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Fabricantes de relógios brincam com materiais para seduzir nova geração de compradores

Diamantes de laboratório, resíduos plásticos e impressão 3D são usados para inovar no mercado de luxo

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Nathalie Olof-Ors
Genebra | AFP

Na feira de relojoaria de Genebra, os fabricantes de relógios multiplicam as inovações quanto a materiais, com diamantes de laboratório, resíduos plásticos ou impressão 3D, para seduzir uma nova geração de aficionados de produtos de luxo.

A marca H. Moser, que ganhou fama por conta de seus modelos iconoclastas, apresentou este ano um relógio revestido de Vantablack, um material cuja cor negra é tão profunda que ele absorve quase toda luz.

Colocado sobre um fundo preto, o relógio –por enquanto ainda um modelo conceitual– cria a ilusão de um buraco negro e o olho humano só consegue distinguir os ponteiros coloridos.

O relógio super escuro da H. Moser em abertura de convenção em Genebra, na Suíça - Fabrice Coffrini - 30.mar.2022/AFP

O material, de nanotubos de carbono, que a montadora de automóveis alemã BMW utilizou para produzir um veículo experimental, é considerado como o pigmento mais escuro do planeta.

"Quis trazer algo de diferente daquilo que veremos nas vitrines dentro de três meses", disse Edouard Meylan, o presidente da companhia, em entrevista à AFP. "Queria mostrar o futuro dos materiais", ele acrescentou, para "explicar o que a indústria dos relógios pode vir a ser dentro de cinco anos".

Embora a prestigiosa marca já tenha usado o material para detalhes de alguns modelos, o modelo em exposição, inteiramente revestido de Vantablack, por enquanto não pode ser tocado pelos visitantes, porque isso acarreta o risco de que o material perca suas propriedades. O objetivo é continuar trabalhando para que ele um dia possa ser usado.

O preto é uma cor que está muito na moda, de acordo com Vincent Grégoire, responsável por moda e acessórios masculinos para o escritório de design parisiense Nelly Rodi, sobretudo entre os integrantes de uma nova categoria de amantes de produtos de luxo que ele descreve como "os virtuosos". "É uma clientela que deseja beleza e alto luxo, com materiais do futuro, repletos de tecnologia, mas trabalhados por artesãos", ele explicou.

Diamantes de laboratório

Uma nova geração de amantes dos produtos de luxo está emergindo, afirma Grégoire, que identifica também outros perfis, como os "agitadores", que se interessam por "recuperação" e desejam fazer de suas compras "um ato militante".

Em um estande dedicado à inovação, a marca Oris mostra como recicla resíduos plásticos, que são fragmentados para criar um material que se assemelha ao mármore, de diversas cores – em função dos plásticos recuperados – e depois é usado para produzir mostradores.

A Tag Heuer, controlada pelo grupo francês de produtos de luxo LVMH, utilizou pela primeira vez diamantes artificiais para criar um de seus modelos emblemáticos.

Os diamantes –obtidos por métodos químicos– não são usados para substituir os diamantes clássicos, e sim para criar uma nova textura no mostrador, com formas de diamantes inéditas em sua superfície, que criam jogos de luz no centro do relógio.

Com essa tecnologia, a marca quis explorar as novas possibilidades que os diamantes de laboratório oferecem. O relógio custa 350 mil francos suíços (cerca de US$ 378 mil).

"Há um lugar para os diamantes de laboratório no mercado", disse Tobias Kormind, presidente da 77 Diamonds, uma empresa especializada em venda de diamantes online.

"Existem pessoas que compram diamantes de laboratório por motivos orçamentários, mas outras o fazem por motivos ambientais", ele explicou à AFP, ainda que os diamantes naturais continuem a ser "aqueles que mais se valorizam com o passar do tempo".

No estande da Cartier, os diamantes reais brilham com muita força. Graças à impressão 3D, a grife de moda sediada na praça Vendôme em Paris desenvolveu uma nova coleção chamada Coussin (almofada), cuja caixa de apresentação se deforma ligeiramente sob os dedos antes de recuperar sua forma.

Tradução de Paulo Migliacci

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