Bônus de R$ 800 mi do Nubank depende de permanência de atual CEO

Acordo de remuneração da diretoria, acima do de grandes bancos, prevê que David Vélez fique na fintech por ao menos mais 5 anos

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São Paulo

O acordo de remuneração da diretoria do Nubank, que estabelece pagamento aos executivos de montante superior a R$ 800 milhões, prevê que o CEO e fundador da fintech, David Vélez, permaneça na companhia ao menos pelos próximos cinco anos.

A informação consta em comunicado ao mercado divulgado nesta segunda-feira (2) para "esclarecer informações incorretas e descontextualizadas sobre a remuneração da nossa diretoria estatutária", segundo o Nubank.

De acordo com o documento, a companhia prevê o pagamento de R$ 804,4 milhões à diretoria durante o ano calendário de 2022, bem acima do observado entre os grandes bancos brasileiros, .

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David Vélez, CEO e fundador do Nubank, em frente ao prédio da Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos - Brendan McDermid - 9.dez.2021/Reuters


Desse total, R$ 678,9 milhões, ou 84%, referem-se ao programa CSA (Contingent Share Award) destinado a Vélez, e R$ 125,5 milhões, ou 16%, ao restante da remuneração da diretoria em 2022.

"O CSA é um programa de remuneração em ações outorgado ao nosso fundador e diretor presidente, David Vélez, condicionado ao cumprimento de metas ambiciosas, e que deverá representar praticamente 100% da remuneração total do Sr. Vélez ao longo dos próximos 5 anos, período mínimo que o Sr. Vélez deverá permanecer na Companhia para fazer jus aos frutos do CSA", informa o Nubank no comunicado.

Ainda segundo o documento, o CSA estabelece metas desafiadoras que refletem patamares de capitalização de mercado atrativos aos acionistas. "Desta forma, o CSA cria um alinhamento de interesses de longo prazo, forte e transparente, entre o Sr. Vélez e os nossos acionistas. Esse plano foi aprovado pelo nosso conselho de administração e elaborado com o suporte de uma consultoria de remuneração de renome internacional, que analisou as melhores práticas de mercado globais."

Segundo o formulário de referência, documento que empresas enviam à B3 e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), cerca de R$ 804 milhões serão distribuídos aos oito membros da diretoria estatutária do Nubank.

Outros US$ 11 milhões serão divididos por oito membros remunerados dentre os nove que compõem o conselho de administração do banco digital criado em 2013 e que tem hoje mais de 54 milhões de clientes.

As informações do formulário do Nubank geraram discussões em redes sociais nos últimos dias, já que o banco, que fez sua estreia na Bolsa de Nova York em dezembro com uma oferta inicial de ações (IPO) de US$ 2,6 bilhões (R$ 13 bilhões)—que o avaliou em US$ 48 bilhões (R$ 240,7 bilhões) na ocasião— teve em 2021 um prejuízo líquido de US$ 165,3 milhões (R$ 829,1 milhões).

Metas ambiciosas

A fintech já tinha dito na semana passada que só deverá pagar a remuneração aos seus diretores este ano se metas ambiciosas de preço de suas ações forem atingidas.

"Mais de 85% da previsão de compensação em ações da diretoria estatutária da Nu Holdings em 2022 depende da realização de metas ambiciosas, específicas e sustentadas de preço da ação, alinhadas aos interesses de longo prazo de nossos 'stakeholders'", informou o banco digital em comunicado à Reuters.

Segundo o banco, essa remuneração só ocorrerá "se níveis pré-determinados do preço da ação forem atingidos, de acordo com acordo contingente de ações aprovado pelo conselho de administração em novembro e divulgado nos documentos de registro do processo de IPO em 2021".

As condições para que essa remuneração se concretize incluem que a média do preço da ação ordinária classe A nunca fique abaixo de US$ 18,69 (R$ 93) por um período de 60 dias consecutivos no mercado. A segunda condição é que a média de preço da ação ordinária classe A fique igual ou acima de US$ 35,30 (R$ 177) por um período de 60 dias consecutivos. Atualmente, o preço da ação do Nubank está no patamar de US$ 6,33 (R$ 31).

O valor total da remuneração prevista pelo Nubank a seus executivos é bastante superior aos R$ 185,3 milhões pagos pelo banco no ano passado. O montante também é maior que os R$ 46,6 milhões em remuneração paga a diretores e conselheiros.

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O Itaú Unibanco, maior banco da América Latina e que chegou a ficar com um valor de mercado abaixo do Nubank quando do IPO do banco digital, pagou a seus administradores no ano passado R$ 444 milhões, incluindo opções de ações e remuneração fixa, segundo seu formulário de referência. A remuneração foi dividida entre 45 membros do conselho de administração, diretoria estatutária e conselho fiscal.

Já o Bradesco pagou cerca de R$ 880 milhões em remuneração a membros dos conselhos de administração e fiscal e diretoria em 2021. O banco digital Inter pagou R$ 26,2 milhões a 27 executivos ano passado.

Ainda de acordo com o formulário do Nubank, 96% dos valores pagos aos membros da administração da empresa em 2021 vieram de remuneração variável. Isso refere-se normalmente a opções de ações, instrumento muito usado por empresas de alto crescimento para incentivo aos seus principais sócios.

As ações do Nubank fecharam a sessão desta segunda em queda de 0,67% na Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos, a US$ 5,97. Desde o IPO, as ações da fintech recuam cerca de 40%.

Com Reuters

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