Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Comissão Europeia propõe fim de importação de petróleo russo

Hungria rejeitou ideia, alegando que medida "destruiria totalmente a segurança energética" do país

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Budapeste | Reuters e AFP

Os países da União Europeia deixarão de importar petróleo e produtos refinados russos, disse a chefe da Comissão Europeia Ursula von der Leyen nesta quarta-feira (4) ao propor uma sexta rodada de sanções contra Moscou pela invasão da Ucrânia.

"Vamos eliminar gradualmente o fornecimento russo de petróleo bruto dentro de seis meses e produtos refinados até o final do ano", afirmou Ursula von der Leyen ao Parlamento Europeu, provocando aplausos dos legisladores. "Esta será uma proibição completa de importação de todo o petróleo russo".

"Não será fácil. Alguns estados membros são fortemente dependentes do petróleo russo. Mas nós simplesmente temos que trabalhar nisso", disse von der Leyen sobre a proposta, que requer a aprovação de todos os 27 países da UE para entrar em vigor. ​

Mulher em terno creme fala frente a bandeira a União Europeia
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia - Olivier Hoslet/AFP

O pacote adota uma exceção para Hungria e Eslováquia, dois países totalmente dependentes do petróleo russo, que teriam até o fim de 2023 para aderir ao embargo.

Mas pouco depois do discurso de Von der Leyen, o governo húngaro se pronunciou, dizendo que não há "garantias" à sua segurança energética.

"Não vemos nenhum plano ou garantia sobre como uma transição poderia ser gerenciada com base nas propostas atuais e como a segurança energética da Hungria seria garantida", disse o porta-voz do governo da Hungria, Zoltan Kovacs.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu, dizendo que a Rússia está analisando várias opções para se preparar para o cenário.

Hungria é contra

A Hungria rejeitou a proposta da UE, alegando que "em sua forma atual" a medida "destruiria totalmente a segurança energética" do país.

Este projeto "não pode ser apoiado de maneira responsável em sua forma atual, não podemos votar com responsabilidade por ele", disse o ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto.

Hungria e Eslováquia são totalmente dependentes do abastecimento através do gasoduto Drujba, na ausência de conexões com o resto da UE , disseram dois funcionários europeus à AFP.

Mas o prazo de um ano não é suficiente, insistiu Szijjarto. "A entrega de petróleo russo, necessário para fazer a Hungria funcionar", seria proibida a partir do final do próximo ano, especificou o ministro. "Isso é impossível", destacou.

"Não é uma questão de falta de vontade ou de calendário, é simplesmente uma realidade física, geográfica e de infraestruturas", explicou.

A proposta da UE deve ser aprovada com unanimidade, embora em alguns casos as medidas possam ser atenuadas.

O objetivo é que entre em vigor na 72ª jornada da Europa, em 9 de maio. Nessa mesma data, a Rússia celebra o "Dia da Vitória" sobre a Alemanha nazista.

Outras sanções

Além do embargo progressivo ao petróleo russo, também fazem parte do pacote de sanções a exclusão de mais bancos russos do sistema Swift —como o Sberbank, o principal credor da Rússia— e o banimento de três canais estatais russos de comunicação, que não poderão distribuir conteúdo na Europa via cabo, satélite, internet ou aplicativos. A chefe executiva europeia chamou os canais de "porta-vozes das mentiras e propaganda de Putin."

Von der Leyen disse que mais oficiais militares russos de alto escalão enfrentarão congelamentos de ativos da UE e proibições de viagens, sem dar nomes, e que também serão atingidos contadores, consultores e especialistas europeus que trabalham para empresas russas.

​Também faz parte da proposta apresentada nesta quarta-feira um plano de reconstrução para a Ucrânia pós-guerra.

"Este pacote deve trazer investimentos maciços para atender às necessidades e às reformas necessárias", disse a chefe do Executivo da UE ao Parlamento Europeu. "Eventualmente, abrirá caminho para o futuro da Ucrânia dentro da União Europeia", disse Von der Leyen.

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