Descrição de chapéu petrobras

Preço do diesel: quase 90% dos transportadores são contra política da Petrobras

Valor do combustível dificulta operações, diz pesquisa da CNT

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Rio de Janeiro

A maior parte dos empresários do transporte rodoviário de cargas é contrária à política de preços do óleo diesel em vigor no país e enxerga no valor do combustível uma grande dificuldade para a operação dos negócios.

As conclusões integram uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (7) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte).

Segundo a entidade, 87,5% dos entrevistados têm opinião contrária à política de preços praticada pela Petrobras.

Apenas 3,9% são favoráveis à estratégia seguida pela estatal. Outros 6% são indiferentes em relação ao assunto, e 2,6% não sabem ou não responderam.

Caminhão em posto de parada na região de Campinas (SP) - Jardiel Carvalho - 1º nov.2021/Folhapress

A pesquisa ainda indicou que 82,3% dos empresários citaram os preços do diesel entre as maiores dificuldades para operação dos negócios. É o maior percentual de respostas entre os obstáculos mencionados pelo setor.

Em seguida, aparecem a carga tributária (56,5%), a dificuldade de reajustar o valor do frete (40,1%) e a burocracia na operação dos serviços (28%).

A Pesquisa CNT Perfil Empresarial foi realizada no período de 8 de setembro a 8 de outubro de 2021. A amostra teve 464 entrevistas validadas.

A disparada dos combustíveis no Brasil virou tema recorrente de manifestações de lideranças políticas e empresariais.

A atual política de preços da Petrobras, que envolve o diesel, leva em conta a variação do petróleo no mercado internacional e o comportamento da taxa de câmbio.

Ao longo da pandemia, os combustíveis tiveram forte avanço no Brasil. Com os efeitos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia, a gasolina, o diesel e o gás de cozinha voltaram a subir em março.

Na ocasião, a Petrobras confirmou um mega-aumento nas refinarias. O diesel subiu 24,9% à época.

A carestia incomoda o presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve tentar a reeleição em 2022 e teme os impactos da perda do poder de compra do eleitorado.

Pesquisa Datafolha indicou que 68% dos brasileiros atribuem ao governo a responsabilidade pela alta de combustíveis.

Nos últimos meses, Bolsonaro enfileirou críticas à Petrobras e decidiu demitir o presidente da companhia, general Joaquim Silva e Luna.

Inicialmente, o governo indicou como substituto o economista Adriano Pires, atual diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). Porém, ele recusou o convite, em meio ao debate sobre um possível conflito de interesses.

Pressionado a encontrar uma nova alternativa, o governo indicou na quarta-feira (6) o nome de José Mauro Ferreira Coelho para presidir a Petrobras.

Coelho é presidente do Conselho de Administração da estatal PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) e estava cumprindo quarentena, após ter pedido demissão, em outubro do ano passado, do cargo de secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME (Ministério de Minas e Energia).

Como mostrou a Folha, a expectativa do mercado é de que o novo presidente mantenha a política comercial da Petrobras.

Conforme dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o óleo diesel acumulou inflação de 40,54% em 12 meses até fevereiro.

Segundo analistas, a disparada espalha reflexos em setores diversos da economia brasileira, já que encarece o transporte de cargas e passageiros.

A situação vem gerando uma onda de críticas de caminhoneiros ao governo e à Petrobras. Parte da categoria chegou a organizar greves no ano passado, mas as paralisações não ganharam corpo.

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