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Elon Musk reúne amigos ricos e verdadeiros fiéis como apoio no acordo do Twitter

Uma lista eclética de investidores despeja bilhões no audacioso plano do chefe da Tesla de tornar privada a plataforma de rede social

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Nova York e San Francisco | Financial Times

A aquisição do Twitter por Elon Musk, por US$ 44 bilhões (R$ 220 bilhões), não poderia ser convencional. Primeiro, ele convenceu Wall Street a apoiá-lo com crédito suficiente para conquistar o conselho da empresa. Agora, está contando com seus amigos bilionários para levantar a parte em dinheiro de sua oferta e convencer os acionistas a torná-lo o rei da "praça digital" do mundo.

Musk revelou nesta quinta-feira (5) novos financiamentos de US$ 7,14 bilhões (R$ 35,7 bilhões) por 19 investidores em sua oferta audaciosa, que seria uma das maiores aquisições alavancadas já registradas. Os apoiadores mais recentes incluem figuras de diferentes pontos de Wall Street, do Vale do Silício e do universo descentralizado das criptomoedas, que ganharam bilhões graças ao empresário sul-africano ou estão felizes em proclamar seu apoio a um homem que consideram um visionário.

Elon Musk no Met Gala, em Nova York - Brendan Mcdermid -2.mai.22/REUTERS

O cofundador da Oracle e membro do conselho da Tesla Larry Ellison, assinou o maior cheque novo, no valor de US$ 1 bilhão, enquanto a empresa de capital de risco Sequoia comprometeu US$ 800 milhões e a Vy Capital, com sede em Dubai, está fornecendo US$ 700 milhões. Entre o amplo grupo de investidores, muitos disseram estar satisfeitos em dar o dinheiro a Musk sem se aprofundar muito em como ele pretende modificar o Twitter.

A lista incomum mostra que Musk alavancou conexões da Tesla e de seus outros empreendimentos para atrair investidores, já que a maioria dos grandes grupos de private equity, que normalmente financiam aquisições alavancadas, se afastou até agora.

Amigos ricos abrem carteiras

Quando Musk anunciou a oferta no final de abril, o Twitter disse que ele pagaria US$ 21 bilhões em dinheiro e financiaria o restante com US$ 25,5 bilhões em dívidas, incluindo um empréstimo de margem de US$ 12,5 bilhões contra suas ações da Tesla.

No princípio, Musk tentou atrair grandes investidores de private equity. Após várias conversas com titãs de aquisições, todos os principais players, exceto a Brookfield Asset Management, recuaram, segundo pessoas informadas do assunto.

O principal problema, disseram essas pessoas, era a falta de clareza em torno do plano de Musk de reformar a plataforma sediada em San Francisco, bem como sua incapacidade de exercer influência real sobre o empresário rebelde.

Musk então chamou seus amigos ricos e de longa data, disseram pessoas com conhecimento do assunto. O argumento era simples: Musk lhes rendeu bilhões, e eles podiam retribuir apoiando seu mais recente empreendimento.

A participação de 1,5% de Ellison na Tesla lhe rendeu mais de US$ 10 bilhões. O gestor de fundos Ron Baron, cuja Baron Capital Management faturou mais de US$ 7 bilhões desde o primeiro apoio à montadora em 2014, está investindo US$ 100 milhões no acordo de Musk no Twitter.

O dinheiro novo será usado para reduzir a parte da dívida da oferta, particularmente o empréstimo de margem de Musk, que agora foi reduzido pela metade, para US$ 6,25 bilhões. Após a nova injeção de capital dos amigos de Musk, o componente patrimonial da transação é de US$ 27,25 bilhões (R$ 136,25 bilhões).

Reduzir o tamanho do empréstimo de margem –garantido contra as ações da Tesla de Musk– alivia um pouco a pressão sobre o bilionário. Desde que ele revelou sua participação no Twitter, as ações de sua montadora de carros elétricos caíram 25% em comparação com uma queda de 10% no benchmark do S&P 500.

"Ele tinha o direito de reduzir [o empréstimo de margem] e apenas pagar as taxas de compromisso daqui para frente sobre o valor reduzido, então aproveitou a oportunidade", disse uma pessoa familiarizada com o financiamento.

"Qualquer um que investiu na Tesla deve se sentir um pouco melhor porque [menos] ações da Tesla serão executadas por ele ter reduzido o empréstimo de margem", acrescentou a pessoa.

Vy compra a ideia de Musk

Mesmo após o novo patrimônio, Musk ainda estará pendurado por pouco mais de US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões) para concluir a transação.

O executivo-chefe da Tesla vendeu US$ 8,5 bilhões (R$ 42,5 bilhões) em ações da montadora no mês passado, que ele pode colocar no acordo do Twitter. Sua participação de 9,6% no Twitter vale cerca de US$ 3,7 bilhões (R$ 18,5 bilhões) no preço de negociação de quinta-feira.

Isso deixa cerca de US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões) extras para concluir o negócio. Não está claro de onde Musk planeja levantar esse dinheiro. Mas a última rodada de apoios, principalmente de seus amigos da tecnologia, mostra sua capacidade de atrair novos investidores.

Os investimentos de empresas de capital de risco, incluindo Sequoia, DFJ e Andreessen Horowitz, foram parcialmente motivados pela crença em Musk e seu histórico de sucesso em outros empreendimentos, disseram pessoas informadas sobre o assunto.

Ben Horowitz, cofundador da Andreessen Horowitz, disse que a empresa investiu porque acreditava no "brilho de Elon para finalmente torná-lo o que deveria ser". Sequoia disse que Musk tinha uma "oportunidade de impulsionar inovações significativas que ajudarão a liberar todo o potencial do Twitter como plataforma global que conecta o mundo".

Sequoia, Vy Capital e DFJ Growth participaram de uma rodada de financiamento de US$ 675 milhões (R$ 3,37 bilhões) para a startup de túneis de Musk, The Boring Company, no mês passado. Eles também apoiaram a empresa de foguetes de Musk, SpaceX.

O único grupo de private equity que financia a aquisição do Twitter por Musk é o braço de risco da Brookfield, que arrecadou US$ 250 milhões (R$ 1,25 bilhão). No ano passado, o grupo canadense anunciou planos para construir um conjunto habitacional no Texas ao lado da Tesla Energy, divisão de energia limpa da montadora.

Josh Raffaelli, sócio-gerente da Brookfield Growth, braço de risco da gestora de ativos, escreveu no LinkedIn: "Estamos entusiasmados por podermos apoiar novamente Elon... Financiamento garantido".

A Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, comprometeu US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) no acordo do Twitter. O executivo-chefe da Binance, Changpeng Zhao, disse que o investimento foi motivado pela fé em Musk como empreendedor visionário, alinhamento com seus objetivos filosóficos para o Twitter e o desejo de integrar a tecnologia criptográfica à plataforma de mídia social.

"É mais uma espécie de cheque em branco", disse Zhao ao Financial Times. "Depois do investimento... Elon vai descobrir o que quer fazer, e nós o apoiaremos."

Musk é "um dos caras mais inteligentes da Terra, provavelmente", acrescentou ele.

Nikou Asgari , James Fontanella-Khan , Antoine Gara e Miles Kruppa
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