão te dizer isso", afirma.

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