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Twitter rebate proposta de Musk com estratégia para forçar negociação

Empresário, que questiona políticas de moderação da rede social, fez oferta de US$ 43 bi para a compra

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Lauren Hirsch Kate Conger
Nova York | The New York Times

O Twitter revelou nesta sexta-feira (15) seu contra-ataque a Elon Musk, colocando em prática uma manobra corporativa conhecida como "poison pill" (pílula venenosa). A estratégia visa atrapalhar ou bloquear a oferta de US$ 43 bilhões (R$ 197 bilhões) de Musk para comprar a rede.

A estratégia, concebida por escritórios de advocacia na década de 1980 para proteger as empresas de invasores corporativos, permite que a empresa que é alvo da aquisição inunde o mercado com novas ações ou deixe que acionistas que não sejam as partes interessadas no negócio as comprem com desconto.

Essa tática serve para desencorajar e evitar que o controle acionário seja transferido para um grande investidor ou corporação de forma hostil. E isso significa que qualquer um que tentar adquirir a empresa deve negociar diretamente com o conselho.

A "pílula" será acionada assim que qualquer indivíduo ou um grupo de pessoas comprarem 15% ou mais das ações do Twitter. Musk atualmente possui mais de 9%.

Elon Musk em convenção em Washington, DC - Brendan Smialowski - 9.mar.2020/AFP

O Twitter disse que o plano estará em vigor até 14 de abril do próximo ano, acrescentando que não impediria a empresa de realizar negociações sobre venda com qualquer potencial comprador, mas que o mecanismo lhe dará mais tempo para negociar um acordo.

Na quinta (14), Musk anunciou sua intenção de adquirir o serviço de mídia social, uma compra que ele acreditava que permitiria reverter as políticas de moderação do Twitter.

Na semana passada, o Twitter ofereceu a Musk um lugar no conselho, mas o acordo azedou quando ficou claro que ele não poderia mais criticar livremente a empresa.

Ele rejeitou a oferta no sábado (9) e comunicou ao Twitter na noite de quarta-feira (13) sobre seus planos de aquisição. A manobra é a última estratégia do Twitter para conter o bilionário.

O Twitter disse em comunicado que seu plano "é semelhante a outros planos adotados por empresas de propriedade pública em circunstâncias comparáveis".

As empresas são muitas vezes cautelosas em usar "pílulas venenosas", porque elas limitam os direitos dos acionistas. Ainda assim, alguns críticos, como o Institutional Shareholder Services, um influente grupo consultivo, indicaram que estão abertos à tática em certas circunstâncias.

Se Musk, da Tesla e da SpaceX, quer continuar sua perseguição ao Twitter, agora ele precisará levar o plano aos acionistas. Ao fazer uma oferta pública, ele teria de convencer os investidores do Twitter a venderem suas ações diretamente para ele, permitindo que ele ganhe o controle da empresa.

Os outros principais acionistas do Twitter, segundo a FactSet, incluem o Vanguard Group, com uma participação de 10,3%; o Morgan Stanley Investment Management, com participação de 8%; e BlackRock Fund Advisors, com 4,6%.

Um dos fundadores do Twitter, Jack Dorsey, que é amigo de Musk, tem uma participação de 2,2%. A Ark Investment Management, liderada por Cathie Wood, uma estrela da comunidade de investidores Reddit, tem uma participação de 2,15%.

Musk parecia estar se preparando para travar uma batalha prolongada na quinta-feira. Ainda assim, não está claro quem estará do lado dele.

Sua oferta inicial deixou em aberto questões significativas sobre sua capacidade de financiamento. Musk contratou o Morgan Stanley para assessorar a oferta, embora o banco de investimento não seja tipicamente conhecido por financiar negócios em larga escala por conta própria.

E os acionistas do Twitter pareciam cautelosos: as ações caíram quase 2% na quinta-feira, fechando a US$ 45,08 (R$ 214) —significativamente abaixo da oferta de Musk. Os mercados fecharam nesta sexta-feira por conta do feriado.

O príncipe Alwaleed bin Talal, da Arábia Saudita, que se apresenta como um dos maiores e mais antigos acionistas do Twitter, disse na quinta-feira que a oferta deveria ser rejeitada, por não ser alta o suficiente e nem refletir o "valor intrínseco" da empresa. Analistas também sugeriram que o preço oferecido por Musk era muito baixo e não refletia o desempenho recente do Twitter.

Musk argumentou que tornar o Twitter privado permitiria que a plataforma tivesse mais liberdade de expressão.

"Ter uma plataforma pública que seja extremamente confiável e amplamente inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização", disse ele em entrevista na conferência TED, na quinta-feira.

Ele também insistiu que o algoritmo que o Twitter usa para classificar seu conteúdo, decidindo o que centenas de milhões de usuários veem no serviço todos os dias, deve ser público e auditável.

As preocupações de Musk são compartilhadas por muitos executivos no Twitter, que também pressionaram por mais transparência sobre seus algoritmos. A empresa publicou pesquisas internas sobre o viés de seus algoritmos e financiou um esforço para criar um padrão aberto e transparente para serviços de mídia social.

Mas o Twitter rechaçou as táticas agressivas de Musk. Após uma reunião do conselho na quinta-feira de manhã, a empresa começou a estudar opções para bloquear o movimento do bilionário.


Entenda a "poison pill"

  • Concebida por escritórios de advocacia na década de 1980 para proteger as empresas de invasores corporativos, a pílula de veneno permite que a empresa que é alvo da aquisição inunde o mercado com novas ações ou deixe que acionistas que não sejam as partes interessadas no negócio as comprem com desconto
  • Manobra serve para desencorajar e evitar que o controle acionário seja transferido para um grande investidor ou corporação de forma hostil
  • Qualquer um que tentar adquirir a empresa deve negociar diretamente com o conselho
  • A "pílula" será acionada assim que qualquer indivíduo ou um grupo de pessoas comprarem 15% ou mais das ações do Twitter. Musk atualmente tem mais de 9% dos papéis
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