Descrição de chapéu Financial Times

Acionistas da Amazon contestam salários, impostos e condições de trabalho

Propostas na reunião geral esta semana serão um teste de liderança para o novo chefe, Andy Jassy

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Dave Lee Emma Agyemang Patrick Temple-West
San Francisco, Copenhague e Nova York | Financial Times

Os acionistas da Amazon vão questionar a companhia sobre pagamentos a executivos, transparência fiscal, condições de trabalho e sindicalização, quando seu executivo-chefe, Andy Jassy, enfrentar a primeira reunião anual no comando da gigante do comércio eletrônico e da computação em nuvem.

A empresa de tecnologia de US$ 1 trilhão (R$ 4,8 trilhões) se opõe às 15 propostas dos acionistas, o maior número que ela enfrenta desde 2010, segundo documentos regulatórios. Naquela época, nenhuma proposta conseguiu 50% de apoio, e a votação seguiu tradicionalmente as recomendações do conselho. O próprio fundador e ex-CEO Jeff Bezos controla 12,7% dos votos gerais.

Ainda assim, a forte oposição pode obrigar a companhia a modificar suas políticas e práticas, num momento em que as grandes empresas de tecnologia são cada vez mais desafiadas por investidores que querem que elas sejam mais responsivas às controvérsias públicas.

Trabalhadores da Amazon caminham do lado de fora do centro de triagem em Nova York, EUA - Brendan McDermid - 25.abr.2022/Reuters

A reunião anual de quarta-feira (25) também representa um teste de liderança para Jassy, que assumiu o cargo de Bezos em julho passado, enquanto ele tenta manejar os desafios de alto nível que a empresa enfrenta.

Essa pressão cresceu desde o início do ano, pois o preço das ações da Amazon caiu quase 40% em meio à ampla liquidação de tecnológicas, mas também devido aos custos crescentes do braço de varejo da Amazon.

Outras gigantes da tecnologia têm sido vulneráveis a pedidos de acionistas nos últimos anos. Em março, os acionistas da Apple apoiaram uma "auditoria de direitos civis" e mais de um terço dos investidores se rebelaram contra a remuneração do executivo-chefe, Tim Cook. Em novembro de 2021, os acionistas da Microsoft apoiaram esmagadoramente uma votação de protesto para que a empresa revelasse mais sobre como lida com as denúncias de assédio sexual.

Votações anteriores malsucedidas, mas fortes, dos acionistas da Amazon levaram a empresa a publicar um relatório de impacto ambiental, o que foi feito pela primeira vez em 2019. Mais recentemente, um relatório sobre segurança nos armazéns da companhia confirmou que suas taxas de danos corporais eram mais altas que as de seus pares no setor.

Uma proposta de auditoria sobre igualdade racial este ano foi retirada depois que a Amazon contratou a ex-procuradora-geral dos EUA Loretta Lynch para realizar o relatório. O auditor contábil do estado de Nova York, Thomas DiNapoli, que apresentou a proposta, disse estar satisfeito com o fato de a revisão de Lynch abordar suas preocupações.

A auditoria foi proposta no ano passado e obteve 44,18% de apoio –o mais alto nível dado a qualquer proposta de acionistas naquele ano.

Este ano, o líder do Sindicato de Trabalhadores da Amazon, Chris Smalls, pedirá que a companhia emita um relatório detalhando suas políticas sobre "liberdade de associação" e negociação coletiva. Smalls foi o arquiteto da primeira campanha sindical bem-sucedida em uma unidade da Amazon nos EUA.

A proposta, juntamente com outra solicitando uma auditoria independente sobre as condições de trabalho nas instalações da empresa, foi apoiada pelos influentes grupos de consultoria de investimentos Institutional Shareholder Services (ISS) e Glass Lewis. O fundo de pensão norueguês Norges Bank disse que votaria a favor de ambas as propostas.

O Norges Bank deu apoio semelhante a um pedido de relatórios fiscais mais transparentes. Além disso, a Glass Lewis e a Morningstar Sustainalytics disseram aos investidores que votassem na resolução que reformaria de modo significativo os relatórios da gigante tecnológica sobre onde e quanto ela paga em impostos em todo o mundo.

Katie Hepworth, chefe de tributação na empresa de consultoria Pirc, que apoia a resolução, disse que mais de 10% dos acionistas aprovarem a votação seria "significativo" e poderia levar a Amazon a aceitar a proposta. "Trata-se de investidores enviando uma mensagem sobre o que é importante para eles", disse.
Gestores de ativos, incluindo Nordea e Royal London, já apoiaram a resolução dos acionistas sobre impostos. A Amazon disse que as divulgações exigidas significariam revelar informações confidenciais à concorrência.

Vários grupos também estão contestando o conselho sobre questões de liderança da empresa, incluindo o pacote salarial anual de US$ 214 milhões (R$ 1,02 bilhão) de Jassy. A ISS disse que a remuneração do novo chefe e de outros executivos seniores carece de "critérios objetivos de desempenho, exacerbando um desalinhamento entre remuneração e desempenho".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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