Guedes embarca para reuniões do FMI nos EUA para discutir efeitos da guerra

Brasil também pretende tentar reduzir o desgaste com a comunidade internacional diante do retrocesso ambiental do governo

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Brasília

O ministro Paulo Guedes (Economia) embarca neste domingo (17) rumo aos Estados Unidos para participar de uma série de reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. No centro das discussões estará o cenário de estresse da economia global devido aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia.

A situação financeira de muitos países que se endividaram de maneira intensiva em meio à crise da Covid-19 tem levantado preocupações e o FMI pretende avançar na criação de um novo fundo com o objetivo de fornecer resiliência e sustentabilidade às nações mais fragilizadas.

A intenção do FMI é canalizar parte de um total de US$ 650 bilhões em recursos emitidos em 2021 de países com posições financeiras externas fortes para países vulneráveis por meio de financiamento de longo prazo.

O ministro Paulo Guedes (Economia) caminhar para participar da cerimônia de hasteamento da bandeira no palácio da Alvorada. - 17.mar.2022-Pedro Ladeira/Folhapress

Para atender à demanda projetada, o fundo precisa mobilizar inicialmente cerca de US$ 50 bilhões em recursos totais de acordo com projeções do FMI. A expectativa é que o novo fundo entre em operação até o fim do ano.

As preocupações com segurança energética e alimentar em escala global também vão permear os debates. De acordo com membros do governo que falaram sobre a agenda, o Brasil quer se colocar como uma solução no atual contexto (por ser um grande produtor de commodities) e pretende usar essa posição de vantagem para construir ou reforçar as pontes com a comunidade global.

O Brasil também tem reiterado durante as discussões multilaterais que pretende trilhar um caminho de crescimento verde, mostrando ter o que considera serem ativos ambientais relevantes, como a matriz energética do país –vista pelo governo como a mais limpa do G20– e iniciativas recentes como um programa de incentivo à reciclagem anunciado nos últimos dias.

A argumentação da agenda verde faz parte de uma tentativa de responder às pressões da comunidade internacional sobre a política de retrocesso ambiental do governo brasileiro em diferentes frentes, mas sobretudo quando o tema é a entrada do país na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) –movimento que tem sido ameaçado pela preocupação com a degradação do meio ambiente no Brasil durante o governo Bolsonaro.

O convite para o Brasil entrar na OCDE foi aprovado em janeiro pelos membros do conselho da Organização, o que iniciou um processo negociador que deve durar pelo menos dois anos. Mas, para ter sucesso, o Brasil precisa aderir uma série de normativos e condições —como a redução de desmatamento e medidas de mitigação de mudanças climáticas previstas no acordo de Paris.

O Ministério das Relações Exteriores da França publicou uma nota em janeiro dizendo que a entrada do Brasil na OCDE dependerá de progressos sérios, concretos e mensuráveis na luta contra o desmatamento e as mudanças climáticas.

O comunicado se estende aos outros cinco países postulantes (Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia), mas serve como um aviso indireto ao Brasil, cuja política ambiental tem sido reiteradamente criticada pelo governo de Emmanuel Macron. A França é um dos 38 países que integram o grupo e que precisam dar consenso para confirmar o ingresso na entidade.

Essa é a segunda viagem internacional de Guedes em cerca de três semanas. No fim de março, ele foi a Paris participar das reuniões da OCDE. Às vésperas de embarcar, ele disse que o Brasil é apenas um "pequeno transgressor" ambiental e que iria negociar um valor a ser pago por outros países pela proteção dos recursos naturais.

"O Brasil não é o cara que polui o mundo. É um pequeno transgressor, um pequeno poluidor", afirmou. "De vez em quando tem uma floresta que queima aqui e ali", disse.

Além das reuniões com as autoridades internacionais, Guedes vai ter encontros com representantes da iniciativa privada —como membros do mercado financeiro. Os nomes ainda não foram divulgados pelo Ministério da Economia.

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