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Inflação desacelera, mas ainda assusta
A inflação no Brasil chegou a 1,06% em abril, atingindo 12,13% no acumulado de 12 meses, o maior patamar desde outubro de 2003. Para o mês, é a maior alta desde 1996.
Os dados foram divulgados nesta quarta (11) pelo IBGE.
Em números: o resultado veio próximo da expectativa do mercado, que esperava avanço de 1,01%. Foi uma desaceleração em relação a março, quando o IPCA surpreendeu e disparou 1,62%.
Quatro pontos para entender a inflação de abril:
1 - A maior alta foi do grupo alimentação e bebidas (2,06%), puxada pela elevação dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%).
- Nesse item, o preço da batata-inglesa foi o que mais acelerou em abril, com alta de 18,28%. Morango (17,66%) e maracujá (15,99%) vêm na sequência.
2 - O segundo maior avanço para o mês foi registrado por transportes (1,91%), grupo que vem pressionando a inflação nos últimos meses. Destaque para a gasolina (2,48%), produto com maior impacto no índice do mês (0,17 p.p.).
3 - A maior contribuição para a desaceleração do IPCA em relação a março veio do grupo habitação (-1,14%), com destaque para a queda nos preços da energia elétrica (-6,27%).
- Com os reservatórios das hidrelétricas em melhores condições, o governo antecipou para o dia 16 de abril o fim da taxa extra na conta de luz.
4 - Outro número que preocupa bastante os analistas é a difusão de 78,25% no IPCA de abril. Isso significa que a alta de preços está bastante espalhada pelos setores e torna a inflação mais persistente e difícil de controlar.
Lá fora: a inflação ao consumidor americano desacelerou bastante em abril, para 0,3% ante alta de 1,2% em março, mas não foi suficiente para aliviar as preocupações do mercado.
Mais sobre inflação:
- Brasil tem a terceira maior inflação ao consumidor das Américas.
- Brasileiro adere ao 'consumo ampulheta' para driblar alta dos preços.
- O choque global de estagflação de 2022: quão ruim pode ficar?
Gol e Avianca criam holding
A brasileira Gol e a colombiana Avianca anunciaram nesta quarta a criação de uma holding que irá reunir as operações das duas companhias aéreas.
Com o nome de Abra, ela também terá participação nas marcas Viva (Colômbia) e Sky (Chile). Todas essas aéreas são de baixo custo.
Entenda: o acordo não é de uma fusão, ou seja, as empresas seguirão atuando de maneira independente, mas terão o mesmo controlador.
O negócio: o objetivo das companhias é reduzir custos ao concentrar em um mesmo grupo a compra de insumos importantes para a operação. O principal deles é o querosene de aviação, que disparou neste ano junto com as cotações do petróleo.
- A nova holding também vai multiplicar o número de rotas entre países da América Latina, e seus clientes poderão usar os diferentes programas de milhagens das companhias.
- O fundo americano Elliot prometeu investir até US$ 350 milhões (R$ 1,8 bilhão) na holding, num sinal ao mercado de confiança no negócio.
Por que importa: esse acordo é mais um envolvendo o período de consolidação dos negócios das aéreas após os prejuízos causados pela pandemia.
- Tanto Avianca quanto Gol acertaram outros negócios recentemente. A colombiana anunciou fusão com a Viva Air, e a brasileira vendeu uma participação de 5,2% para a American Airlines.
Nubank no mundo cripto
Enquanto as cotações das criptomoedas derretem com o sentimento global de aversão ao risco, o Nubank viu uma oportunidade para começar a investir nesse mercado.
A fintech disse nesta quarta que alocou cerca de 1% do capital da controladora Nu Holdings em bitcoins.
O que explica: o banco digital aproveitou para anunciar que agora oferece aos clientes a possibilidade de investir em bitcoin e ether –as duas maiores criptos do mundo– por meio de sua plataforma.
- Com investimentos a partir de R$ 1, a opção passou a ser oferecida a alguns clientes nesta quarta e deve chegar para toda a base até junho.
Déjà vu: o movimento do Nubank é bem parecido ao feito pelo Mercado Livre em dezembro, quando liberou aos clientes operações com criptos. A varejista também investe em bitcoins.
- O negócio das duas gigantes da América Latina tem a plataforma de infraestrutura de blockchain Paxos como parceira. Em janeiro, o Mercado Livre comprou uma fatia da startup.
Queda livre: os papéis do Nubank seguem sofrendo mais que a média das empresas de tecnologia e nesta quarta desabaram 14% na Bolsa de Nova York.
- As ações acumulam queda de cerca de 60% desde o IPO. A fintech recua diante da expectativa do mercado de que seus resultados devem sentir o avanço na inadimplência como reflexo da alta dos juros no Brasil.
Mais sobre criptos:
Entenda como o tombo das cotações da stablecoin Luna gerou um alerta para esse tipo de ativo que é indexado a moedas fortes, como o dólar.
Fintech de energia solar capta meio bilhão
A fintech de financiamento de sistemas de energia solar Solfácil anunciou nesta quarta que recebeu um aporte de US$ 100 milhões (R$ 512 milhões).
O investimento foi liderado pelo fundo de venture capital QED Investors, com participação de SoftBank, VEF e Valor Capital. A startup não informou em quanto foi avaliada.
A empresa: fundada em 2018, oferece financiamento de painéis solares aos clientes e também é um elo entre vendedores, instaladores e consumidores.
- A ideia é que o cliente use o dinheiro que ele economiza na conta de luz para abater do financiamento para a compra e instalação dos painéis solares.
- A Solfácil afirma que vem crescendo oito vezes ao ano e financiou mais de R$ 1,2 bilhão para instalar cerca de 15 mil equipamentos de energia solar.
Bolso fundo: a Folha mostrou em fevereiro que o investimento, porém, é alto e tende a valer mais a pena no curto prazo para quem gasta mais.
Para onde vai o dinheiro: a Solfácil quer usar a grana para ampliar a oferta de financiamento, expandir seu marketplace e investir em tecnologia. O objetivo até o fim do ano é ousado: superar os rivais BV e Santander Brasil e se tornar a líder do setor no país.
Mais sobre negócios de startups:
A fintech britânica Ebury anunciou nesta quarta a compra do brasileiro Bexs, que funciona como uma corretora e um banco de câmbio. Os valores não foram revelados.
- O Bexs atua na conversão dos valores de produtos importados no ecommerce nacional e também no processamento de micropagamentos de redes sociais para usuários brasileiros.
- Americanas, TikTok e Ebanx (que processa pagamentos para Spotify e AliExpress) são alguns de seus clientes.
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