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Quem ganha com a alta dos juros
Com uma estratégia conectada ao cenário de aumento de juros nos EUA, fundos multimercado têm gerado bom retorno aos seus investidores nos últimos meses.
O que explica: esses tipos de fundos mesclam diversos ativos, como câmbio, ações, derivativos e renda fixa.
- Antevendo um duro aperto monetário do Fed para enfrentar a inflação, eles apostaram em contratos derivativos que costumam se valorizar a cada movimento de alta das taxas pelo banco central americano.
Em números: no primeiro trimestre do ano, esses fundos registraram uma rentabilidade média de 6,12%, de acordo com o IHFA (Índice de Hedge Funds da Anbima). Foi bem acima dos ganhos de 2,42% do CDI (que costuma ser a referência) no mesmo intervalo.
Dólar segue pressionado: outro reflexo da alta de juros nos EUA é a cotação da moeda americana, que nesta segunda subiu 2,60% e fechou rompendo a barreira dos R$ 5, a R$ 5,072. É o maior valor para a divisa desde 16 de março.
- Esse patamar perto dos R$ 5 é apontado por analistas ouvidos pela Folha como a tendência de valor para a moeda americana até o fim do ano.
- Além do aperto monetário, o período também será marcado pelas incertezas geradas pela Covid na China e pela guerra na Ucrânia e ainda por uma dose de volatilidade com as eleições daqui.
Nesta segunda, o mercado operou cauteloso na espera da "Super Quarta", dia em que o BC e o Fed anunciam suas decisões para a taxa de juros. Por aqui, a Selic deve subir 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano, enquanto nos EUA a taxa de referência deve sair de 0,5% ao ano para 1% ao ano.
Refletindo o clima de tensão e também de resultados que mostraram uma recuperação econômica global vacilante, o Ibovespa caiu 1,15%, aos 106.638 pontos. Isso depois de ter fechado abril com tombo de 10,1%
Remuneração depende de metas e CEO
O Nubank voltou a detalhar seu volumoso plano de remuneração previsto aos oito diretores para o ano de 2022, que repercutiu bastante na semana passada.
Desta vez, informou ao mercado que 84% dos R$ 804 milhões, ou R$ 678,9 milhões, serão destinados ao CEO e fundador da fintech, David Vélez, desde que ele permaneça na empresa por ao menos cinco anos e atinja uma série de metas.
Entenda: o banco digital disse que esse valor deverá representar praticamente 100% da remuneração de Vélez nos próximos cinco anos e o plano teve suporte de uma consultoria de renome internacional.
- O Nubank já havia afirmado na semana passada que os valores só seriam pagos com o cumprimento de metas ambiciosas, como a que exige que a média do preço da ação ordinária classe A nunca fique abaixo de US$ 18,69 (R$ 93) por um período de 60 dias consecutivos.
- A segunda condição é que a média de preço da ação ordinária classe A fique igual ou acima de US$ 35,30 (R$ 177) nesse intervalo de tempo. O Nubank estreou na Bolsa a US$ 9 (R$ 45,23) e hoje as ações estão operando perto dos US$ 6 (R$ 30).
Relembre: os R$ 816 milhões que o Nubank prevê pagar aos executivos e membros do conselho chamaram a atenção do mercado pelo aumento dos valores em relação ao que foi gasto em 2021 (R$ 185,3 milhões) e na comparação com outros bancos.
- O Itaú, o maior da América Latina, pagou no ano passado R$ 444 milhões a 45 membros da sua diretoria e conselhos.
- A estratégia de remuneração com ações da companhia é um instrumento usado pelas empresas para segurar e incentivar os funcionários, que recebem de acordo com o desempenho dos papéis.
Shopee ganha aval para ampliar serviços
Em mais um movimento para reforçar sua presença no país, a SHPP Brasil, do gigante asiático do varejo online Shopee, recebeu aval do Banco Central para funcionar como instituição de pagamento.
Entenda: a modalidade será a de emissor de moeda eletrônica, que tem como função gerenciar conta de pagamento do tipo pré-paga (com recursos depositados antecipadamente).
Por que importa: a Shopee avança sobre uma área já desbravada por outras gigantes varejistas que atuam no país, como Mercado Livre, Magazine Luiza, Via (Casas Bahia e Ponto Frio) e Americanas.
- A ideia das companhias é ampliar a oferta de serviços financeiros que oferecem aos consumidores e aos vendedores que atuam em suas plataformas, gerando novas fontes de receita para a empresa.
- Como instituição de pagamento, a Shopee não tem permissão para oferecer crédito, alternativa disponibilizada por rivais do varejo nacional.
Shopee se diz brasileira: com 2 milhões de lojistas nacionais, a gigante de Singapura tem se esforçado para se livrar do rótulo de vendedora de artigos asiáticos, e para isso apresenta números robustos.
- Diz que 87% das suas vendas são feitas pelos vendedores brasileiros, enquanto os 13% restantes são importados.
- Foi o app de compras mais baixado do país no ano passado, com mais de 100 milhões de downloads, segundo dados da EmizenTech.
- A ofensiva vem em um momento em que a Receita Federal prepara uma MP (medida provisória) para impedir que empresas de fora vendam mercadorias para brasileiros sem pagar os devidos impostos.
UE x Apple
A UE (União Europeia) acusa a Apple de restringir o acesso de rivais à tecnologia de pagamentos sem contato em seus dispositivos, privilegiando apenas o sistema Apple Pay.
A prática seria uma violação da lei de concorrência do bloco, disseram os investigadores.
Entenda: a UE disse ter indícios de que a Apple não libera o acesso à tecnologia NFC para o iOS para que desenvolvedores de carteiras móveis possam criar soluções rivais ao Apple Pay. A empresa poderá ser multada em até 10% do seu faturamento global.
- A companhia mais valiosa do mundo afirma que o Apple Pay é uma das muitas opções disponíveis para os consumidores europeus fazerem pagamentos e que garantiu igual acesso ao NFC enquanto definiu padrões para privacidade e segurança.
Por que importa: esse é mais um episódio do duelo entre a UE e as big techs, numa briga que deve render muito pela frente. Recentemente, os membros do bloco chegaram a um acordo que abre caminho para uma ampla regulação sobre a atividade das grandes companhias de tecnologia.
- As novas regras estão previstas para começar a valer em janeiro de 2023 e foram classificadas como históricas pelo Parlamento Europeu.
Não é só a Apple: o Google entrou com um recurso nesta segunda para se livrar de pagar uma multa de 1,49 bilhão de euros (R$ 8,4 bilhões) imposta pela UE em 2019.
- A empresa foi acusada de prejudicar rivais na sua ferramenta de buscas. O caso é um dos três que resultaram em um total de 8,25 bilhões de euros (R$ 43,62 bilhões) em multas antitruste da UE contra a companhia.
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