Guedes diz que estará em eventual 2º mandato de Bolsonaro se centro-direita mantiver força

Ministro volta a defender privatização da Petrobras e sugere criar imposto digital

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Brasília e São Paulo | Reuters

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (19) que fará parte de eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele seja reeleito, se a aliança política de centro-direita mantiver força.

"Se essa coalizão [de centro-direita], que é o caminho da prosperidade, seguir, é natural que eu apoie, ajude e esteja lá", disse, ao avaliar que esse grupo político vem se fortalecendo e ampliando O viés reformista.

Em evento promovido por Arko Advice e Traders Club, Guedes ainda voltou a defender um corte de encargos trabalhistas para dinamizar a economia, apoiando também a privatização da Petrobras.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na abertura da Feira de Alimentos e Bebidas das Américas promovido pela APAS (Associação Paulista de aSupermercados) no Expo Center Norte (SP) - Rubens Cavallari - 16.mai.2022/Folhapress

"Hoje falta petróleo, não é? Quem sabe se privatizar a Petrobras vai ter petróleo, todo mundo vai entrar [nesse mercado]", afirmou.

Minirreforma do Imposto de Renda neste ano

Na apresentação, Guedes disse ser possível aprovar ainda neste ano uma minirreforma do Imposto de Renda, justificando que um grupo político tem interesse em cortar impostos de empresas e outro grupo importante quer um programa de Refis (refinanciamento de dívidas tributárias).

De acordo com o ministro, a proposta de menor porte poderia incluir uma taxação de 10% sobre a distribuição de lucros e dividendos. O texto aprovado pela Câmara no ano passado prevê uma alíquota de 15% —o governo havia proposto 20% inicialmente.

A proposta teria ainda, segundo ele, um Refis e um corte de tributos sobre empresas em menor proporção do que o planejado pelo governo anteriormente, dos atuais 34% para cerca de 28%. O texto aprovado pela Câmara e que travou no Senado levaria a tributação para 26%

Durante o evento, o ministro também criticou a mobilização de empresários brasileiros para barrar a tributação sobre dividendos.

"O que os empresários, nossos amigos, fizeram? Pegaram os aviõezinhos, os jatinhos, pararam em Brasília e travaram a coisa no Senado. Eu não achei um ato inteligente", afirmou.

Segundo Guedes, a proposta era baixar o imposto corporativo e tributar os lucros e dividendos —medida que ele disse ser necessária para entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

O ministro ainda sugeriu que, se o ex-presidente Lula vencer as próximas eleições, o imposto pode ser ainda maior do que os 10% ou 15% propostos.

"Se o outro lado ganha, é 30%. Se a gente ganhar, vou botar 20%", disse, em tom de ironia. "Eu não vou fazer isso nunca, porque nós vamos baixar impostos e fazer a coisa sempre mais moderada possível, mas dá vontade. Não foi um ato inteligente", acrescentou.

Guedes sugere criar imposto digital para combater 'camelódromo virtual'

Durante o evento, Rafael Ferri, sócio da TC —empresa que colocou uma estátua de Paulo Guedes como um mandaloriano em sua sede— questionou o ministro sobre propostas para enfrentar o que chamou de "camelódromo virtual".

Estátua do ministro Paulo Guedes na sede do TC
Estátua do ministro Paulo Guedes como mandaloriano na sede do TC - albuquerque_af no Twiiter

Segundo o executivo, produtos chineses passam constantemente pela alfândega com notas fiscais falsas, deixando de pagar impostos e gerando uma competição desleal com o varejo brasileiro.

Guedes afirmou que há uma invasão maciça desses produtos no Brasil, com algumas transações feitas em bitcoin para não gerar rastro. Para evitar fraudes, o ministro sugeriu a criação de um imposto digital.

"Os abusos que sejam cometidos e as transações que sejam feitas —sejam em bitcoin ou outra coisa—, vai aparecer o 'digitax' ai já já para equalizar o jogo", afirmou.

Guedes aproveitou para ironizar o modelo socialista chinês e disse que o país, na verdade, é um capitalista selvagem.

"Dizia o Roberto Campos que o contrabandista é alguém que bota sua própria vida em risco pela defesa dos seus ideais [risos]. Quer dizer: o cara quer fazer comércio livre mesmo, passa por baixo da Receita Federal, atravessa a aduana, não paga encargo trabalhista, não tem salário mínimo. Então, o chinês na verdade é um capitalismo selvagem, do século 18."

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