Descrição de chapéu inflação Dia dos Namorados

Amor deve vencer a inflação no Dia dos Namorados

Casais criam formas de driblar alta de preços, enquanto restaurantes esperam faturar 30% mais

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São Paulo

Iago Brigato, 24, e Beatriz Alexandre, 21, não são "Eduardo e Mônica", mas, assim como o casal eternizado na música da banda Legião Urbana, vão se encontrar no Parque da Cidade, na capital federal. Promover um piquenique à beira do lago foi o jeito que eles encontraram para driblar a inflação de 11,73% acumulada nos últimos 12 meses, que ameaçou a celebração do Dia dos Namorados, neste domingo (12).

"Está tudo tão caro que as opções são poucas", diz Brigato, estudante de relações internacionais, que trabalha como auxiliar administrativo. "Pensamos em fazer um piquenique, porque um restaurante está muito caro."

Casal sentado à beira de um lago, com dois cisnes nadando perto
Para Iago Brigato e Bia Alexandre, o amor venceu a inflação no Dia dos Namorados: o jantar fora deu lugar a um piquenique no parque - Gabriela Bilo /Folhapress

Em capitais como Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), um menu completo no jantar do Dia dos Namorados pode sair por R$ 200 por pessoa. Nada animador para Iago e Beatriz.

"O que for na cesta do piquenique vai depender muito dos preços no supermercado. Concordamos que não precisamos de presentes. Só da companhia um do outro basta", diz ele, que ganha cerca de um salário mínimo (R$ 1.212 em 2022).

Beatriz, que também estuda relações internacionais, acaba de sair de um estágio e busca uma vaga no mercado. "Hoje em dia, parece que o dinheiro não vale tanto quanto ele valia. Está muito apertado, não dá para fazer algo mais elaborado. A inflação é a culpada por cortar muitos dos nossos planos, mas não vamos deixar de comemorar."

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) torce para que casais como Iago e Beatriz sejam exceção. "A melhor data do ano para o setor é o Dia dos Namorados, porque os casais começam a consumir desde o café da manhã, passando pelo almoço, o jantar e até o consumo no restaurante do motel", diz Paulo Solmucci Jr., presidente da Abrasel.

A expectativa para este ano é de um aumento de 30% nas vendas em relação ao ano passado –em praças como São Paulo o otimismo é ainda maior, alta de 50%. "Neste ano estamos sem restrições e o serviço está completo, com as casas com o quadro de profissionais cheio", diz Solmucci.

Os bares e restaurantes demitiram cerca de 1,3 milhão de trabalhadores na pandemia, mas já contrataram 1 milhão. "Muitos estabelecimentos automatizaram alguns processos ou se tornaram mais produtivos", afirma.

Além disso, diz o executivo, os restaurantes repassaram apenas 6% da inflação para os preços, justamente para não afugentar a clientela. "Cerca de 28% dos estabelecimentos em todo o país estão trabalhando no prejuízo", afirma Solmucci. "Estão fazendo ginástica com o cardápio."

A Abrasel estima um faturamento de R$ 400 bilhões para este ano, com crescimento real entre 3% e 5% sobre o ano passado.

Roupas e jantares são os principais presentes

Roupas e jantares aparecem como principais opções de compras para o Dia dos Namorados em uma pesquisa da Spot Metrics, startup de inteligência de dados para o varejo físico, em parceria com a 121 Labs. Segundo o levantamento, feito online com 400 pessoas das classes A, B e C em nível nacional, 71% dos consumidores vão fazer compras na data –15% deles para si mesmos, só para aproveitar as promoções. Roupas (21%) e jantares (19%) encabeçam a lista.

"Os namorados querem vivenciar este ano experiências que não tiveram nos dois últimos anos, por conta da pandemia", diz Raphael Carvalho, CEO da Spot. "Querem procurar algo bacana para presentear, mas a inflação acaba limitando um pouco esta busca."

De acordo com a pesquisa, 72% pretendem gastar no máximo R$ 300 em presentes ou comemorações. Entre os apaixonados, 50% vão em busca de preços baixos e promoções, enquanto 44% vão privilegiar a qualidade ou a marca na hora de escolher o presente.

A universitária Karlla Moura, 21, de Brasília, queria muito dar uma roupa de presente para o namorado Lucas, 23. "Este ano está impossível dar presente", diz ela, que ganha um salário mínimo como assistente administrativa, assim como o namorado. O casal decidiu controlar as despesas no cartão, desde o mês passado, para fazer uma comemoração especial na casa dele.

"Vou preparar a decoração, e ele, o jantar. Vai ter massa, fondue e vinho. Vamos ficar na laje da casa dele, de onde dá para ver as estrelas", afirma.

Uma outra pesquisa, da agência de marketing digital All In, apontou que o número de interessados em dar presentes neste Dia dos Namorados em 2022 atingiu 61% (contra 53% no ano passado). Mas além do amor, os preços também cresceram: a principal intenção de gastos em 2021 era de R$ 51 a R$ 100 (opção de 31%). Mas, neste ano, a faixa preferida passou a ser de R$ 101 a R$ 200 (opção de 26%), por conta do aumento dos presentes.

Natália Manzano, 36, de Marília (SP), também decidiu improvisar para viver um clima de romance econômico neste Dia dos Namorados. "Os presentes estão bem caros e as reservas de restaurantes estão um absurdo. Depois de dois anos de namoro, decidimos este ano não dar presente um ao outro", afirma a administradora de empresas.

Natália e o namorado vão acampar. "Gostamos de natureza, curtimos fogueira, um violão, um vinho. O que importa é ficar juntinhos, vamos fazer uma noite diferente, melhor do que só sair para jantar."

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