​Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (20). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.

Netflix perde assinantes e pode ter anúncios

A Netflix divulgou em seu balanço nesta terça (19) que perdeu 200 mil assinantes de janeiro a março deste ano e projeta que mais 2 milhões deixarão a plataforma no trimestre atual.

​Diante do resultado negativo, Reed Hastings, CEO da companhia, disse que a empresa estuda oferecer uma versão com preços mais baixos e com anúncios na plataforma. Seria uma reviravolta para o modelo de negócios que sempre se baseou em assinaturas.

A reação do mercado à queda dos assinantes foi péssima e as ações despencaram 25% nas negociações realizadas após o fim do pregão nos EUA.

Em números: foi a primeira vez que a líder do streaming perde assinantes desde 2011. Para ter uma noção do tombo, a estimativa feita em janeiro pela companhia, de que sua base cresceria 2,5 milhões no período, já havia derrubado as ações na época.

A Netflix fechou o trimestre com 221,6 milhões de assinantes. Com base no preço das ações nesta terça, antes da divulgação do balanço, os papéis acumulavam um tombo de mais de 40% no ano.

O que explica: a companhia afirmou em seu resultado que dois fatores principais estão dificultando seu crescimento em alguns mercados:

1. Contas compartilhadas: a líder do streaming apontou que, apesar de possuir 222 milhões de assinantes, 100 milhões de contas são divididas com pessoas de outras casas.
   
   Como resposta, a gigante anunciou no mês passado testes no Chile, Costa Rica e Peru para cobrar uma taxa das contas compartilhadas com moradores de outras casas. Os valores a mais cobrados variam entre US$ 2 e US$ 3.

1. Concorrência: os grandes grupos de mídia não entraram para brincar no mercado de streaming e ameaçam o reinado da pioneira Netflix.

• O primeiro grande resultado dos investimentos da Disney+ veio no último trimestre do ano passado, quando ela ultrapassou a Netflix pela primeira vez em número de novos usuários. Sua base cresceu em 11,8 milhões no período, para 129,8 milhões de assinantes.

Impacto nos resultados: a Netflix também atribuiu a queda no número de assinantes a sua decisão de suspender o serviço na Rússia após a invasão da Ucrânia, o que resultou na perda de 700 mil clientes.

A parceria entre Mercado Livre e Gol

O Mercado Livre fechou uma parceria de dez anos com a companhia aérea Gol para a entrega de encomendas em todo o país, em especial para atender as regiões Norte e Nordeste.

Em números: com o acordo, a líder do ecommerce no país espera reduzir em até 80% o tempo de entrega para rotas mais longas, como Norte e Nordeste, e em até 50% para o Centro-Oeste.

• Uma encomenda para Manaus, que antes demorava de oito a nove dias, chegará em até 48 horas, prazo que também valerá para os moradores da maioria das capitais do Nordeste, que antes esperavam de três a quatro dias.

• Os voos sairão de São Paulo e um terço da frota irá atender as regiões Sul e Sudeste. As seis aeronaves da Gol se somam às três que o Mercado Livre já tem, frutos de acordos com a Sideral e a Azul Cargo. O número de encomendas aéreas anuais passará de 10 milhões para 40 milhões.

Por que importa: na acirrada competição do ecommerce nacional, em que os sites asiáticos vêm ganhando espaço e as grandes varejistas estão investindo pesado em tecnologia e logística, o prazo de entrega é um diferencial para conquistar os clientes.

E a Gol nisso tudo? Só neste ano, a parceria vai render R$ 100 milhões para o seu braço de cargas e encomendas. Em cinco anos, a projeção é de aumento de R$ 1 bilhão na receita da companhia.

O acordo ainda evita o custo de devolução dessas aeronaves dentro do contrato de leasing. Também há a possibilidade de adicionar outras 6 aeronaves de carga até 2025.

Mercado Livre no Brasil: o marketplace fundado na Argentina não tem poupado recursos para manter a liderança em seu maior mercado.

No mês passado, anunciou que irá investir R$ 17 bilhões no país em 2022, um crescimento de 70% ante o ano anterior. A maior parte da grana deve ir para o Mercado Pago, fintech do grupo que oferece serviços de carteira digital, conta bancária, créditos a empresas etc.

Privatização da Eletrobras em risco

Analistas do mercado e integrantes do governo já consideram que a privatização da Eletrobras neste ano pode subir no telhado.

Um esperado pedido de vista no processo que corre no TCU (Tribunal de Contas da União) deve atrapalhar de vez os planos de desestatização da companhia em 2022.

Entenda: no julgamento marcado para esta quarta (20), o ministro Vital do Rêgo, crítico ao processo desde o primeiro julgamento na corte, deve pedir vista para analisar o voto do relator Aroldo Cedraz.

Dentro do tribunal, porém, há a expectativa de que um acordo seja alcançado para que o prazo de paralisação seja menor que o limite de 60 dias.

Calendário: o prazo é importante porque a janela para fazer a privatização no primeiro semestre está se fechando. Para que a conclusão da oferta de ações em Bolsa seja feita até 13 de maio, a operação precisaria ser lançada até 27 de abril, ou seja, daqui uma semana.

Caso contrário, o processo ficaria para o segundo semestre, quando a campanha eleitoral entra na fase decisiva e deve afastar os investidores, afirmam os analistas do mercado.

Relembre: a privatização da Eletrobras foi arquitetada para ser feita com novas emissãos de ações no Brasil e nos EUA, reduzindo a fatia da União na empresa, hoje de 70%, para 45%. Nesse segundo julgamento no TCU, os ministros discutirão o preço mínimo da ação.

Dois lados: parlamentares do PT ingressaram na segunda-feira com ações na Justiça e no TCU para tentar impedir o processo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas para a eleição à presidente, já declarou que o partido não apoia a operação.

Do outro lado está o presidente Jair Bolsonaro (PL), que quer ver a privatização finalizada ainda no primeiro semestre para poder usá-la como bandeira de campanha à sua reeleição.

Dê uma pausa

• Para assistir "Icahn: O Bilionário Incansável" - no catálogo da HBO Max.

Carl Icahn, 86, é considerado um dos maiores "investidores ativistas" dos EUA.

Entenda: esse tipo de agente do mercado costuma adquirir ações de empresas que considera estar desvalorizadas por causa de uma gestão ruim e pressiona o comando da companhia a tocá-la do modo que ele acha mais apropriado.

• Hoje com uma fortuna de US$ 16,5 bilhões (R$ 76 bi), Icahn começou nos negócios como corretor da Bolsa em Wall Street nos anos 1960 —depois de obter um diploma universitário em filosofia.

• Ele tem uma reputação de "tubarão" financeiro impiedoso pela compra hostil (semelhante ao que Musk quer fazer com o Twitter) de várias empresas relevantes, como Netflix, PayPal e Herbalife.

Excêntrico: Icahn é também um grande personagem, como dá para ver no documentário.

• Algumas de suas frases destacadas pela obra são "eu fiz tanto dinheiro porque o sistema é muito ruim, não porque sou um gênio" e "os trabalhadores em Wall Street recebem muito mais do que deveriam".

• No Twitter, ele já se definiu com a frase "alguns ficam ricos estudando inteligência artificial. Eu faço dinheiro estudando a burrice humana."

• O bilionário americano, porém, não acumula só acertos, e vendeu a participação do fundo que geria na Apple em 2015, preocupado com as perspectivas da empresa na China. Desde então, os papéis da empresa valorizaram mais de 225%.

Além da economia:

• Cabo eleitoral: podcast explica a corrida de bolsonaristas para esconder vídeos no YouTube; ouça.

• 'Animais Fantásticos': saiba como assistir aos filmes que surfam no mundo de Harry Potter.