Bolsa tem 3ª alta seguida e interrompe sequência semanal negativa

Dólar fecha sessão em queda de 1,6%, cotado a R$ 5,058 para venda

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São Paulo

Embalada por um sentimento de maior apetite por risco nos mercados globais, a Bolsa de Valores brasileira marcou a terceira sessão consecutiva de ganhos nesta sexta-feira (13) e interrompeu a recente sequência semanal negativa.

O índice de ações Ibovespa terminou o pregão em alta de 1,17%, aos 106.924 pontos, sustentado por ações de consumo e bancos. Desde o final de março que o índice não registrava três altas seguidas.

Com o desempenho dos últimos dias, o Ibovespa registrou ganhos de 1,70% na semana, após cinco baixas semanais. No ano, o índice passa a acumular valorização de 2%.

No câmbio, o dólar perdeu força em um cenário de redução da aversão ao risco por parte dos investidores e terminou a sessão em queda de 1,61% frente ao real, cotado a R$ 5,058 para venda. A moeda americana acumulou leve desvalorização de 0,3% na semana, com queda de 9,3% no ano.

Cédulas de reais e dólares dos EUA retratadas em casa de câmbio no Rio de Janeiro - Ricardo Moraes - 10.set.2015/Reuters

Criptomoedas em liquidação

No universo das criptomoedas, o Bitcoin experimentou uma recuperação apenas tímida nesta sexta, com alta de 1,04%, beliscando novamente o nível dos US$ 30 mil, negociado em torno de US$ 29.911 a unidade, segundo dados da Bloomberg.

A alta de hoje interrompeu uma sequência de oito sessões seguidas de perdas para a criptomoeda, mas ficou longe de impedir uma desvalorização de 17,4% na semana.

No ano, a cotação do Bitcoin no mercado internacional afunda cerca de 36,4%, em um cenário de aumento dos juros nos mercados desenvolvidos que têm colocado em xeque a capacidade das criptomoedas de servirem como uma reserva de valor no bolso dos investidores.

Pesou adicionalmente para as perdas da semana o colapso da stablecoin TerraUSD, que abalou o mercado das criptomoedas.

A menos que haja uma recuperação nas operações de fim de semana, o Bitcoin deve registrar uma sétima queda semanal consecutiva, um recorde.

"Acho que o pior não passou", disse Scottie Siu, diretor de investimentos da Axion Global Asset Management, uma empresa de Hong Kong que administra um fundo de índice de criptomoedas.

"Acho que há mais quedas vindo nos próximos dias. Acredito que o que precisamos ver é um interesse maior no colapso, de modo que os especuladores vão realmente sair. É aí que eu vejo que o mercado vai realmente se estabilizar", acrescentou.

A onda de venda cortou praticamente pela metade o valor do mercado global das criptomoedas desde novembro, saindo de um pico ao redor de US$ 2,9 trilhões para perto de US$ 1,4 trilhão, segundo dados da plataforma CoinMarketCap.

A queda, contudo, ganhou ares dramáticos nas últimas sessões, quando o impacto começou a ser sentido pelas "stablecoins".

As "stablecoins" são tokens atrelados ao valor de ativos tradicionais, sendo muitas vezes o próprio dólar norte-americano, e se tornaram um dos principais meios para se movimentar dinheiro entre criptomoedas ou para se converter saldos em carteiras digitais em dinheiro nos mercados globais.

Os mercados de criptomoedas foram seriamente abalados nesta semana pelo colapso da "stablecoin" TerraUSD (UST), que caiu rompendo a paridade de 1:1 com o dólar.

As tentativas de estabilização conduzidas pela Luna Foundation Guard —"stablecoin" que deveria exercer papel semelhante ao de um banco central, para a moeda digital— fracassaram.

"Para estes tipos de stablecoins, o mercado precisa ter confiança de que o emissor detém ativos líquidos suficientes que precisarão ter para vender em momentos de estresse do mercado", afirmaram analistas do Morgan Stanley.

A agência de classificação de risco Fitch disse em nota na quinta-feira (12) que pode haver "repercussões negativas significativas" para criptomoedas e finanças digitais se os investidores perderem a confiança nas "stablecoins".

"Muitas entidades reguladas do mercado financeiro aumentaram exposição a criptomoedas, finanças descentralizadas e outras formas de ativos digitais nos últimos meses e alguns grupos acompanhados pela Fitch podem ser afetados se a volatilidade do mercado de cripto se tornar grave."

A agência assinalou também, no entanto, que os vínculos ainda relativamente fracos entre os mercados de criptomoedas e os mercados financeiros regulados limitarão o potencial da volatilidade do mercado de criptomoedas em causar uma instabilidade financeira mais ampla.

Ações do Twitter despencam após Musk anunciar suspensão do acordo de compra da rede social

Nas Bolsas americanas, as ações de tecnologia, que estiveram sob forte pressão nos últimos dias por conta do risco de um aperto monetário mais agressivo pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), lideraram os ganhos nesta sexta.

O Nasdaq, com maior concentração de negócios digitais, marcou valorização de 3,82%, enquanto o S&P 500, de maior abrangência setorial, avançou 2,39%, e o Dow Jones, 1,47%.

Segundo os analistas da Guide, declarações na véspera do presidente do Fed, Jerome Powell, reiterando que o ritmo de alta dos juros americanos não deve ser acelerado para 0,75 ponto percentual, contribuíram para a melhora no humor dos investidores globais.

"Por outro lado, ele também disse que não pode prometer um "pouso suave" ao se referir à possibilidade de recessão nos Estados Unidos, fato que os investidores também estão de olho", dizem os analistas.

Destoando dos pares, os papéis do Twitter afundaram 9,76%, após o empresário Elon Musk anunciar a suspensão do acordo para comprar a rede social.

Segundo o bilionário, a compra depende da confirmação do número de usuários com contas de spam ou falsas na rede. No início deste mês, o Twitter havia estimado que contas falsas ou de spam representavam menos de 5% de seus usuários ativos diários —a rede divulgou ter 229 milhões de usuários que receberam publicidade no primeiro trimestre deste ano.

Para analistas de mercado, o movimento pode ser apenas uma estratégia para ganhar tempo e conseguir novos financiadores para o seu plano.

Bom humor prevalece nos mercados globais nesta sexta

O índice local acompanhou o bom humor que prevaleceu no último pregão da semana nos mercados globais, com altas expressivas nas Bolsas da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos.

Nas Bolsas asiáticas, o Hang Seng, de Hong Kong, fechou em alta de 2,67%, o Nikkei, do Japão, subiu 2,65%, e o CSI 300, da China, teve valorização de 0,75%.

O movimento repercutiu declarações de autoridades chinesas que apontaram para um controle nos casos de contágio de Covid-19 no país.

O vice-prefeito de Xangai, Wu Qing, disse em entrevista à imprensa que a "vitória" está se aproximando, mas que a luta contra o surto de Covid-19 na China "ainda exige o esforço conjunto de todos os cidadãos".

Com uma melhora no humor dos mercados, os preços do petróleo subiram cerca de 4% nesta sexta, a US$ 111,52 o barril tipo Brent, movimento também influenciado pela alta da gasolina nos Estados Unidos, à medida que a China parece pronta para aliviar as restrições da pandemia e com os investidores preocupados com a redução da oferta se a UE (União Europeia) proibir o petróleo russo.

Os preços do petróleo têm sido voláteis, pelas preocupações de que uma possível proibição da UE ao petróleo russo possa diminuir a oferta, mas pressionados por temores de que a volta da pandemia de Covid-19 possa reduzir a demanda global.

Petrobras, bancos e consumo impulsionam Ibovespa

A alta do petróleo nesta sexta contribuiu para o avanço das ações da Petrobras, que fecharam com ganhos de 1,30% no caso das preferenciais, e de 0,14% entre as ordinárias.

Também com peso relevante na Bolsa brasileira, o setor bancário também fechou a sessão em alta, com ganhos de 1,18% das ações do Itaú e de 1,16% do Bradesco. Os quatro grandes bancos reportaram lucro líquido somado de R$ 24,8 bilhões no primeiro trimestre, alta de 13,6% na comparação anual.

Ainda no mercado local, dados divulgados na véspera apontando para um setor de serviços mais aquecido do que os analistas estavam prevendo impulsionam papéis relacionados aos setores de consumo e varejo.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou na quinta-feira (12) que o setor de serviços teve alta de 1,7% em março, ante expectativa de avanço de 0,7%, segundo analistas consultados pela Reuters.

Em um ambiente de retomada da atividade doméstica, os papéis da Marisa avançaram 3,24%, e os da Arezzo, 2,65%. Já os papéis do Magazine Luiza saltaram 4,8%, após a companhia anunciar o lançamento de uma fintech de crédito.

Com Reuters

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