Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (18). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.
Onda de demissões nas empresas tech
O sentimento de aversão ao risco nos mercados que interrompe a enxurrada de dinheiro e derruba as ações de tecnologia levou as empresas do setor daqui e do exterior a ter uma nova prioridade: o corte de custos.
Em muitas delas, os primeiros atingidos são os funcionários.
O que explica: o excesso de liquidez nos mercados visto nos últimos anos deixou de ser realidade com o início do ciclo de alta dos juros nos EUA para combater a inflação.
- Se antes valia mais a pena assumir o risco de colocar o dinheiro em empresas com prejuízo do que deixar a grana parada, agora a conversa é outra: os investidores querem ver geração de caixa.
Em números: as big techs Apple –que perdeu o posto de empresa mais valiosa do mundo–, Amazon, Alphabet (dona do Google) e Meta (controladora do Facebook) perderam cerca de US$ 2 trilhões de valor de mercado no acumulado do ano até a última sexta (13).
- No mundo das startups, o financiamento global de capital de risco caiu 19% no primeiro trimestre do ano ante os três meses anteriores. Foi a maior queda desde 2012, aponta a CB Insights.
Com menos dinheiro disponível no mercado, as grandes e pequenas empresas recalculam a rota .
- As maiores têm cortado investimentos em áreas em que o retorno não é certo, caso da Meta com a área de metaverso. As contratações nas companhias foram congeladas e há rescisões, como fez a Netflix ao demitir 150 funcionários nesta terça.
- Nas menores, o impacto atinge sobretudo as startups em que o próximo passo seria o IPO (oferta pública de ações). No Brasil, a Folha mostrou que unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais) como Loft, QuintoAndar e Facily fizeram demissões em massa recentemente.
Mais sobre mercado de trabalho:
- Crowdwork ou microtrabalho: entenda o trabalho digital que parou na Justiça.
- Por que é tão difícil medir os efeitos da reforma trabalhista, na mira de candidatos?
Contas robôs travam negociação do Twitter
O bilionário Elon Musk disse nesta terça que só vai prosseguir com a compra do Twitter se a rede social comprovar que o número de bots (robôs) da plataforma seja realmente menor que 5%, como ela afirma.
Entenda o rolo: o dono da Tesla disse na última sexta que o negócio estava suspenso por essa razão.
- Na segunda (16), o CEO do Twitter, Parag Agrawal, reafirmou em uma série de tuítes que a plataforma suspende todo dia mais de meio milhão de contas que parecem falsas e que os bots representam "bem menos de 5%" do total de usuários ativos diários.
- Ele também disse que essa estimativa não pode ser feita por terceiros porque ela envolve uso de informações públicas e privadas, ao que Musk respondeu com um emoji de cocô.
Por que o dado importa: as contas falsas diminuem o indicador de usuários ativos diários, métrica muito importante para as redes sociais. Ela é usada por empresas como critério para anunciar em plataformas.
Musk desistiu? Analistas do mercado afirmam que pesquisas independentes já apontavam que 9% a 15% dos usuários do Twitter eram bots e que todo mundo sabia disso há algum tempo.
- Alguns apostam que Musk pode estar usando esse argumento como uma forma de reduzir o preço de aquisição da plataforma ou até como desculpa para melar o negócio.
- Nesta terça, o Twitter disse em um documento que pretende exigir que a compra seja acertada nos termos da oferta, de US$ 54,20 por ação, ou US$ 44 bilhões (R$ 220 bilhões).
Senado aprova fim da cobrança de bagagem
Depois da Câmara dos Deputados, foi a vez do Senado aprovar nesta terça a proibição da cobrança para despachar bagagens em voos nacionais e internacionais.
A MP (medida provisória) em que o trecho está incluído teve alterações e por isso precisará passar novamente pela Câmara antes de ir à sanção.
Relembre: o dispositivo que veta a cobrança da bagagem foi incluído pelos deputados na MP que flexibiliza regras do setor aéreo. A cobrança está em vigor desde 2016, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) editou uma resolução sobre o tema.
Articulação: a versão do relator da proposta no Senado, Carlos Fávaro (PL-MG), retomava a cobrança, mas os senadores voltaram a inserir a proibição em um "destaque" ao texto.
- Fávaro é da base governista e pré-candidato ao governo de Minas pelo partido de Jair Bolsonaro (PL).
Reação: a cobrança pelo despacho de bagagens de até 23 kg em voos nacionais pode significar um acréscimo entre R$ 90 e R$ 350 por trecho, a depender da companhia e do destino. As aéreas dizem que a mudança vai contra um acordo internacional.
A MP: o texto aprovado nesta terça libera a construção de aeródromos sem autorização prévia e autoriza as empresas a barrarem por até um ano os passageiros indisciplinados.
- A medida também simplifica a autorização para funcionamento de empresas estrangeiras e com a exigência de CNPJ e filial em território brasileiro.
Dólar tem maior queda diária em 9 meses
Os mercados globais voltaram a respirar nesta terça com a queda de casos de Covid na China. Por aqui, o dólar fechou a R$ 4,94, num recuo de 2,19%, a maior baixa diária desde agosto de 2021.
O Ibovespa teve sua quinta sessão positiva consecutiva e avançou 0,51%, aos 108.789 pontos. A alta foi menor que a dos índices dos EUA, que se recuperaram após a queda dos últimos pregões.
O que explica: Xangai, polo financeiro da China que está sob rígido lockdown há mais de seis semanas, afirmou nesta terça ter alcançado a meta de "Covid zero", o que indica que as restrições devem ser aliviadas em breve.
- As medidas que forçaram milhões de chineses a ficarem em casa ajudaram a derrubar a segunda maior economia do mundo em abril.
Na Bolsa brasileira, os destaques negativos ficaram para as ações de Hapvida (-17%) e Magazine Luiza (-11%), que despencaram após as empresas terem divulgado os resultados do primeiro trimestre.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.