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A cafonice bilionária do 'Muskverso'

No mundo do bilionário, tudo parece forçado, triste e um pouco emburrecido

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Ronald Villardo

Outro dia, uma amiga que mora na Chapada dos Veadeiros me relatou um susto: "A noite estava linda, sem uma nuvem no céu. E de repente, avistei uma fila de luzes que se movimentavam ordenadamente lá em cima. Tive certeza de que eram discos voadores. Corri para dentro de casa. Abri a internet. E quando entendi o que era, fiquei arrasada". Ao contrário do que a querida Isabelle imaginava, não estávamos prestes a travar contatos imediatos com seres extraterrestres. A localização geográfica da Chapada apenas permitiu a visibilidade a olho nu dos satélites da Starlink, empresa de Elon Musk, o homem mais cafo… quer dizer, mais rico do mundo.

Sem entrar no mérito do que teria exatamente gerado tamanha riqueza —deixemos tal parte para quem monitora a vida dos abonados—, não é difícil identificar a breguice dos excessos do Muskverse. Evidentemente, um homem poderoso é um homem poderoso, e é bastante natural que ele entre em contato com outros homens poderosos para alavancar negócios. O problema é quando tudo isso adquire contornos messiânicos.

É o clima de culto desenfreado à personalidade que parece assustador. Se antes era possível observar as excentricidades de Musk de longe, a partir de hoje vamos testemunhar a loucura daqui mesmo, no nosso país. Começando por esta visita relâmpago que poderia ter sido um email. E adicionando a pronta disponibilidade de figurões brasileiros para servir de plateia do show pirotécnico que parece cercar o evento.

O presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, na fábrica da montadora em Xangai, na China - Aly Song - 7.jan.2019/Reuters

E como se não bastasse o intenso barulho em torno da reunião em si, Musk ainda acordou com um problema a mais nesta sexta-feira: uma acusação de assédio sexual publicada pelo site "Business Insider". A vítima teria sido uma funcionária da SpaceX e o caso teria acontecido em 2016. Uma história que nada orna com o conforto da poltronas de couro do jato a bordo do qual ele chegou. E muito menos com a elegância dos lençóis de algodão egípcio do Fasano Boa Vista, onde ele ficou hospedado.

Lamentavelmente, no Muskverse, tudo parece forçado, triste e um pouco emburrecido. Os que duvidam podem dar uma olhada em quem o defende ardorosamente nas redes sociais. Na maior parte, trata-se de um exército de fãs de um provável narcisista que não descansará até que o mundo o trate como um popstar maior do que Michael Jackson.

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