Beneficiários do Auxílio Brasil acham valor insuficiente e dizem que ele não influi no voto

Pesquisa Datafolha mostra que 69% criticam valor e aponta insatisfação até entre apoiadores do governo

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São Paulo

A maioria dos beneficiários do Auxílio Brasil, principal programa do governo federal para transferência de renda aos mais pobres, está insatisfeita com o valor dos benefícios recebidos e afirma que eles não influem em seu voto para presidente da República.

De acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, realizada na semana passada, 69% das pessoas beneficiadas pelo programa julgam os valores recebidos do governo insuficientes, 29% acham que eles são suficientes e 2% os consideram mais do que suficientes.

O grau de insatisfação captado pelo levantamento é igual ao observado em março, quando 68% dos beneficiários classificaram os pagamentos como insuficientes. O Auxílio Brasil paga valor mínimo de R$ 400 por mês. Em abril, o valor médio pago foi de R$ 403,08.

O Datafolha fez 2.556 entrevistas em 181 municípios do país na quarta (25) e na quinta-feira (26). A margem de erro do estudo é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi contratada pela Folha e registrada no Tribunal Superior Eleitoral.

Criado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) em outubro do ano passado, o Auxílio Brasil atende 18 milhões de famílias. Ele substituiu o Bolsa Família, programa lançado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que virou marca das administrações petistas.

O auxílio é uma das apostas do presidente para combater a baixa popularidade e a insatisfação do eleitorado com a fragilidade da economia em sua campanha pela reeleição, mas a pesquisa sugere que o impacto eleitoral do programa foi reduzido até aqui.

O descontentamento com o Auxílio Brasil é grande até mesmo entre beneficiários que aprovam o desempenho de Bolsonaro. Entre os que consideram seu governo ótimo ou bom, 56% acham os valores insuficientes. Entre os que o reprovam, 76% têm a mesma opinião.

Entre os que aprovam o governo Bolsonaro, 39% afirmam estar satisfeitos com os valores recebidos. Entre os que reprovam a gestão, 23% pensam igual. Conforme o Datafolha, 48% dos eleitores acham o desempenho do governo ruim ou péssimo e 25% o aprovam.

A aprovação ao governo é menor entre os beneficiários do programa social do que no conjunto da população. De acordo com o levantamento, somente 19% dos que recebem o auxílio consideram o desempenho de Bolsonaro ótimo ou bom e 45% o reprovam.

A maioria dos entrevistados disse ao Datafolha que o recebimento do auxílio não influi em seu voto para presidente. Segundo o instituto, Lula lidera a corrida eleitoral com 48% das intenções de voto e 21 pontos porcentuais de vantagem sobre Bolsonaro.

Entre os beneficiários do programa social, 66% disseram que ele não influencia sua opção e 31% disseram que a ajuda terá alguma influência. Não há diferença significativa nesse aspecto entre os que se declararam eleitores de Lula e os que apóiam Bolsonaro.

A pesquisa mostra que o Auxílio Brasil atinge um quinto da população. Segundo o Datafolha, 21% dos eleitores recebem benefícios do programa ou moram com um beneficiário. Em março, 23% disseram ao instituto que estavam entre os atendidos pelo programa social.

A concentração de beneficiários é maior entre os entrevistados com renda familiar mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.424), universo que inclui a população definida como alvo do programa. Nesse estrato, 32% vivem em domicílios beneficiados pelo auxílio.

De acordo com a lei que criou o programa, podem se cadastrar para receber os pagamentos famílias em situação classificada como extrema pobreza, com renda familiar mensal per capita de até R$ 105, ou pobreza, com ganhos de até R$ 210 por integrante da família.

Além do piso de R$ 400, o Auxílio Brasil oferece benefícios complementares para incentivar inclusão produtiva, iniciação científica de estudantes e prática de esportes. Em abril, 5 milhões de famílias receberam também um auxílio para compensar a alta do preço do gás.

A concentração de beneficiários do programa é maior no Nordeste do que em outras regiões do país e em segmentos da força de trabalho mais atingidos pela pandemia do coronavírus, como desempregados, assalariados sem registro em carteira e autônomos.

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