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Bolsas globais caem com temor de recessão após dados fracos da China

Ibovespa fecha em queda de 1,8% e zera ganhos do ano

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São Paulo

As principais Bolsas de Valores globais caíram nesta segunda-feira (9), refletindo o aumento do temor com uma recessão global, após a divulgação de dados fracos de exportações chinesas.

O índice acionário do mercado global FTSE All-World fechou em baixa de 3%, no maior recuo diário desde junho de 2020.

No Brasil, o Ibovespa registrou desvalorização de 1,79%, aos 103.250 pontos. Com a queda observada nesta segunda, o Ibovespa zera os ganhos do ano e passa a acumular perda de 1,5% desde janeiro.

O dólar, por sua vez, voltou a se valorizar frente ao real e fechou o dia com ganhos de 1,61% ante a moeda local, negociado a R$ 5,1560 para venda. Na máxima do dia, a divisa americana chegou a bater em R$ 5,1600.

"O movimento é uma combinação de política monetária mais rígida nos Estados Unidos e uma onda de aversão ao risco estimulada por bloqueios na China e pelo prolongamento da Guerra da Ucrânia", apontam os analistas da XP.

Notas de dólar dos EUA
Notas de dólar dos EUA - Marcello Casal Jr. - 2,mai.2019/ABr

Nos Estados Unidos, o S&P cedeu 3,20% e o Dow Jones teve perdas de 1,99%. O Nasdaq, com maior concentração de ações de tecnologia, recuou 4,29%.

A venda de ações também predominou nas principais Bolsas na Europa, com queda de 2,32% do FTSE-100, de Londres e de 2,75% do CAC-40, de Paris. Na Ásia, o Nikkei, de Tóquio, fechou em queda de 2,53%, e o Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 3,81%.

O tombo ocorre após divulgação, nesta segunda, de uma alta de 3,9% em dólares das exportações chinesas em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado —uma forte desaceleração em relação ao avanço de 14,7% em março. Foi o ritmo mais lento desde junho de 2020.

"O resultado reflete tanto os bloqueios por coronavírus no país, que dificultam o comércio exterior, quanto o enfraquecimento da demanda global", dizem os analistas da XP.

Os números fracos mostram que o setor comercial da China, que responde por cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto), está perdendo força à medida que lockdowns em grandes centros como Xangai afetam as cadeias de abastecimento, aumentando os riscos de uma desaceleração mais profunda na segunda maior economia do mundo.

A esses dados se soma o sentimento de maior pessimismo já observado nos mercados na semana passada, diante dos receios de um aperto da política monetária mais agressivo nos Estados Unidos.

O preço do petróleo não escapou da cautela de investidores com a perda de ritmo da atividade econômica global, caindo 6,5% nesta segunda, enquanto o preço do minério de ferro oscilava em baixa de 4,8%.

Nem o universo das criptomoedas conseguiu escapar ileso à sangria dos mercados. O bitcon viu a cotação desabar 7,8% e encostar em níveis ao redor dos US$ 30 mil, próximo da mínima histórica desde meados de julho do ano passado. No acumulado de 2022, a criptomoeda já recua cerca de 34%.

Investidores se mostram cada vez mais cautelosos com o potencial dos criptoativos em um ambiente de juros cada vez maiores para controlar a inflação.

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou nesta segunda que a autoridade monetária pode manter aumentos de 0,5 ponto percentual dos juros nas próximas duas ou três reuniões e então avaliar como a economia e a inflação estão respondendo antes de decidir se serão necessários novos aumentos.

O aumento de meio ponto adotado pelo Fed na semana passada "já é um movimento bastante agressivo. Não acho que precisaremos agir ainda mais agressivamente", disse Bostic à Bloomberg.

Mercado local

Na Bolsa brasileira, as exportadoras de commodities Vale e Petrobras e os papéis do Itaú deram sua contribuição para a queda do Ibovespa nesta segunda-feira.

As ações ordinárias da estatal recuaram 4,01% e as preferenciais cederam 2,72%, após a empresa anunciar aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas suas refinarias, com o valor do combustível para distribuidoras passando a valer R$ 4,91 por litro, a partir de terça-feira (10).

"Mais uma alta nos combustíveis, neste caso o diesel, tende a não ter impacto direto no IPCA, uma vez que o peso no índice não é alto. Porém, os impactos indiretos podem ser significativos, uma vez que é insumo de produção e para transporte. Segundo a Abicom (Associação dos Importadores de Combustíveis), há ainda defasagens importantes e que podem jogar pressões para os próximos meses", diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Já os papéis da Vale, pressionados pelo mau humor sobre os rumos da economia chinesa, tiveram desvalorização de 4,10%.

No setor financeiro, as ações do Itaú registraram perdas de 1,43%, após o banco ter reportado mais cedo lucro de R$ 7,36 bilhões no primeiro trimestre do ano.

Apesar das vendas, os números apresentados pela instituição financeira vieram dentro das expectativas dos analistas de mercado.

Presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho afirmou estar nos planos do banco vender uma fatia da participação de 11,36% adquirida na XP no final de abril. ​

As ações do BTG Pactual, que anunciou mais cedo lucro recorde de R$ 2,06 bilhões de janeiro a março, marcaram valorização de 3,61%.

Já os papéis do Nubank negociados na Nyse (Bolsa de Nova York) despencaram quase 15% com os receios dos investidores acerca do desempenho da fintech em um cenário de juros mais altos.

Com Reuters

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