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Economia cresce mais do que esperado, diz Bradesco

De 2017 a 2019, PIB cresceu 1,4% ao ano; segundo semestre seria de recessão preveem bancos

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São Paulo

Os economistas do Bradesco estimam que a economia do Brasil vai crescer 1,5% neste ano. Revisaram a projeção nesta segunda-feira (9). Era de 1%.

Ainda é um crescimento muito baixo do PIB, mas:

1) De 2017 a 2019, depois da Grande Recessão e antes da epidemia, o PIB cresceu em média 1,4% ao ano;

2) No início deste ano, a previsão mediana compilada no Boletim Focus, do Banco Central, era de alta de 0,3% do PIB;

3) Até 29 de abril, a mediana do Focus era de 0,7% (cerca de 130 instituições enviam semanalmente previsões econômicas para o BC). É a previsão mais recente do Focus;

Ministro faz sinal de positivo com os dois polegares apontados para cima. está de gravata verde e paletó preto
O ministro da Economia, Paulo Guedes, em lançamento da plataforma Monitor de Investimentos no Ministério da Economia - Gabriela Bilo/Folhapress

No primeiro trimestre deste 2022, o crescimento teria sido de 1,3%. Neste segundo, viria a ser de 0,3%, segundo o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. No final da semana passada, os economistas do Itaú estimavam crescimento de 1% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo.

O crescimento acumulado no primeiro semestre seria, pois, um tico além de 1,6%, na estimativa dos dois bancos. No segundo semestre, a economia entraria no vermelho: o PIB de cada trimestre seria menor do que o do anterior. A queda seria menor na estimativa do Bradesco, maior na do Itaú, que prevê crescimento anual de 1% neste 2022.

Há risco de as previsões irem para o vinagre, claro. Há o risco de um choque financeiro causado pela mudança da política de juros nos Estados Unidos. A guerra na Ucrânia pode provocar novos danos na confiança e no preço das commodities. Os surtos de Covid na China derrubam a produção industrial do país, seu crescimento econômico e contribuem para a inflação mundial.

Mesmo com crescimento de 1% ou mais no primeiro trimestre, segundo os economistas desses dois grandes bancos, a situação socioeconômica continua terrível. O que deve ter melhorado ou despiorado, na vida cotidiana?

O número de pessoas empregadas aumentou cerca de 8,2 milhões de março de 2021 para março de 2022. O rendimento médio do trabalho continua tendo perda, em termos reais (descontada a inflação), e é o menor da década.

Mas o número de pessoas com algum tipo de trabalho também é o maior desde 2012 e a taxa de desemprego é a menor desde 2016, embora o nível de ocupação ainda seja baixo, menor do que em 2017. Nível de ocupação é a proporção de pessoas empregadas entre aquelas com idade de trabalhar.

De onde vem essa melhora muito modesta? "A recuperação do setor de serviços dita o ritmo da economia... os dados mostram uma recuperação do setor de serviços e do mercado de trabalho além das expectativas que tínhamos no início deste ano".

No segundo trimestre, a massa de renda ampliada (soma de rendimentos do trabalho e outros rendimentos, como benefícios sociais), será engordada pelo saque parcial das contas do FGTS. Deve ser um incremento de uns R$ 30 bilhões, uma alta de 4,2% na massa de renda ampliada disponível. Esse dinheiro deve compensar parte das perdas com a inflação. Mas é alta transitória, é fácil perceber.

O crédito bancário continua em bom nível e, segundo pesquisa exclusiva do Bradesco, em ligeira expansão. A confiança do consumidor aumentou em abril, segundo a pesquisa da FGV; a dos empresários também, afora os do comércio.

A inflação continua pressionada. O Bradesco prevê que o IPCA termine o ano em alta de 7,5% (o pessoal do Itaú prevê 8,5%). Para os dois bancos, a dívida pública medida como proporção do PIB (relação dívida/PIB) fecha o ano em 80% do PIB, em queda em relação a 2021. Inflação alta, commodities em alta e PIB crescendo um pouco além do previsto ajudam a diminuir um pouquinho o peso da dívida.

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